(Fonte da imagem: Reprodução/Inquirer News)
Jeff Bezos, CEO da Amazon, anunciou a compra do jornal americano The Washington Post por US$ 250 milhões. O negócio inclui todos os jornais da marca e seus respectivos websites, incluindo periódicos como o Express, The Gazette e uma série de noticiários menores. Apenas o Slate, TheRoot e Foreign Policy ficaram de fora.
Trata-se de um movimento histórico: a compra de um dos jornais mais tradicionais dos Estados Unidos por um pioneiro do varejo virtual. De acordo com especialistas, a compra trata-se de mais um passo da Amazon em seus esforços de produção de conteúdo, começados recentemente com a publicação própria de livros virtuais e a possibilidade dos próprios autores levarem suas obras à loja online.
Em um primeiro momento, o quadro de funcionários não será alterado. A diretora do The Washington Post, Katharine Weymouth, continuará em seu posto e responderá a Bezos. E entre os termos da venda está a manutenção de salários e benefícios de todos os empregados por pelo menos um ano, de forma a garantir uma transição segura a todos os envolvidos nos negócios da companhia.
Observando de longe
(Fonte da imagem: Reprodução/Fast Company)
Em uma carta endereçada a todos os funcionários do Post, Bezos afirma que não vai se envolver diariamente no cotidiano das publicações pois “já possui outro emprego”, se referindo à Amazon. Além disso, acredita no potencial da diretoria atual e no seu conhecimento sobre o mercado. Justamente por isso, todos continuam nos cargos que ocupam hoje.
Os planos exatos de Bezos com a compra não foram especificados, gerando uma torrente de especulações que partem, inclusive, do próprio The Washington Post. Em um artigo, a colunista Lydia DePillis cita alguns dos motivos que podem ter levado o CEO da Amazon a adquirir um dos principais veículos jornalísticos dos Estados Unidos.
Entre as possibilidades estão uma paixão pelo jornalismo – evidenciada pelos recentes investimentos no Business Insider –, a adição de uma série de conteúdos digitais ao Kindle, como jornais e publicações do Post, e o uso de informações de público para melhorar a publicidade e a indicação de produtos aos clientes da Amazon.
“Como um funeral”
A notícia, apesar de estar agitando o mundo da comunicação e da tecnologia, não soou nada legal para o quadro de funcionários do The Washington Post. Muitos dos principais jornalistas e colunistas da empresa ficaram surpresos com a venda, anunciada pelo patriarca do jornal, Donald Graham, durante uma grande reunião na segunda-feira.
Fontes anônimas ouvidas pelo site The Verge citaram a situação como “um funeral” e falaram sobre funcionários assustados e tristes com a mudança no gerenciamento. O grande medo dos membros do Post é a perda do “clima familiar” presente na empresa e uma mudança de paradigma, motivada pela compra do jornal por um empresário tipicamente digital.
O The Washington Post é um dos mais tradicionais jornais dos Estados Unidos, além de ser um símbolo de confiança e credibilidade no jornalismo, principalmente em assuntos relacionados ao governo e política. O caso mais famoso revelado nas páginas do periódico foi o Escândalo de Watergate, que levou à renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974. A história também rendeu o prêmio Pulitzer ao veículo.
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