Mari Bastashevski é uma profissional renomada no mundo da fotografia, principalmente pelo trabalho que ela faz com política e arte. Recentemente, Bastashevski esteve na Foxconn, fábrica chinesa que monta os iPhones que estão em nosso dia a dia.
A fotógrafa passou 24 horas nas instalações da Foxconn, em Shenzhen, na China, e registrou diversos momentos sem qualquer tipo de manipulação ou obstrução, conforme relatou ao Buzzfeed.
As fábricas da Foxconn, relacionadas com a Apple, já passaram por diversas polêmicas no que toca direitos trabalhistas. Há dois anos, um vídeo gravado pela BBC mostrava o estado de funcionários após enfrentar jornadas contínuas de até 16 horas — alguns deles dormiam em cima das bancadas ou então se esforçavam para segurar suas cabeças em pé. “Toda vez que voltava para o dormitório, eu não queria me mexer. Mesmo se eu estivesse com fome, eu não queria me levantar para comer, eu só queria me deitar e descansar. Eu não conseguia dormir à noite por conta do stress”, explicou um dos empregados.
Refeitório
Ao Buzzfeed, Mari Bastashevski comentou o seguinte: "A Foxconn é uma cidade industrial de alta segurança com milhares de funcionários. Eu não posso oferecer muitos detalhes sem comprometer a pessoa que permitiu meu acesso, mas uma vez que o meu passe foi autorizado pelo check-in eletrônico no portão principal, eu pude circular por diversos lugares durante um dia inteiro, sem obstrução por parte da segurança interna, que estão acostumados com visitantes não-chineses — normalmente os funcionários da Apple. Além disso, a fábrica é bastante agitada e as chances de dar de cara com os mesmos guardas por vezes suficientes para causar um alarme são muito pequenas".
Parece um campo de treinamento militar
De acordo com a fotógrafa, a circulação de pessoas dentro da Foxconn é "maior entre as 6 e 7 da manhã e entre as 4 e 5 da tarde, quando homens e mulheres entram e saem de suas estações de trabalho em três ondas ordenadas, e novamente à meia-noite, em um momento onde a vila é especialmente dinâmica".
"Todas as áreas são divididas em blocos A, B, C, D, F e E, e um sistema de transporte interno faz o deslocamento dos funcionários entre estas zonas. Ao chegar, eles deixam seus pertences em um depósito com prateleiras numeradas e prosseguem para seus laboratórios ou escritórios, constantemente atravessando outros níveis de segurança pelo caminho", disse Mari explicando que o complexo é demarcada rigidamente. Ainda, que diferente de uma cidade comum, ele possui um "design" que mais parece um labirinto, ou algo similar à um campo de treinamento militar.
Fim do dia
Sobre as amenidades do local: "Os escritórios e espaços públicos estão cheios de áreas verdes, e cartazes motivacionais ou avisos são colocados aleatoriamente nas paredes. Há duas piscinas, um hospital, um sindicato dos trabalhadores da Foxconn compreensivelmente vazio, quiosques comerciais, cafés, cantinas e uma biblioteca eletrônica automatizada. Redes de prevenção do suicídio estão instaladas em escadas aleatórias e ao longo de diversas partes dos telhados. Os gerentes iniciam os turnos de trabalho com um discurso motivacional animado, que é acompanhado pelo hino corporativo da Foxconn".
Empregados adormecem em posições incômodas durante qualquer oportunidade que têm
Contudo, suicídios de funcionários ainda acontecem, segundo a fotógrafa. "Uma fábrica ainda é uma fábrica", teria comentado um engenheiro para Mari. “Moças e rapazes jovens não querem mais trabalhar em fábricas, de forma alguma.”
"Os funcionários que não podem pagar por um lugar fora da fábrica ficam amontoados nos dormitórios e não deixam a cidade por semanas a fio. É empoeirado, é quente, e muitas vezes o cheiro de detritos da fábrica é insuportável. Durante o dia, incluindo muitos guardas de segurança, os empregados adormecem em posições incômodas durante qualquer oportunidade que têm, em cadeiras, mesas de laboratório e bancos".
Para saber mais detalhes do relato da fotógrafa Mari Bastashevski, clique aqui. Abaixo, você acompanha mais fotos da Foxconn, na China.
Fontes