Apesar das medidas do governo dos EUA, o legado da Liberator — a primeira arma produzida por impressora 3D — não deve desaparecer assim tão cedo. De fato, o canadense conhecido apenas como Matthew já havia demonstrado o seu “Grizzly” há algum tempo. Entretanto, a nova versão do rifle se parece muito mais com uma arma efetiva, já que a primeira tentativa rachava com apenas um único disparo.
Também fabricado em ABS — material termoplástico rígido utilizado amplamente pela indústria da construção civil —, o novo modelo é capaz de disparar até 14 tiros antes de se tornar inutilizável. A munição utilizada foi a mesma dos rifles Winchester, arma bastante popular nos EUA.
“O desenho do Grizzly é original, embora eu tenha me inspirado em partes da Liberator”, disse Matthew em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “Eu modifiquei algumas partes para que o Grizzly ficasse mais parecido com uma arma convencional.” Ele pretende agora desenhar e imprimir um rifle semiautomático e, posteriormente, também uma metralhadora.
Como detectar armas de plástico?
Embora em alguns países, como nos EUA, seja permitido aos cidadãos fabricar e distribuir armas — desde que com as devidas licenças —, a impressão 3D de armamentos tem causado polêmica, sobretudo por conta da dificuldade de se detectarem armas que não utilizam metal em sua confecção. De fato, boa parte das tentativas envolvendo criações semelhantes à Liberator e ao Grizzly utiliza de materiais termoplásticos.
Em outras palavras, isso significa que qualquer cidadão poderia fabricar uma arma de fogo no conforto da sua casa; basta baixar um dos vários projetos disponibilizados na internet e botar a impressora para funcionar. O próprio Matthew disse que liberará os arquivos necessários para a fabricação do Grizzly a quem estiver interessado — acrescentando que não possui qualquer receio em relação a possíveis utilizações ilegais.
Matthew: rifles semiautomáticos e metralhadoras nos planos futuros. (Fonte da imagem: Reprodução/YouTube)
“Há opções muito melhores caso uma pessoa queira cometer um crime”, disse o rapaz à referida publicação. “Armas ilegais não são difíceis de achar e nem de comprar.” Vale lembrar, entretanto, que os arquivos da Liberator foram baixados por 100 mil pessoas em apenas três dias — quando então foram tirados do ar por determinação do Departamento de Estado dos EUA, que considerou uma violação da lei de importação e exportação de armas de fogo no país.
É melhor pensar duas vezes
Quando questionado pelo jornal Folha de S. Paulo em relação à possível distribuição dos arquivos do Grizzly para outros países, “Matt” mostrou-se despreocupado. “Tudo bem imprimir o fuzil em qualquer país do mundo, desde que as pessoas sigam a legislação local.”
Para quem estiver considerando a empreitada, entretanto, vale lembrar que, em território tupiniquim, confeccionar armas de fogo em impressoras 3D pode trazer uma pena de quatro a oito anos de prisão, além de uma multa.
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