O mundo inteiro sofre com o descarte indevido de aparelhos eletrônicos: os seus componentes apresentam metais pesados (como chumbo, níquel e cádmio) capazes de poluir o solo e os lençóis freáticos. Monitores e televisões de tubo contêm, em média, 1,4 kg de chumbo, o qual pode causar danos ao sistema nervoso e reprodutivo quando ingerido. Dado esse perigo, saber como os eletrônicos são reciclados é de fundamental importância.
Como se livrar do e-lixo
Primeiramente, o ideal é nunca jogar fora um aparelho eletrônico junto com o lixo comum: por mais que você o separe como “lixo reciclável”, os aterros sanitários brasileiros não estão preparados para realizar o processo de reciclagem específico de celulares ou computadores. Para isso, você precisa contatar a empresa responsável pela fabricação do aparelho ou um serviço especializado de reciclagem: eles podem ir até a sua casa buscar o eletrônico.
(Fonte da imagem: Pixabay)
Caso você não saiba de nenhum lugar com essa função, a ONG brasileira E-Lixo Maps mostra a empresa de reciclagem capacitada mais próxima da sua casa. Entretanto, jogar fora produtos tecnológicos é o procedimento menos recomendado, já que mesmo estragados eles ainda possuem muitos componentes reaproveitáveis.
Dados da Global Intelligence Alliance indicam que 35% dos consumidores não descartam os aparelhos antigos: como o valor pago é muito alto, o eletrônico é mantido guardado. Outros 30% os doam para instituições de caridade. Já cerca de 20% revendem o produto e 7% o jogam fora, de fato. Levando isso em conta, o Brasil parece ainda descartar menos eletrônicos do que países mais desenvolvidos, o que é bom por questões ecológicas.
O processo de reciclagem
Reciclar produtos eletrônicos é interessante não apenas para preservar o meio-ambiente, mas também para economizar na produção de novos aparelhos. Afinal, durante a reciclagem é possível recuperar, a partir de placas e chips, uma pequena quantidade de ouro, prata, índio, cobre e outros metais nobres; são 17 tipos ao todo. Por exemplo, em uma tonelada de PCs existe mais ouro do que em 17 toneladas do minério bruto do metal.
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Embora já sejamos capazes de separar os principais componentes de aparelhos eletrônicos, no Brasil ainda não existe um método para realizar a separação detalhada de metais nobres. Apesar disso, esse lixo é vendido e exportado para países com a tecnologia necessária: esta se resume em pré-separar os metais dos plásticos e colocá-los em uma esteira com diversos sensores magnéticos e ópticos para identificar os diferentes metais contidos em uma mesma placa.
O processo acima pode ser dividido em cinco etapas, conforme a máquina: uma ventoinha assopra entulhos leves dos metais; um imã potente atrai metais ferrosos (com grandes quantidades de ferro); um aparelho repulsa metais não ferrosos, como o alumínio, para outra esteira; um imã de alta precisão identifica aço inoxidável entre os metais ferrosos; um último sensor vasculha o lixo restante em busca de metais não ferrosos mais simples, como o arame.
Quanto melhor a tecnologia, mas fácil de reciclar
Segundo João Carlos Redondo, responsável pela área de sustentabilidade da Itautec, em entrevista ao site IT Web, há um investimento crescente da indústria para substituir materiais nocivos à saúde por outros menos agressivos e que facilitem o processo de reciclagem. Por exemplo, o chumbo dos monitores pode ser trocado por estanho, cobre e prata: antes eram usados 60% chumbo e 40% estanho; hoje são 98% estanho, 3% prata e 0,5% de cobre.
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Além disso, no Brasil, a Lei Federal 12.305 de 2010, chamada de Política Nacional de Resíduos Sólidos, teria sido responsável por acelerar a iniciativa de alguns empresários do setor de reciclagem de investir em tecnologias para o processamento de resíduos eletrônicos. Isso, futuramente, deve diminuir os custos da reciclagem desse tipo de material, o qual varia entre 250 e 500 reais para cada tonelada de aparelhos em geral.
Então, embora nem todos os produtos eletrônicos descartados no Brasil sejam hoje reciclados em terras tupiniquins, é possível notar um avanço tecnológico nesse setor, o que promete facilitar o descarte devido de aparelhos antigos por parte do consumidor. Entretanto, apesar de as fabricantes terem a obrigação de prover meios para o descarte de produtos, isso não exime os compradores da responsabilidade de jogá-los fora de modo ecologicamente correto.
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