A Nikon D3200 é uma câmera de entrada que tem características comparáveis com as melhores DSLR profissionais do mercado. Ela possui um dos maiores valores de megapixels de toda a linha da marca, filma em 1080p (Full HD) e possui um sensor e um processador melhores do que os das suas antecessoras.
Câmeras DSLR de entrada são, como o próprio nome sugere, equipamentos desenvolvidos para fotógrafos iniciantes. Elas possuem todas as características das single lens reflex profissionais, porém com funções e partes físicas simplificadas, o que resulta em um custo final bem menor. A D3200 é uma tentativa da Nikon de competir inclusive com as suas linhas mais avançadas, mas alguns pontos ainda precisavam ser melhorados.
Nikon D3200, uma câmera de entrada com configurações de uma profissional. (Fonte da imagem: Divulgação/Nikon)
Com a chegada das câmeras mirrorless — equipamentos com lentes intercambiáveis, porém sem o sistema de espelhos existente nas DSLR —, fica difícil entender as razões para se comprar uma câmera maior e mais pesada como a D3200, e isso traz para essa máquina uma grande responsabilidade, além de uma pergunta fundamental: as DSLR de entrada ainda são importantes?
Aprovado
Corpo e design
Se você já possui uma câmera da Nikon ou já teve contato com uma, sabe que a sua construção varia bem pouco de modelo para modelo. Isso é uma das grandes vantagens dos equipamentos profissionais: os botões e controles estão quase sempre nos mesmos lugares a que você está acostumado.
Quem já está acostumado com uma Nikon não terá problemas com os botões da D3200 (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
O peso da D3200 varia pouco para outras câmeras similares da Nikon: aproximadamente 455 gramas de corpo, sem a lente ou outros acessórios acoplados. É preciso levar em conta que equipamentos DSLR são naturalmente pesados e que este valor é inclusive mais baixo do que o de outras câmeras de entrada da marca.
Como todos os equipamentos da Nikon, a construção dessa câmera é excelente, contando com um corpo sólido e partes móveis bem encaixadas. O apoio é firme e permite que você a segure com apenas uma mão; se isso não bastar, você pode usar um grip externo encaixado na parte de baixo (vendido separadamente).
Sensor e megapixels
Clique aqui para abrir a imagem ampliada e veja todos os detalhes (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
Quando se fala de qualidade de imagem, nem sempre a quantidade de megapixels é um fator decisivo para o resultado final. Com um sensor como o da D3200, porém, é possível dizer que os 24,2 MP fazem bastante diferença. O seu CMOS de 23,2 mm x 15,4 mm, associado com o processador Expeed 3, dá conta dos megapixels capturados e consegue entregar fotografias com qualidade e tamanho exemplares sem que você precise esperar muito.
A maior vantagem da quantidade de megapixels é que, se você não pretende comprar uma lente nova com “mais zoom” (maior alcance focal), pode usar o crop em imagens feitas com a maior resolução possível para simular isso. Na D3100, era possível conseguir fotos de até 4.608 x 3.072 pixels, enquanto a D3200 entrega um máximo de 6.016 x 4.000 px.
Clique aqui para abrir a imagem ampliada e veja todos os detalhes (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
ISO expandido
Quem costuma fotografar com pouca luz sabe o quão importante o ISO é. Apesar de deixar a fotografia menos nítida e com ruídos quando o seu valor é aumentado, muitas vezes essa é a única maneira de conseguir uma imagem estável em um ambiente mal-iluminado. A D3200 teve uma melhora expressiva nesse sentido, sendo possível configurar este valor entre 100 e 6400, enquanto a D3100 permitia apenas 100 – 3200.
Se você precisar de mais sensibilidade, pode usar o ajuste Hi-1, que é o equivalente a um ISO de 12.800, mas prepare-se para sensíveis perdas de qualidade na foto. Para entender como este valor evoluiu bastante nas câmeras de entrada, é só lembrar-se da D60, que tinha uma variação de 100 – 1600 e Hi-1 de 3200.
Comparação de ISO entre a D60 e a D3200 (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
Além disso, a qualidade da imagem com o ISO alto melhorou expressivamente desde a D60. Veja na imagem acima uma comparação entre ela e a D3200, ambas com o ISO configurado em 800 nas imagens de cima e 1600 nas de baixo. É possível ver que a quantidade de ruído é bem menor nas imagens da direita, além de elas apresentarem mais nitidez.
Gravação de vídeo
Na eterna guerra entre a Canon e a Nikon, não é nenhum segredo que a Canon esteja ganhando quando o assunto é vídeo: as melhores câmeras para isso ainda são as da concorrente, mas a Nikon está correndo atrás do prejuízo e mostra isso claramente na D3200.
