Fonte da Imagem: Sharp
Nesse artigo, você vai conhecer um pouco mais sobre a tecnologia Quattron, da Sharp, e compreender a divisão de opiniões que ela vem causando.
A Sharp aposta desde o começo de 2010 na sua tecnologia quad pixel, que adiciona a cor amarela ao padrão RGB, gerando uma paleta com até um trilhão de cores, segundo a fabricante.
Em janeiro daquele ano, a tecnologia foi apresentada durante a CES (Consumer Electronics Show), maior exibição de eletrônicos do mundo, realizada nos Estados Unidos. Meses depois, ela já se encontrava disponível nos produtos da linha Aquos, comercializados primeiramente na Europa e nos Estados Unidos, depois no Japão, China e outros países.
Mas “nem tudo são flores” para a Sharp. A tecnologia proposta vem sendo elogiada por alguns, mas criticadas duramente por outros, chegando até a ser chamada de “balela de marketing”, como você confere agora.
O padrão RGB e a novidade
Quando falamos que um monitor ou TV tem, por exemplo, 1080 por 720 pixels, significa que ele tem 1080 pontos na horizontal e 720 pontos na vertical. Esses pontos são chamados pixels. Cada um deles tem três subpixels nas cores verde, azul e vermelho que se unem a fim de formar uma cor única. Esta é a definição do sistema de cores RGB (red, green, blue, inglês para as cores primárias vermelho, verde e azul, respectivamente).
Porém, como afirmou Tsuneo Nakamura, da Sharp, o sistema RGB esbarra em dificuldades para compor cores intermediárias, como amarelo, ciano e magenta. E essa é a aposta da Sharp. A tecnologia Quattron adiciona um subpixel a mais, de cor amarela, ao padrão RGB. Com isso, a possibilidade de combinação de cores cresce exponencialmente, chegando a um trilhão. Na prática isso significa imagens muito mais fiéis à realidade.
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“Ao adicionar amarelo e aprimorar o verde, conseguimos melhorar as cores intermediárias consideravelmente. Melhoramos especialmente o display do amarelo e do ciano, para os quais o olho humano é muito sensível.”, afirma Nakamura.
Outros benefícios
A criação da Sharp também atinge outros patamares de contraste. Segundo a fabricante, a tela dos aparelhos com a tecnologia Quattron possibilita uma passagem de luz 20% maior, gerando imagens mais brilhantes e vivas, com cores mais fortes. Como cada pixel pode ser desligado com mais eficiência, o contraste atinge melhores níveis, com pretos mais profundos e absolutos.
A tecnologia Quattron é também mais econômica. A cor amarela tem propriedades transmissivas, logo, são necessários menos elementos de retroiluminação a fim de produzir imagens brilhantes.
O contraste e a economia são obtidos pelo alinhamento diferenciado do painel de cristal líquido. O painel responde aos raios ultravioletas, mudando a direção deles e os realinhando com as moléculas de cristal líquido.
Fonte da Imagem: reprodução/YouTube
A Sharp afirma que o consumo de energia de um aparelho de 52” com tecnologia Quattron é aproximadamente o mesmo que uma lâmpada de 100 Watts, ou seja, 50% a menos que os modelos fabricados em 2008.
Em televisores 3D, a tecnologia Quattron reduz a incidência de crosstalk blurs, ou seja, o efeito de duplicação que algumas vezes faz imagens 3D parecerem borradas e indefinidas.
A impressão
É possível perceber diferenças notáveis com a nova tecnologia, principalmente em tons amarelos e dourados, mas não tanto em outros momentos.
“Pelo menos nas telas de demonstrações que vimos na CES 2011, era enorme a diferença, visualmente bem bonito. Nas imagens com amarelo, dá uma diferença boa, porém, nas demais (com mata, por exemplo) a diferença não era tão grande”, relata o gerente do Baixaki, Gustavo Abrão, que esteve presente durante a CES de 2011, realizada em Las Vegas.
As comparações eram feitas com outros modelos da Sharp e a cor era o maior diferencial.
“O que mais notamos lá foram as cores, que passavam a sensação de serem mais vivas”, ele complementa.
A crítica
Apesar da boa impressão causada pelas cores mais vivas em tons dourados e amarelos, a tecnologia da Sharp não é só elogios. Raymond Soneira, presidente da DisplayMate Technologies Corporation, em um artigo publicado na revista Maximum PC em julho de 2010, não poupou críticas.
Para ele, a Quattron não passa de uma “balela de marketing”. Em primeiro lugar, porque filmes e vídeos HDTV são produzidos e balanceados no padrão RGB. O amarelo resulta da união entre o vermelho e o verde, portanto é inútil.
Ele continua: “Displays Quattron não exibem cores que não são do padrão RGB original. Então que vantagem é essa? Nenhuma, a não ser que você goste de ver amarelos exagerados”. Concluindo, Soneira afirmou que o “Empurrão Amarelo” é obtido por simples processamento de vídeo, e o efeito das demonstrações é obra do ajuste impecável dos televisores para o efeito que se deseja obter.
Em outra análise, o blog Forward Thinking comparou uma Sharp LC-46LE810UN com uma Samsung UN46C700, ambas com retroiluminação LED. A diferença entre as duas é a taxa de atualização: 240 Hz para a Samsung e 120 Hz para a Sharp.
De acordo com o blog, a Sharp com Quattron confirmou a expectativa e mostrou cores mais vivas e quentes. Mas o teste preparou uma pegadinha: eles cobriram as marcas das fabricantes e fizeram um questionário com 50 pessoas. Dessas, 47 disseram que havia uma diferença notável entre as imagens. No entanto, quase 80% dessas pessoas afirmaram que a imagem da Samsung era melhor.
A análise é complementada com a observação de que, em alguns momentos, as cores da TV Sharp aparentavam ser sobressaturadas.
O futuro
Entre elogios e críticas, fica a dúvida: será a tecnologia Quattron capaz de estabelecer um novo padrão? A tarefa não é nada fácil, afinal o RGB está aí há décadas. Em termos de custo, não é o tipo de tecnologia muito cara para produção, o que representa uma vantagem.
Tudo depende da aceitação do público. Pensando por esse lado, há um risco: a tecnologia da Sharp notadamente melhora tons quentes, amarelos e dourados, mas é sabido que boa parte do público prefere cores frias. Em meio a tantos modelos 3D com atrativos, cores quentes mais fortes pode não ser a aposta mais certeira.
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