Com jornadas de trabalho de 12 horas e assédio moral descontrolado, quem trabalhou lá sabe um pouco do que é o inferno
Muito se fala sobre as péssimas condições de trabalho nas fábricas chinesas da Apple, mas pouco realmente é divulgado sobre isso. Para trazer à tona a realidade cruel dos funcionários da Maçã e falar mais sobre o aclamado iPhone, o repórter do The Guardian Brian Merchant publicou um livro chamado “The One Device: The Secret History of the iPhone” e, nele, descreve como é o fantasmagórico complexo da Foxconn onde 18 pessoas tentaram se suicidar e 14 delas infelizmente conseguiram.
Segundo o autor, que visitou o local e conversou com funcionários e ex-trabalhadores da fábrica, lá não é um bom lugar para seres humanos. Com jornadas de trabalho de 12 horas e assédio moral descontrolado, quem trabalhou lá sabe um pouco do que é o inferno.
O dormitório entulhado da empresa, onde até oito funcionários podem passar as noites
Depressão e loucura
Não é o caso de vermos nos corredores das fábricas crianças maltratadas e sujas, com as mãos machucadas trabalhando, mas quem está-la praticamente não fala e em momento algum sorri. O clima de controle por parte dos supervisores domina o ambiente e não deixa ninguém à vontade, levando os funcionários a um estado de depressão que beira a loucura.
Cerca de 150 funcionários da empresa se reuniram no telhado da fábrica e ameaçaram se jogar
Segundo Xu, um ex-trabalhador da Foxconn entrevistado por Merchant, as tentativas de suicídio foram muito mais numerosas do que as 18 reportadas pelas autoridades. O pico do problema foi em 2010, mas em 2012 cerca de 150 funcionários da empresa se reuniram no telhado da fábrica e ameaçaram se jogar em um suicídio coletivo caso as condições de trabalho não melhorassem.
Candidatos a funcionários são "conduzidos" ao centro de recrutamento da empresa
Exploração ao extremo
Porém, outras pessoas procuradas pelo autor confirmaram que a situação continua igual, com pessoas tendo que dormir no ambiente de trabalho em dormitórios feios e lotados, ganhando pouco e trabalhando muito mais do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde.
Mais informações podem ser encontradas na obra de Brian Merchant, “The One Device: The Secret History of the iPhone” (Dispositivo único: a história secreta do iPhone, em tradução livre), ainda sem versão em português.
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