Olha Universo adentro é sempre uma viagem no tempo — de frações de segundo até milhões e bilhões de anos, considerando-se o tempo que a luz demora a chegar até os nossos olhos e/ou telescópios de ponta. No caso da galáxia EGS-zs8-1, a nova recordista em distância da Terra, os astrônomos conseguiram um vislumbre do Universo tal como ele se configurava há 13 bilhões de anos.
A descoberta foi feita por uma equipe de professores da Universidade de Yale e da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, após observações efetuadas por meio dos telescópios Hubble e Spitzer. Conforme reforçam os responsáveis em estudo recentemente publicado, os dados levantados na observação permitem estudar o comportamento do cosmos após não muito mais do que 670 milhões de anos após a sua formação — 5% da sua idade atual, conforme se estima.
“O EGS-zs8-1 já tinha naquela época mais de 15% da massa atual da nossa Via Láctea”, comentou o professor de Yale Pascal Oesch em nota oficial. “Entretanto, ele tinha apenas 670 milhões de anos então — um universo ainda muito jovem.”
Combustível para novos estudos
Conforme estudo publicado pela equipe no Journal Letterspublished no dia 5 de maio, a EGS-zs8-1 foi observada pela primeira vez pelas lentes do Telescópio Espacial Hubble. Posteriormente, viria a confirmação dos equipamentos MOSFIRE localizados no W. M. Keck Observatory, com seu telescópio de 10 metros — embora a visualização não tenha sido muito difícil, considerando-se que se trata de um dos objetos mais brilhantes do Universo primitivo.
Entretanto, além de bater o recorde de distância, a nova-velha galáxia descoberta também deve ajudar os pesquisadores a compreender os primeiros estágios e desenvolvimento cosmológico, sobretudo quando o aguardado Telescópio Espacial James Webb foi colocado em atividade em 2018.
Modelo em escala real do Telescópio Espacial James Webb, a ser colocado em atividade em 2018.
“As nossas observações atuais indicam que será bastante fácil medir com precisão as distâncias até essas galáxias com Telescópio Espacial James Webb”, afirmou o coautor do estudo, Garth Illingworth, em nota oficial. “Os resultados das medidas futuras do JWST proverão uma imagem completa da formação das galáxias durante a alvorada cósmica”. Ademais, a própria existência da EGS-zs8-1 provou ainda que existiam grandes galáxias mesmo nos primórdios do cosmos.
Formação de estrelas até 80 vezes mais rápida
Entre as hipóteses que devem exploradas após o lançamento do Telescópio Espacial James Webb encontra-se a de que, há 13 bilhões de anos — época trazida até nós pelas imagens da EGS-zs8-1 —, a formação de novas estrelas ocorria muito mais rapidamente do que nas galáxias atuais. Para os pesquisadores, as galáxias primitivas podiam gerar novos astros com velocidade até 80 vezes maior.
Conforme questões levantadas já pelas primeiras observações da EGS-zs8-1, tal diferença se deve às propriedades físicas bastante diferentes daquelas primeiras galáxias pós-Big Bang. Atualmente, os astrônomos possuem evidências fortes de que as cores peculiares vistas em galáxias primitivas se devem a formações rápidas e constantes de novas estrelas — evento tornado possível por meio da interação com o “gás primordial” que permeava aquelas formações.
Formação de estrelas na região denominada de S106
“Uma das descobertas mais dramáticas do Hubble e do Spitzer nos últimos anos foi o número inesperado dessas galáxias incrivelmente brilhantes, justamente no período em que as primeiras galáxias se formaram”, destacou Illingworth. Entretanto, ele reconhece: “Nós ainda não entendemos completamente como elas se relacionam com o grande número de galáxias menores.” Pois é. Que venha 2018.
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