(Fonte da imagem: Amazon)
Reuters. Por Elaine Lies - A rápida ascensão dos livros eletrônicos pode criar uma "desigualdade na leitura," com as pessoas incapazes de arcar com o custo da nova tecnologia sendo deixadas para trás, em um período de declínio na capacidade de escrita e leitura nos Estados Unidos.
As comunidades negras onde muitos estudantes já estão ficando para trás de seus pares, membros de maiorias em termos de alfabetização, estão sob ameaça especial, disse a escritora Marita Golden --e isso a despeito do número crescente de escritores norte-americanos negros célebres, entre os quais, Toni Morrison, que conquistou um Nobel de Literatura.
"Minha maior preocupação é que a tecnologia continue aumentando essa desigualdade," disse ela à Reuters. "Não teremos apenas uma desigualdade digital mas uma desigualdade de leitura, se a leitura se tornar uma atividade que dependa de tecnologia."
"Caso a leitura venha a depender de tecnologia que precisa ser comprada, creio que a desigualdade na alfabetização persistirá e até mesmo crescerá," acrescentou.
Anos de discussão sobre o futuro dos livros em meio às amplas mudanças tecnológicas em curso, e o desejo de garantir que os escritores negros sejam incluídos nessa discussão, incentivaram Golden a conceber seu recente livro "The Word," no qual escritores negros norte-americanos falam sobre como a leitura melhorou suas vidas.
Edward Jones, que conquistou um prêmio Pulitzer por seu romance "The Known World," afirma acreditar que "a leitura e a escrita são fundamentais para ser uma pessoa melhor e ter uma vida melhor." Outros contam como ler sobre vidas parecidas com as suas ajudou a validar suas experiências e a lhes propiciar confiança.
Nesse sentido, a tecnologia dos leitores eletrônicos, por exemplo, pode ser tanto vantagem quanto problema em termos de alfabetização, disse Golden, já que leitores que poderiam se sentir intimidados diante das muitas páginas de um livro talvez se entusiasmem com a leitura em forma digital.
Além disso, considerando que a comunidade negra dos EUA tem mais celulares e smartphones do que a comunidade branca, existe o potencial de explorar um mercado maior, acrescentou. "Mas o problema é ser possível baixar tanto jogos quanto livros, e não sabemos o que as pessoas farão".
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