A tecnologia prestes a ser lançada, criada graças à parceria entre Disney e Apple, chamada de Keychest, promete mudar o modo pelo qual você assiste a filmes. Após lançada e firmada, você não precisará mais se preocupar em perder um filme por ter riscado o seu DVD ou perdido o disco.
A proposta da Keychest é a de disponibilizar online os filmes comprados pelo usuário. Cada compra geraria uma “chave” (sequência de números) única, a qual seria distribuída aos serviços participantes para liberar o acesso do comprador ao conteúdo adquirido. O conteúdo poderá variar desde filmes até seriados, porém todos (depois de comprados) ficarão acessíveis a partir de qualquer um dos dispositivos compatíveis com a tecnologia, por exemplo: celulares (iPhone, provavelmente), PCs, notebooks e vídeo em demanda (sistema em que o usuário acessa a páginas da internet através da televisão e escolhe o que deseja assistir).
Contudo, caso você não se sinta confortável em comprar filmes online, haverá a opção de comprá-los da maneira tradicional e inserir a chave contida na embalagem do produto para liberar o acesso ao filme através da internet. A diferença estaria basicamente no preço, pois possuir o disco seria mais caro. Além disso, vale ressaltar que mesmo o usuário possuindo o direito de acessar em qualquer lugar ao filme comprado, ele não poderá baixá-lo: o sistema Keychest pretende funcionar de maneira parecida com o YouTube, com a diferença de não ser gratuito.
O rival
Apesar de ser um conceito inovador, a Keychest não é a primeira iniciativa de grandes empresas para tornar o download de filmes mais popular. O consórcio de estúdios de cinema, grupos de varejo, fabricantes de produtos eletrônicos e empresas de tecnologia da informação, denominado DECE (Digital Entertainment Content Ecosystem), é liderado pela Sony e conta com vinte outras empresas grandes (sendo as mais famosas: Fox, HP, Intel, Microsoft, Panasonic, Paramount, Toshiba e Warner).
A intenção dessa união de “titãs” não é a de atacar os deuses do Olimpo, mas sim criar um novo padrão de formato de distribuição digital, ou seja, juntar forças para criar um novo tipo de extensão para arquivos de vídeo. Diferentemente, a parceria entre Disney e Apple não almeja criar um novo formato, mas somente criar um meio pelo qual você possa baixar filmes facilmente, mantendo formatos mais usados atualmente (MPEG, AVI, etc.).
Qual a real intenção deles?
Nos últimos anos, a venda de DVDs vem caindo bastante. Para piorar, os discos Blu-Ray e as vendas de downloads apresentam crescimento muito tímido, ou seja, prejuízo no bolso de muita gente. Iniciativas como o DECE e a Keychest pretendem resumir o gasto das empresas envolvidas a somente um: a manutenção dos servidores de arquivos.
Ao disponibilizar filmes online os gastos com a produção e a distribuição de DVDs e Blu-Rays são eliminados. Isso gera uma queda gigante nos preços dos filmes ao mesmo tempo em que aumenta o lucro das empresas. Entretanto, a Disney prevê que somente após cinco anos do lançamento da Keychest é que os lucros começarão a aparecer.
Possíveis empecilhos
Nos EUA, há mais ou menos uma semana, proprietários dos celulares Sidekick da Microsoft enfrentaram um grande problema: seus dados pessoais, os quais eram armazenados em um servidor exclusivo da empresa, foram perdidos por causa de um problema nesse servidor. A Microsoft afirma que há a possibilidade de restaurar todos os dados, mas também admite a chance de eles terem sido perdidos para sempre! Imagine se a empresa de telefonia celular usada por você guardasse a agenda do seu celular em um servidor online e acontecesse algo parecido!
Devido a problemas assim, ainda não há como saber se as empreitadas da Keychest e do DECE poderão ser consideradas seguras logo no começo, pois também estarão sujeitas a problemas técnicos. Entretanto, caso algo desse tipo acontecesse com um servidor da Disney, ou caso alguma das empresas aliadas falisse e tirasse seu site do ar, haveria a chance de o usuário perder para sempre o filme pelo qual pagou, pois não haveria modo algum para acessar o arquivo desejado.
E como fica o Brasil?
Tais iniciativas são feitas pensando nos países altamente desenvolvidos, logo, países como o Brasil tenderão a não conseguir tirar vantagem desses serviços. Ao menos não no começo. Isso acontece por causa da velocidade de conexão dos países ricos. Por exemplo, na Alemanha você pode conectar gratuitamente o seu notebook a uma rede Wi-Fi que ultrapassa os 20 MB por pessoa... em uma praça pública! Já no Brasil, a internet banda larga conta com preços abusivos e velocidade inferior à contratada.
Convenhamos, se você compra um filme em Blu-Ray é porque deseja uma qualidade de imagem excelente. Portanto, você não iria gostar de pagar determinado valor para assistir a um filme de qualidade inferior à do Blu-Ray. O problema aqui está no fato da Keychest pretender funcionar como o YouTube. Pense: quanto tempo um vídeo demora a carregar em seu computador? Agora, levando em consideração que um disco Blu-Ray possui até 50 GB de tamanho, imagine o tempo que o filme demoraria até ser carregado!
Certamente esse não será um problema para os países desenvolvidos, porém no Brasil ele o será para quem não puder bancar a mensalidade de uma conexão de nível empresarial. Aliás, outro problema possível é o de não haver cobertura do serviço para países como o Brasil. Algo assim já acontece em muitos sites estrangeiros: eles exibem parte da sua programação de forma online e gratuita para alguns países e para outros bloqueiam o carregamento dos vídeos.
Você acha que essa tecnologia vai vingar? Se sim, acha possível o mesmo acontecer no Brasil? Comente!
Categorias