Ilustração e design: Tim Trauer
O dia 9 de novembro de 2004 pode não trazer nenhum significado especial para você. Contudo, a data marca o lançamento de um dos produtos mais importantes da história da internet e que você, certamente, mesmo não sendo um usuário dele, já deve tê-lo utilizado ao menos um vez: o Mozilla Firefox.
O navegador gratuito mantido pela Fundação Mozilla aos poucos se firmou como uma opção relevante para os usuários. A fatia de mercado que, até então, era de praticamente 100% para o Internet Explorer, hoje ganhou outros contornos. O Firefox é hoje o segundo colocado na preferência do público e, a cada nova versão, aumenta a sua participação no mercado.
Segundo as pesquisas internacionais mais recentes, o Mozilla Firefox hoje é o navegador preferido de 29% dos usuários. O Internet Explorer segue em primeiro, mas com apenas 43,5%. Google Chrome, com 13,89%, Safari, com 6,18%, e Opera, com 2,74%, também apresentam crescimento na preferência do público.
No Brasil, a utilização do Firefox é praticamente a mesma. Levando-se em consideração os usuários que acessam o Baixaki, cerca de 27% entram no site navegando com o Mozilla Firefox. Na Europa, uma pesquisa publicada em janeiro deste ano mostrou o Firefox na liderança, com 37,9% da preferência do público, fato que comprova a sua força.
Nesta semana, finalmente a versão 4.0 do navegador foi disponibilizada para o público. Em apenas três horas o browser foi baixado 1 milhão de vezes. O recorde anterior pertencia ao Internet Explorer, baixado 2,4 milhões de vezes em 24 horas.
Para marcar a data e demonstrar todo o seu poderio, a Fundação Mozilla montou um hotsite com um contador, separado por regiões, mostrando em tempo real quantas vezes o navegador é baixado. Os downloads não param e é bem provável que, nos próximos dias, novos recordes sejam quebrados.
No princípio era o Phoenix
Fonte da imagem: Wikipedia
Números impressionantes como esses não surgem da noite para o dia. Basta dar uma olhada nos avanços conquistados no lançamento de cada nova versão para perceber que, embora tenha pouco menos de sete anos, o Firefox é responsável por introduzir algumas das principais novidades no mundo dos browsers.
Entretanto, o início da jornada foi um pouco tumultuado, em especial no que diz respeito ao nome. Inicialmente, o navegador se chamaria Phoenix, mas devido a alguns conflitos legais o nome precisou ser mudado. A segunda opção, Mozilla Firebird, também enfrentou problemas pelo fato de coincidir com o nome de outro programa. Foi somente como Mozilla Firefox, nome que homenageia uma espécie de urso panda, diferente do que muitos imaginam, que o navegador ganhou o mercado.
Enfim, Firefox
A primeira versão, embora funcional, não apresentava muitas novidades em relação ao Internet Explorer. Com um embrionário sistema de gerenciamento de abas e disponível em diversos idiomas, o navegador conquistou os usuários muito mais por ser uma alternativa de qualidade ao Internet Explorer do que pelos seus diferenciais.
Diferente do que acontece hoje, com atualizações constantes em média a cada três meses, uma nova versão final só viria a ser lançada mais de um ano depois. O Mozilla Firefox 1.5 chegou ao mercado em 29 de novembro de 2005.
Todavia, além de pequenas correções, o navegador trouxe poucas novidades. A maios interessante delas, e de maior utilidade para os usuários, foi o sistema de gerenciamento de senhas, facilitando a organização de endereços de logins distintos. O scroll também ganhou um pequeno detalhe, sendo suavizado.
Firefox 2: o retorno triunfal
A grande transformação do Mozilla Firefox, saltando de coadjuvante para um dos principais protagonistas na corrida dos navegadores, aconteceu após o lançamento da versão 2.0, em outubro de 2006. Com muitas novidades, mais rápido e um visual renovado, o browser caiu no gosto do público e passou a ser visto como um dos principais concorrentes do Internet Explorer.
A utilização de abas, hoje presente em praticamente todos os navegadores, foi um grande avanço. Não era mais preciso abrir dezenas de janelas ao longo do dia e ver a sua Barra de tarefas lotada de navegadores rodando em paralelo. Bastava abrir uma única janela e, dentro dela, dispor de quantas abas fossem necessárias.
Enquanto outros navegadores ainda insistiam em oferecer apenas uma interface em poucos idiomas, ou apenas em inglês, o Firefox se preocupou e tornar a experiência de navegação cada vez mais próxima ao usuário, disponibilizando versões em várias línguas, entre elas o português, e integração com corretor ortográfico.
Entretanto, o maior avanço desta versão talvez tenha sido a inclusão do suporte para extensões. Para muitos usuários, é difícil imaginar como seria um navegador hoje sem o auxílio destes add-ons. Porém, até então, ninguém havia apresentado uma solução eficaz de como acrescentar funções ao browser sem que, para isso, ele ficasse extremamente lento e pesado.
As extensões rapidamente se popularizaram e, hoje, todos os navegadores contam com a sua própria página para download de conteúdo exclusivo. Para se ter uma ideia da importância delas, segundo a Fundação Mozilla, até hoje as extensões já foram baixadas mais de 2 bilhões de vezes.
E, para quem reclamava que, quando o computador travava ou mesmo o aplicativo passava por algum problema, era preciso fechar o aplicativo e tudo que estava aberto se perdia, veio a solução: restauração de abas ao reiniciar. Nada mais óbvio do que manter numa pasta temporária as URLs das últimas abas abertas.