A capacidade de gravar vídeos em Full HD (1080p) é algo novo para uma câmera de entrada da marca e, apesar de vir um pouco tarde — a Canon T2i conseguia isso alguns anos antes desta ser lançada —, é uma novidade muito bem-vinda.
A D3200 faz vídeos em Full HD, uma novidade para câmeras DSLR de entrada da Nikon (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
Aspirantes a cineastas encontram nessa câmera uma alternativa mais barata para a gravação de curtas (e até longas) com a qualidade e resolução necessárias. As opções de framerate são bem parecidas com as da 60D, da Canon: 30, 25 ou 24 quadros por segundo para vídeos em 1080p e 60 ou 50 quadros para gravações em 720p.
Os ajustes automáticos de exposição durante a gravação são excelentes (veja o exemplo no vídeo que ilustra esta análise); você pode mover a câmera entre ambientes com iluminação diferente e obter um ajuste rápido e inteligente, perfeito para tomadas longas ou curtas com apenas um plano.
Além da qualidade do vídeo, outro detalhe ajuda: ela possui uma entrada de 3,5 mm para microfone externo, mais uma alternativa para quem deseja gravar vídeos sem precisar utilizar o microfone embutido, algo bastante recomendável se você deseja usar o áudio original no seu filme.
Reprovado
Balanço de branco
Não existe uma razão bem explicada, mas o balanço automático de branco desta câmera é no mínimo sofrível. Mesmo em ambientes bem iluminados e com tonalidades neutras, o ajuste automático puxa as cores da fotografia para os tons frios bem mais do que deveria. Se você gosta de fotos “amareladas”, prepare-se para ter que ajustar manualmente esta configuração para cada ambiente que você for fotografar.
O balanço de branco automático poderia ser bem melhor na D3200 (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
O balanço de branco automático (ou pelo menos um preset) é uma configuração que muitos fotógrafos preferem, já que ele geralmente funciona bem e é algo que pode ser facilmente corrigido posteriormente. Contudo, na D3200 é melhor deixar a preguiça de lado e bater o branco manualmente sempre que for preciso.
Visor em tempo real
As novas DSLR possuem uma novidade em relação às antigas, que muitos fotógrafos iniciantes podem gostar, mas que não é a melhor alternativa: a visualização em tempo real. O problema disso é o mesmo que existe com as compactas, ou seja, o que você está vendo não é necessariamente o que a lente está “enxergando”, já que essa é uma imagem processada e que depende da qualidade do visor da câmera.
Para a gravação de vídeos, esse modo de visualização é realmente imprescindível, mas sempre que possível fotografe usando o modo tradicional. Isso evita que a iluminação externa, por exemplo, influencie na sua escolha de ajustes manuais (use sempre o fotômetro para medir a fotografia).
Menus
Muitas funções úteis são achadas apenas no menu da tela (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
Os menus de configuração das câmeras da Nikon são um pouco mais confusos do que os da Canon e isso não é diferente na D3200. Tanto os botões físicos quanto os ajustes feitos na tela poderiam ser mais práticos, mas, principalmente se você precisa mudar uma configuração específica, pode ser preciso navegar por várias camadas do menu.
Por exemplo, é possível configurar a abertura do diafragma e o tempo de exposição usando os botões externos e o anel. Porém, muitos ajustes importantes, como a compensação de exposição e o sistema de foco, estão dentro do menu, apenas na tela, e você precisa “parar de fotografar” para ajustá-los. O D-lighting então, que já teve um botão externo em câmeras como a D60, hoje está escondido por várias camadas do menu da câmera.
Funções mais específicas estão escondidas em um menu bem pouco prático (Fonte da imagem: Ana Nemes/Tecmundo)
Vale a pena?
A Nikon D3200 é um equipamento incrível, apesar dos problemas, e vale a pena ser adquirida se você tem certeza de que o que você deseja é uma DSLR semiprofissional. O problema dessa câmera é que atualmente existem muitas opções mais baratas e quase tão boas quanto às single lens reflex, como as mirrorless, que oferecem controles manuais, boa qualidade final e um corpo menor.
A sensação que se tem é de que a D3200 deveria ter surgido alguns anos antes, para brigar com boas câmeras DSLR, como a Canon T2i, e não com as novas compactas Hi-End, como as mirrorless da linha NEX, da Sony. Os seus pontos positivos são importantes e ela não possui nenhum problema realmente grande, mas isso pode não ser suficiente se você quiser uma câmera mais versátil para levar para qualquer lugar.
Quem prefere a qualidade indiscutível das DSLR da Nikon, ou quem quer começar a usar um equipamento desses para depois migrar para linhas mais avançadas, encontra na D3200 uma das melhores opções disponíveis no mercado. Isso se justifica porque ela vem com um preço competitivo e algumas funções presentes nas melhores câmeras da marca, como a alta variação do ISO, a quantidade de megapixels e a gravação de vídeos em 1080p.
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