Fazer previsões é sempre divertido. Tentamos adivinhar o futuro com base em experiências presentes e em nossos próprios interesses e vontades. Na indústria da tecnologia, também funciona assim: analisando-se lançamentos atuais – e contando com uma boa e velha bola de cristal, claro –, é possível traçar uma tentativa de rumo para o futuro de uma empresa.
O resultado é imprevisível. No passado, quem imaginaria que a IBM só atuaria nos bastidores e não seria mais referência? Há alguns anos, quase toda a indústria achava que a Apple lançaria um televisor próprio, enquanto atualmente nem se fala mais disso. Já aqueles meninos que inventaram um mecanismo de busca na internet hoje formam a gigante Google.
No caso da Apple, isso é ainda mais divertido: a empresa parece migrar para novos mercados a cada ano que passa e, quando parece que perdeu a inovação, aparecem com as boas e velhas surpresas. Em um exercício tanto de criatividade quanto de análise, o TecMundo reuniu alguns rumores da indústria, analisou patentes registradas e deu asas à imaginação. Afinal, como estará a Maçã lá por 2025?
Sobre quatro rodas (e muita tecnologia)
Os rumores não param de indicar que a Apple está disposta a entrar na indústria automotiva com um carro construído "do zero", possivelmente em parceria com alguma montadora. O ano de 2020 foi estipulado para o lançamento, mas imprevistos e obstáculos podem facilmente atrasar o veículo.
O carro deve mesmo ser elétrico (e também até autônomo, se duvidar) e contar com uma versão bem atualizada do CarPlay — muito provavelmente com a assistente pessoal Siri em uma versão especial para veículos e extremamente evoluída, o mais parecido possível com o filme “Ela”. Em um setor com tantas incertezas, só podemos afirmar uma coisa: se a Apple quer entrar de cabeça nessa área, é porque planeja fazer algo realmente especial.
O interior de um carro da Tesla Motors
A concorrência também é uma questão de debate. A Apple pode bater de frente com a gigante General Motors, a Tesla Motors e outras montadoras ou aliar-se a uma delas, o que iria de encontro ao que ela costuma fazer (ou seja, lançar produtos próprios ou adquirir quem faça para eles).
Tesla: uma companhia Apple. Será?
Por isso, não podemos descartar uma jogada ainda mais arriscada: uma possível compra da Tesla Motors. Elon Musk não parece disposto a se desfazer da companhia em curto prazo, mas nada impede uma oferta irrecusável por parte do CEO Tim Cook. Os acionistas da Apple já pressionaram o executivo pedindo a aquisição – sem contar a dança das cadeiras que fez vários engenheiros deixarem a montadora para trabalharem no tal veículo da Maçã. O negócio faria muito sentido: a Tesla é uma companhia moderna, visionária e inovadora, com valores alinhados aos da Apple.
MacBook: evoluir devagar, mas sem parar
O mais recente MacBook da Apple traz uma espessura que parece inacreditável, coisa do futuro. Ainda assim, o laptop da empresa ainda pode evoluir mais — e, nos próximos dez anos, outras inovações devem surgir.
Como a ideia é deixá-lo cada vez mais minimalista, podemos esperar o uso de um teclado virtual ou táctil. No caso do virtual, você poderia digitar o que quisesse em uma superfície como uma mesa ou em pleno ar, já que as teclas seriam "projetadas". Algo parecido foi exibido pela Intel durante a CES 2015. Na segunda hipótese, uma patente já registrada pela empresa: no lugar do periférico tradicional, uma chapa metálica que lembra o trackpad e não só responde aos seus comandos mas usa a tecnologia háptica para criar a ilusão de que você realmente está pressionando alguma coisa.
A ideia é sempre colocar mais potência na máquina e deixá-la cada vez mais fina e portátil — sem deixar de lado as tecnologias novas, como o USB Type-C. O atual MacBook deve durar mais alguns anos, é verdade, mas não custa nada já sonhar com o sucessor.
Apple Watch: qual o rumo?
Com o lançamento do primeiro Apple Watch sendo finalmente confirmado para abril, podemos esperar ao menos três ou quatro novas gerações do relógio inteligente para daqui a dez anos — caso ele seja bem-sucedido, claro.
O aparelho será tão dedicado à saúde que um laboratório secreto somente para avaliar exercícios físicos foi montado pela empresa. Por isso, o relógio deve ganhar ao longo dos anos uma série de novos sensores, transformando-se em uma plataforma completa de diagnóstico e controle médico. Até quem não é tão preocupado assim com atividades físicas ganhará um controle completo de calorias gastas ou quilos a mais. A criatividade no design também não deve ser descartada, mas fica uma dúvida: como inovar o visual tão tradicional de um relógio de pulso?
Beats e iTunes: o que vem aí?
