Quando uma empresa lança um eletrônico, o pensamento geral dos funcionários é de que tudo saia de acordo com o plano. Afinal, para colocar um aparelho nas lojas, são necessárias inúmeras reuniões de planejamento, aprovações de projetos e pesquisas de mercado.
Apesar de toda a preparação, entretanto, alguns produtos simplesmente não dão certo: o público não se interessa por eles (e não os compra), a mídia especializada os critica duramente e a pressão torna-se tão grande que a companhia é obrigada a descontinuar a produção desses pobres eletrônicos, parando de fabricá-los e sendo obrigada a voltar às reuniões, aprovações e pesquisas para o próximo lançamento.
O Tecmundo fez uma seleção com algumas dessas pérolas da indústria, explicando como elas funcionavam e quais os motivos que levaram aos cancelamentos.
Virtual Boy (* 1995 - † 1996)
Na década de 1990, a Nintendo brigava com a SEGA pelo mercado dos video games – e levava uma boa vantagem. Seus consoles eram mais populares, seus clássicos viciavam mais e os games geravam continuações tão boas quanto os originais. Mas um dia a empresa teria que errar. E errou.
O bizarro visual do Virtual Boy. (Fonte da imagem: Divulgação / Nintendo)
O Virtual Boy chegou como um aparelho revolucionário: era um acessório de visual diferente de qualquer console existente (acoplado em um visor), além de mostrar jogos “pela primeira vez no verdadeiro 3D”, segundo os próprios anúncios, através de um efeito de profundidade.
Com esses gráficos, pouca gente se animou a experimentar o 3D. (Fonte da imagem: Divulgação / Nintendo)
O problema é que a biblioteca de títulos era extremamente restrita (somente 22 games) e tudo era mostrado apenas em vermelho e preto. Além disso, o produto é extremamente feio – e jogar com o rosto colado no visor era desconfortável, causando dores no jogador depois de algum tempo. Menos de um ano após o bombástico lançamento, foi decretada a morte do Virtual Boy. O produto hoje é extremamente raro.
Power Mac G4 Cube (* 2000 - † 2001)
(Fonte da imagem: Divulgação/Apple)A Apple não é conhecida só pelos sucessos de venda, mas também pelo alto número de produtos que passaram despercebidos pelos consumidores. Alguns apresentavam preços altos demais, outros possuíam poucos softwares – ou então eram simplesmente estranhos demais.
O computador Power Mac G4 Cube foi a soma de tudo isso. A ideia era do próprio Steve Jobs, enquanto comandava a NeXT, empresa que fundou durante seu afastamento da Apple. Já o design único, de criação de Jonathan Ive, foi extremamente elogiado, mas isso não foi o bastante para alavancar as vendas.
Para começar, o aparelho de 8 x 8 x 8 polegadas não trazia um monitor próprio, ao contrário dos demais PCs da Apple – mas isso não o impediu de ser vendido por salgados US$ 1.799. Além disso, ele possuía poucos softwares embutidos. O formato de cubo, apesar de inovador, não conquistou os fãs. Com as vendas baixas, a Apple resolveu cortar a produção do aparelho e pular direto para o Power Mac G4 convencional.
Sony eVilla (* 2001 - † 2001)
O ambicioso projeto da Sony que durou apenas dois meses pode ser entendido como um pai do netbook: era um PC econômico em miniatura, com algumas funções a menos que os convencionais, mas que compensava pela mobilidade.
(Fonte da imagem: Divulgação / Sony)
Vendido como um centro de multimídia, o eVilla possuía entradas para teclado e mouse, além da tela de 15 polegadas. Tinha acesso à internet via cabo Ethernet, lia emails, abria documentos de texto, vídeo e áudio, além de ter suporte a cartões de memória.
O aparelho sofreu vários atrasos antes de ser lançado, o que já não é um bom sinal. A causa do óbito? Fora as baixas vendas, a máquina não operava com eficiência e apresentou diversas falhas – era como um computador de segunda mão. Como prova do reconhecimento do erro, os donos do aparelho receberam um reembolso da Sony após a descontinuação, já que precisavam pagar pelo uso da internet.
Gizmondo (* 2005 - † 2006)
Você provavelmente não conhece esse video game portátil lançado em março de 2005, pois ele só chegou às lojas dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Suécia. Lançado pela Tiger Telematics, o console funcionava ainda como celular, câmera fotográfica, GPS e player de MP3 e MPEG 4.
A biblioteca de jogos não era vasta (14 títulos), mas contava com grandes nomes, como FIFA 2005 e SSX 3. Com tantas qualidades, por que ele deu errado? Simples: o console não era tão bom assim – e as vendas desapontaram. Em fevereiro de 2006, antes do aniversário de um ano do aparelho, ele foi descontinuado.
O estranho visual do portátil. (Fonte da imagem: Wikipédia)
Além das falhas com o Gizmondo, executivos da Tiger foram acusados de relações com o crime organizado – e isso não só causou a prisão de um deles, mas também tirou a atenção dos consumidores do console, que só queriam saber das falcatruas da empresa. Para fechar com chave de ouro, o produto não só foi descontinuado, como ainda ajudou a levar a empresa à falência.
Microsoft Kin (* 2010 - † 2010)
A primeira inclusão da empresa de Bill Gates no mercado dos smartphones foi uma das mortes mais prematuras da história da tecnologia. Apenas 48 dias separam o início e o fim das vendas do Microsoft Kin.
Feito para o público jovem e com um foco na comunicação entre amigos e no uso das redes sociais, o produto parecia um sucesso no papel – afinal, essa é uma das propostas da imensa maioria dos celulares atuais. Ainda assim, tudo saiu errado.
O grande problema aqui foi a falta de aceitação do público: as vendas foram restritas ao mercado norte-americano e foram péssimas, chegando a cerca de 500 unidades entre maio e junho de 2010. Um ponto positivo? Depois disso, todos os esforços da empresa foram destinados ao Windows Phone 7.
HP TouchPad (* 2011 - † 2011)
(Fonte da imagem: Divulgação / HP)Com o iPad reinando no mercado dos tablets, desafiantes não faltam: a Motorola, a ASUS, a HP... Espera aí, a HP? Pois é, a empresa já teve um desses aparelhos no mercado. Caso você não se recorde, não se preocupe: sua fabricação durou apenas 33 dias, de julho a agosto de 2011.
Mas o erro do HP TouchPad não foi totalmente com o eletrônico em si (que também vendeu mal e teve seu preço cortado de US$ 400 para US$ 99), mas em seu sistema operacional: a empresa abandonou o uso do webOS, dando um fim também aos produtos que o utilizavam.
A tragédia é ainda maior quando lembramos que a tecnologia móvel passou a ser de interesse da companhia apenas após a compra da Palm, em 2010, por US$ 1,2 bilhões – aparentemente, uma quantia jogada fora pela HP.
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Você chegou a ter algum desses produtos? Queria experimentá-los antes do trágico fim? Deixe seu comentário e até a próxima!
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