Hackers. Basta ouvir esse nome para que muitos usuários os associem a bandidos ou pessoas de má índole. Basta acessar um site ou verificar um perfil cujo termo esteja presente para que muitos deem meia-volta com medo de pegar algum vírus ou terem seus dados roubados.
Entretanto, diferente do que se convencionou pensar, os hackers nem sempre são, necessariamente, os vilões da história. Muito pelo contrário. A indústria precisa muito do trabalho deles e você só tem a ganhar com isso. Afinal, é graças às suas descobertas que, muitas vezes, falhas de segurança são corrigidas nos mais diversos tipos de software.
Crackers ou Hackers?
Antes que você diga que o título da matéria está errado e que os hackers são mesmo do bem e os crackers é que são do mal, vale a pena entender o surgimento do segundo termo. Ele nasceu em meio à própria comunidade hacker, na década de 80.
À época, a mídia ainda tinha dificuldades em compreender quem eram os hackers do bem e os hackers do mal. A imprensa acabava generalizando os hackers como malvados e assim surgiu a diferenciação. Os crackers seriam aqueles que agiam sem ética ou na ilegalidade.
Contudo, na prática, os crackers não deixam de ser hackers, mas com propósitos diferentes. Ou seja, não é errado afirmar que existem os hackers do bem e do mal e justamente aqueles que pertencem ao primeiro time que são fundamentais para o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das novas tecnologias.
Gênios incompreendidos?
Steve Jobs e Steve Wozniak, os fundadores da Apple, são homens de negócio geniais, certo? Porém, você sabia que no início de suas carreiras, na década de 70, ambos eram hackers?
À época a dupla criou um dispositivo, inspirado na invenção de John Draper, capaz de fazer ligações gratuitas utilizando sinais falsos da AT & T. O sistema era ilegal, mas Jobs não só construiu o dispositivo como também o comercializou para seus amigos da Universidade da Califórnia.
Obviamente o projeto não foi adiante, entretanto ideias como essa serviram para mostrar ao mundo um pouco da capacidade da dupla que, futuramente, viria a construir um verdadeiro império com os seus produtos.
Fonte da imagem: Matt Yohe / Wikipedia
Assim como eles, muitos outros jovens também tiveram ideias brilhantes, nascidas muito mais em função da curiosidade do que pelo desejo de roubar ou prejudicar quem quer que seja. Provavelmente, muito do que você sabe sobre um sistema operacional você aprendeu na prática, testando e errando, não é mesmo?
Explorar novas possibilidades é uma das características mais comuns a esse perfil de usuário e, muitas vezes é graças a eles que falhas grosseiras são descobertas em sistemas operacionais ou mesmo novas possibilidades para dispositivos são exploradas.
Então ser hacker é algo bom?
Sim, ser hacker pode ser algo muito bom não só para o seu bolso como também para toda a sociedade. É muito comum que grandes corporações abram concursos ou empreguem em seu quadro de funcionários hackers extremamente competentes.
A Google, por exemplo, está com um concurso aberto oferecendo US$ 20 mil para quem conseguir quebrar a segurança do Google Chrome. Além disso, quem invadir um notebook Cr-48 também será premiado.
Concursos e desafios como esses existem aos montes na internet e boa parte deles são patrocinados pelas próprias empresas. Afinal, é muito mais interessante descobrir todas as falhas possíveis de um sistema antes que ele chegue ao grande público do que esperar o lançamento e descobrir brechas fatais no produto.
Como colocar à prova um sistema bancário, por exemplo, que deve ser extremamente seguro, se ninguém com curiosidade aguçada e competência técnica esgotou todas as possibilidades para hackear o sistema em questão?
Um hacker premiado com o Nobel da Paz?
Fonte da imagem: Wikipedia
Sim, essa possibilidade é mais real do que você imagine. Julian Assange, o criador do polêmico site WikiLeaks, teve o seu portal cogitado como um dos possíveis indicados ao Prêmio Nobel da Paz, pela sua contribuição em defesa da liberdade de informação.
Contudo, as informações vazadas pela WikiLeaks nada mais são do que documentos conseguidos por hackers anônimos, selecionados pela equipe, e compartilhados com o público. Você já parou para pensar quanta coisa ilegal foi e pode ainda ser descoberta graças ao trabalho de centenas de hackers?
A mesma analogia pode ser levada em consideração quando falamos dos jailbreaks para smartphones. Desde que a técnica não seja utilizada para obter lucros ou vantagens ilícitas sobre o trabalho de outras pessoas, libertar um produto para estudá-lo ou conhecê-lo melhor não é crime.
Um exemplo: você utiliza um determinado aparelho e quer colocar nele um aplicativo cuja Loja de Aplicativos não comercializa ou não aprova, por qualquer razão que seja. Caso ele exista na rede e você queira testá-lo, não há problema algum instalar ele.
Obviamente, em casos como esse, a desenvolvedora do aparelho tem todo o direito não se responsabilizar pelo que acontece e as consequências desse ato são exclusivamente suas. Contudo, para fins de teste e de estudo, não há maneira melhor de explorar ao máximo as possibilidades de um SO.
Todos os hackers merecem o céu?
Assim como em qualquer profissão existem as pessoas de boa e má índole, o mesmo acontece no mundo dos hackers. É possível afirmar sem medo de errar que a maioria dos hackers é composta por curiosos, usuários extremamente inteligentes e bem-intencionados.
Os hackers não são exceção à regra. O problema é que muitas vezes os estragos causados por eles têm um impacto financeiro e moral maior do que o trabalho de centenas de usuários bem-intencionados.
Sim, infelizmente há muita gente se utilizando dos conhecimentos adquiridos para criar vírus, malwares, roubar senhas de banco, clonar cartões de crédito e copiar e comercializar, de maneira ilegal, softwares e dados confidenciais.
Mamãe, eu quero ser um hacker!
Se você gosta de informática e tecnologia, mas principalmente, é curioso e gosta de descobrir por conta própria tudo aquilo que está por trás de sistemas operacionais, aparelhos eletrônicos e novas tecnologias, por que não transformar o seu dom em algo que pode ser rentável e, de quebra, ajudar milhões de usuários?
Estudar por conta própria e descobrir os porquês do funcionamento de muitos sistemas pode ser uma tarefa compensadora. Além do aprendizado, você certamente encontrará oportunidades de mostrar o seu talento, em especial para grandes empresas.
Tenha certeza de que incentivo não irá faltar. Há diversas comunidades e fóruns na web com muitas oportunidades para você compartilhar conhecimento. Obviamente, no meio do caminho, você encontrará também muita gente mal-intencionada e que irá lhe oferecer promessas de dinheiro fácil para trabalhos ilegais.
Contudo, caberá a você decidir por conta própria qual caminho irá seguir. Se optar pela legalidade, que é o que se espera de grandes talentos, certamente encontrará espaço em grandes empresas e poderá, com seu trabalho, ajudar a moldar o futuro dos softwares que veremos por aí.