O visual renovado ganhou uma característica própria, ou seja, era difícil vê-lo como uma cópia de outro navegador. O Firefox finalmente tinha uma personalidade própria e, para a felicidade dos usuários, apresentava, gratuitamente, uma das melhores experiências de navegação possíveis.
Firefox 3: a consolidação
Depois de diversas versões intermediárias, com correções e melhorias, em 17 de junho de 2008 a Fundação Mozilla disponibilizou a terceira versão do navegador. A data se tornou histórica e marca um recorde entre os navegadores até hoje: em apenas 24 horas o aplicativo foi baixado 8 milhões de vezes.
Utilizando a versão 1.9 do motor Mozilla Gecko, o Firefox 3.0 apostou em segurança e personalização para cativar ainda mais o número cada vez maior de usuários fiéis. Mesmo se destacando na corrida contra o Internet Explorer, era hora de olhar para trás e prestar atenção na ameaça crescente chamada Google Chrome.
O sistema de restauração de abas ao reiniciar foi aprimorado, permitindo ao usuário salvá-las antes de encerrar o programa. As extensões, que a essa altura já eram mais do que populares e, para muitos, itens obrigatórios, ganharam funções que permitiam a atualização automática.
A personalização não ficou restrita à opção de salvar abas ao sair ou não. A partir da versão 3.0, os usuários puderam escolher qual o visual mais agradável para o navegador, graças às centenas de temas disponibilizados.
Para quem costumava baixar arquivos de grande porte, nada melhor do que a integração com um gerenciador de downloads. Assim, em caso de perda de conexão ou necessidade de reiniciar ou browser, o arquivo continuaria sendo baixado, sem maiores problemas para o usuário.
Por fim, o Firefox 3.0 introduziu a função “Places”, capaz de armazenar históricos e favoritos para que o usuário possa, com calma, vê-los quando estiver com tempo livre. A novidade agradou em cheio àqueles que utilizam a web como ferramenta de pesquisa.
Mais segurança e versões intermediárias “finais”
As versões 3.5 e 3.6, lançadas em 2009 e 2010, mantiveram o navegador entre as principais alternativas do mercado. Contudo, em vez de acrescentar funções, o foco passou a ser o aperfeiçoamento de suporte às novas tecnologias de codificação e programação.
Assim, tecnologias como HTML5, SpiderMonkey JavaScript, Trace Monkey e até mesmo Geolocalização passaram a fazer parte do cotidiano do usuário do Firefox. Suporte a gestos e a trackpad multitouch também foram outras funções que ganharam vida na versão de 2009. O aumento das preocupações com segurança resultou ainda no aperfeiçoamento da função de navegação privativa.
Para o dia a dia do usuário, duas outras novidades chamaram mais a atenção: vídeo nativo em fullscreen e um suporte aprimorado para o Personas, a extensão que tornava o browser capaz de exibir milhares de temas dos mais variados assuntos.
Firefox hoje
Com visual mais limpo e uma série de novos recursos, o Mozilla Firefox 4 definitivamente se coloca outra vez como uma das principais opções entre os navegadores disponíveis no mercado. A nova interface elimina todas as funções que não são de acesso imediato e, mais bem organizada, facilita a vida do usuário.
As melhorias técnicas são significativas. Compatibilidade com as principais tecnologias de navegação e carregamento de páginas, utilizando HTML5, CSS3 e o codec WebM, tornam o acesso às páginas mais rápido e seguro.
Novas funções como “Panorama”, que permite organizar as miniaturas de abas abertas de diversas formas, e “Sync”, que permite sincronizar o conteúdo do navegador em um PC com qualquer outro computador, dispensam o uso de extensões e complementos.
A instalação de add-ons segue o mesmo procedimento, entretanto, em alguns casos, não é mais necessário reiniciar o browser para torná-los ativos. As técnicas de aceleração gráfica utilizam a placa de vídeo do PC como ferramenta complementar para aprimorar a navegação.
O que o futuro reserva?
Em se tratando de inovações, o Mozilla Firefox sempre foi um dos browsers que mais apresentou novos recursos para os usuários. Contudo, nos últimos anos, seu potencial para assumir a liderança ganhou um concorrente de peso, o Google Chrome.
Disposta a recuperar o mercado perdido, a Microsoft investiu pesado no desenvolvimento do Internet Explorer 9. O resultado é a volta de um navegador competitivo na tentativa de manter a liderança, cada vez mais tênue em relação aos seus concorrentes diretos.
Para 2011 a Fundação Mozilla promete lançar outras três versões finais do navegador: os Firefox 5, 6 e 7 ainda não têm data específica, mas já dá pra se ter uma ideia do que virá pela frente nas novas atualizações.
A próxima geração do navegador deve ter suporte ao Windows 7 de 64 bits. Além disso, add-ons serão incorporados ao browser, tais como o Account Manager, para gerenciamento de contas, e o F1 Simple Sharing, dedicado ao compartilhamento social.
Para a versão 6 do Firefox, a Mozilla pretende otimizar o JavaScript e tornar o navegador compatível com o Mac OSX 10.7 Lion. O aplicativo incluirá ainda recursos do CSS3 e HTML 5.
Já para o Firefox 7, os planos da empresa para a última versão do ano de seu navegador ainda não estão muitos claros, mas fala-se da separação de processos (cada aba se torna um processo independente no sistema) e também algumas mudanças no suporte a XBL.
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