Apesar de mapearmos cada vez mais regiões do Universo, observar estrelas distantes não é exatamente a tarefa mais fácil do mundo, mesmo com equipamentos de ponta e avanços frequentes no setor de astronomia. Isso acontece porque os elementos que formam a atmosfera da Terra acabam borrando as imagens captadas pelos telescópios instalados em solo – por mais poderosos que eles sejam.
A principal técnica usada para contornar esse problema é a projeção de lasers que criam “estrelas-guia” que atravessam a camada de proteção do planeta e limpam uma parte considerável do campo de visão. Com isso em mente, os astrônomos parecem ter criado recentemente o mais potente desses astros artificiais, utilizando quatro feixes de luz – cada um com 29,9 centímetros de largura e 22 watts de potência – para focar um único ponto do céu.
Disparo simultâneo de lasers ajuda a calibrar equipamentos de observação.
O novo brinquedinho desenvolvido pelos pesquisadores do Observatório Europeu do Sul (OES), no Chile, está em fase de testes desde setembro do ano passado e responde pelo nome de Four Laser Guide Star Facility (4LGSF) – algo como Instalação de Estrela-Guia de Quatro Lasers. De acordo com um comunicado da equipe local, o dispositivo dispara o quarteto laser simultaneamente, fazendo com que os átomos de sódio na atmosfera brilhem e simulem a atuação de uma estrela real.
Para que serve esse procedimento? Bem, basicamente para ajudar os astrônomos a calibrar seus equipamentos, usando a luz da estrela-guia para corrigir anomalias na captação de imagens e melhorar consideravelmente a nitidez do material “clicado” no espaço. Sem uma estratégia de compensação dos instrumentos como essa, os arquivos armazenados pelos observatórios chegam a ficar tão embaçados que muitas vezes são considerados efetivamente impróprios para fins científicos.
Tecnologia a favor da ciência
Esse sistema de estrela-guia – também chamado de óptica ativa – foi idealizado na década de 1950, mas, devido à falta de tecnologia para a produção dos equipamentos necessários para a empreitada, só foi aplicado nos anos 1990. Com a evolução periódica da técnica e o auxílio de computadores cada vez mais poderosos para analisar a composição da atmosfera e direcionar adequadamente os lasers, a obtenção de imagens mais cristalinas do Universo foi se tornando realidade.
Os telescópios chilenos, por exemplo, poderão estudar planetas e estrelas mais distantes e desvendar alguns dos mistérios a respeito da imensidão do espaço
Com o Four Laser Guide Star Facility, a expectativa é que a qualidade do material captado fique ainda mais alta, chegando a um novo patamar. Usando sua luz intensa como guia, os telescópios chilenos, por exemplo, poderão estudar planetas e estrelas mais distantes e desvendar alguns dos mistérios a respeito da imensidão do espaço.
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