(Fonte da imagem: Reprodução/Flickr de raincoaster)
Tenha você começado a usar o computador há pouco tempo ou já sendo um verdadeiro veterano desse mundo, com toda a certeza você já leu e ouviu várias vezes a palavra “hacker”. Essas figuras cercadas de mistérios, surgidas na longínqua década de 1960, até pouco tempo atrás eram associadas exclusivamente com o crime e era raro encontrar quem as defendesse.
Porém, mais recentemente, parece que houve uma grande inversão nessa situação. Basta verificar as notícias relacionadas ao Anonymous e ao LulzSec publicadas pelo Tecmundo para ver que, atualmente, não só as atividades desses indivíduos são vistas com bons olhos, como para muitos eles se transformaram em verdadeiros heróis da internet.
Hackers são “do bem” ou “do mal”?
Falar que hackers são “bons” ou “maus” é reduzir a uma visão muito estrita as atividades de um grupo muito amplo de pessoas. Caso eles não existissem, a história da computação poderia ser bastante diferente: nomes como Bill Gates e Steve Jobs, normalmente associados a corporações sisudas, iniciaram sua carreira modificando aparelhos construídos por outras empresas, algo considerado ilegal na época — entre os resultados desse tipo de atividade, está o computador pessoal como o conhecemos atualmente.
(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Porém, não é possível esquecer que existe o lado assustador da história. Muitos hackers utilizam seu conhecimento para obter informações sigilosas que são usadas em proveito próprio ou simplesmente se divertem prejudicando o trabalho dos outros. Para evitar confusões, é preferível usar o termo “cracker” ao se referir a esse tipo de pessoa em específico.
O “hacktivismo”
Embora não seja possível apontar com exatidão o momento em que a noção de hackers como heróis da internet passou a ser a mais aceita, é fácil entender os principais responsáveis pela mudança. O LulzSec e o Anonymous são os principais responsáveis pelo que ficou conhecido como “hacktivismo”, palavra que designa invasões feitas como forma de protestar contra uma situação ou que tenham como objetivo expor informações sigilosas sobre corporações que prejudicam a população em geral.
(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Vale notar que esse conceito não surgiu ao mesmo tempo em que os grupos (no caso do Anonymous, diversas facções reunidas por uma ideia em comum). Inicialmente, as ações perpetuadas por ambos nada tinham a ver com ideologias ou liberdade.
O Anonymous, por exemplo, era conhecido por invadir servidores do jogo Habbo Hotel, enchendo a tela com xingamentos (alguns deles de cunho racista) e memes surgidos nas profundezas do 4Chan. O LulzSec também teve sua dose de “brincadeiras”, chegando a publicar no site neozelandês da PBS a notícia de que o cantor Tupac Shakur estava vivo.
(Fonte da imagem: Reprodução/Wikileaks)
Conforme o tempo passou, pôde-se perceber um “amadurecimento” dos hackers, que passaram a apoiar a luta de sites como o Wikileaks. Além disso, casos como a Operação Darknet ajudaram a tirar do ar páginas dedicadas à pornografia infantil, identificando tanto seus administradores quanto aqueles que acessavam o conteúdo ilegal.
O poder das redes sociais
Um dos fatores que mais contribuiu para a popularidade e aceitação do “hacktivismo” é a existências das redes sociais. Além de servir como um canal seguro para a divulgação de informações relacionadas aos ataques realizados (ou que estão sendo planejados), sites como o Twitter permitem que os hackers vejam em tempo real qual a opinião do público sobre suas atividades.
(Fonte da imagem: Reprodução/Twitter)
Através da adoção de discursos que pregam a liberdade individual e defendem o poder do cidadão comum contra as grandes corporações, esses indivíduos conseguiram um grande apoio popular. Prova disso é que, hoje, praticamente qualquer atividade realizada pelo Anonymous é divulgada por centenas (e até mesmo milhares) de pessoas.
De certa forma, é até mesmo possível afirmar que essa grande publicidade teve certa influência nos alvos das invasões. Afinal, enquanto derrubar um site pertencente a uma instituição de caridade geraria pouco apoio, é difícil encontrar alguém que tenha uma opinião muito boa sobre os sites do Congresso brasileiro ou nutra muita simpatia pelas instituições bancárias do país.
Eu corro algum risco?
O aumento do número e da abrangência das atividades do Anonymous geram preocupações em muitas pessoas. Afinal, se sites de grandes empresas de segurança são acessados com tremenda facilidade, qual a chance que um cidadão comum pode ter contra pessoas desse tipo?
O fato é que, mais do que se preocupar com os grupos populares da internet, é preciso ficar atento para não cair na rede de crackers que atuam de forma silenciosa. Ao contrário do que acontecia durante a década de 1990, esse tipo de criminoso não perde mais tempo invadindo sites localizados em serviços de hospedagem gratuitos.
(Fonte da imagem: ThinkStock)
Atualmente, é muito mais comum que eles convençam você mesmo a abrir as portas do seu computador para obter as suas informações pessoais. Além do famoso phishing (prática que faz cópias idênticas de sites famosos), os crackers modernos são os responsáveis por enviar as famigeradas mensagens falsas que povoam as caixas de spam (aliás, as fotos da festa ficaram ótimas) e por explorar brechas de segurança que fazem com que milhões de computadores sejam infectados por malwares.
Claro, não podemos deixar de lado os efeitos colaterais que algumas das atividades do Anonymous e LulzSec geraram. Quem tem uma conta da PlayStation Network sabe que não foi nada agradável ter que mudar de senha e aguardar um longo tempo enquanto a Sony corrigia as brechas de segurança exploradas pelos hackers durante o ataque massivo à rede ocorrido em 2011.
O que mudou com o “hacktivismo”?
Até o momento, é muito difícil afirmar com convicção que as atividades de hackers como aqueles que apoiam a ideia do Anonymous surtiram grandes consequências em nossa vida diária. Embora alguns executivos tenham perdido o trabalho, é difícil ver mudanças concretas na maneira como grandes corporações atuam, e ainda estamos longe de obter a liberdade tão prometida pelos hackers.
(Fonte da imagem: Reprodução/Flickr de nickstone333)
Porém, seria um erro dizer que tudo permanece igual. Cada vez mais empresas começam a revisar seus sistemas de segurança, e é difícil encontrar quem se sinta realmente seguro contra um ataque hacker. Além disso, as atividades do “hacktivismo” foram muito importantes para evitar que leis como o SOPA fossem aprovadas e para que eventos como o Occupy Wall Street tivessem grande repercussão.
Ao que tudo indica, os verdadeiros resultados só vão poder ser analisados dentro de alguns anos. Até lá, prepare-se para ver várias notícias envolvendo nomes como o Wikileaks, Anonymous, LulzSec e os outros grupos que devem surgir no futuro.
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