A aquisição da Beatsainda não teve um impacto tão direto nos negócios da Apple, mas os próximos anos podem ser reservados para algumas novidades na área da música. A empresa tem várias patentes registradas sobre audição – e a saúde deve ser um novo mercado explorado pela empresa nos próximos anos. Uma das ideias é um sensor que atua pelos fones, medindo temperatura corporal, batimentos cardíacos e outros dados. Fones que reconhecem a voz do dono e regulam o volume das mídias automaticamente, além de cancelarem o ruído externo, também são ideias possíveis.
O iTunes é outro caso a ser discutido: a loja de mídias é extremamente bem-sucedida financeiramente e virou chance de sobrevivência da indústria fonográfica. Porém, os tempos são outros e mudanças são inevitáveis: o streaming parece hoje ser o serviço mais popular e a Apple não surpreenderia ao lançar uma ferramenta por assinatura que disponibilizasse vários conteúdos – se duvidar, até produções originais, como fazem Netflix e Amazon.
O iPod vai durar muito mais?
Quanto ao iPod, o futuro parece tenebroso, ao menos em novidades. O primeiro gadget revolucionário da atual fase da Apple deve ser também o primeiro a deixar de existir. O iPod Classic, aparelho unicamente dedicado a reproduzir músicas, já é quase um item de colecionador. Já o iPod Touch também parece ter parado no tempo, sendo uma espécie de variante do iPhone sem as funções de celular. Apostamos que ele também será aposentado, já que os outros dispositivos da família herdaram as funções de player de mídia.
iPhone e iPad: tela, pacote e mais
Claro que nem todas as patentes são necessariamente colocadas em prática: algumas servem somente para guardar direitos intelectuais e evitar o uso pela concorrência. Ainda assim, certos registros podem ditar futuras funções de produtos como o iPhone e o iPad.
Uma das patentes diz respeito à embalagem do gadget, algo que a Apple produz minunciosamente. Segundo o registro, o aparelho ficaria parcialmente descoberto na caixa e seria capaz de baixar todas as informações do futuro dono com poucos toques na tela, antes mesmo de você retirá-lo da proteção. Desse modo, quando você chegar em casa com o produto novo, ele já estará devidamente configurado e pronto para uso.
Possíveis tendências do mercado nos ajudam nesse exercício de imaginação: em vez de display flexível, um iPhone com tela arredondada pode ser realidade. As mais interessantes patentes da Apple nessa área envolvem uma tela que encobre todo o dispositivo, eliminando botões físicos e criando uma experiência 3D inédita e imersiva. Outro registro da empresa fala em gadgets feitos de uma só peça de vidro, o que casaria bem com o display de 360°.
Apple nos games? Sim, eles podem
Existem “sonistas”, “caixistas”, “nintendistas”... Mas, no mundo dos games, ninguém é “appleísta”. Será que isso pode mudar? Em dez anos, a empresa pode se tornar um polo dos games por diversos motivos.
Não estamos falando de um console, mas de se dedicar aos poucos a agradar essa indústria e conquistar um espaço importante. A API conhecida como Metal, que traz gráficos e texturas nunca antes vistos nos games mobile, deve evoluir bastante com o tempo para rodar títulos cada vez mais poderosos e incrementados. E já imaginou uma Apple TV capaz de fazer streaming de jogos para iOS na sua telona?
Economicamente falando...
Na metade da década de 1990, a Apple estava em um poço sem fundo. Quem conhece a história de Steve Jobs sabe que ele voltou à companhia em 1997, cancelou inúmeros projetos, retomou ideias centrais e recolocou a Maçã nos eixos. Hoje, ela apresenta um faturamento recorde atrás de outro — parece até que ela usa “klapaucius”, “coinage” ou outras manhas de jogos antigos na vida real.
Por conta dessa guinada, são dois os caminhos: continuar em ascendência com a receita gerada pela venda dos lançamentos (as filas em frente às Apple Stores não diminuem de tamanho) ou ver a bolha estourar e voltar a passar por dificuldades. A visão mais pessimista é apoiada por vários analistas, que acreditam que a empresa parou de inovar. No caso, a comparação é de atualmente com as revoluções causadas por produtos como iTunes, iPod e iPhone.
A receita gerada pela Apple no fim de 2014 deve muito ao iPhone
Além disso, apesar do boom atual, o bom momento pode acabar no momento em que as vendas do iPhone desacelerarem, obrigando a empresa a aumentar o catálogo de produtos para alcançar o mesmo rendimento. Por outro lado, mesmo com esses fatores e o aumento da concorrência em quantidade e qualidade, a Apple teria que errar muito para passar por algum tipo de crise.
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E aí, em qual panorama você acha que a Apple estará em 2025? Daqui a dez anos, saberemos se o que foi falado acima é uma assustadora e precisa previsão do futuro ou só um exercício da imaginação.
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