“Vai passar Photoshop né?”, “Photoshopa aí para eu ficar bonita” e outras frases desse tipo já fazem parte do dia a dia de fotógrafos profissionais e amadores. Desde 1988, o programa oferece a possibilidade de melhorar, alterar e criar imagens digitais, e não é de hoje que se tornou item quase obrigatório no mundo da fotografia.
O grande mérito do aplicativo – desde sua criação de garagem e posterior compra pela Adobe – foi levar para dentro do computador todos os processos que, até então, só aconteciam na escuridão dos laboratórios fotográficos. Até mesmo os nomes dos filtros e ferramentas do aplicativo são os mesmos utilizados pelos laboratoristas enquanto trabalham nas ampliações de negativos analógicos.
Essa analogia do Photoshop como laboratório da fotografia digital é responsável por acabar com o preconceito que muita gente tem contra as imagens tratadas no aplicativo. Porém, o laboratório não é capaz de salvar uma foto mal feita, diriam os fotógrafos analógicos. Da mesma forma, o Photoshop também tem limites no melhoramento de imagens digitais.
Fonte da imagem: Morguefile/Nate Powers
É possível sim corrigir alguns detalhes – equilibrar cores, melhorar levemente a exposição, etc. – tanto no laboratório quanto no Photoshop, mas foto ruim é foto ruim, quer seja em negativo quer seja em RAW.
Pensando nisso, e na economia de tempo conseguida com a diminuição da necessidade de tratamento nas fotos digitais, o Baixaki preparou estas dicas para ajudar você a obter sempre o melhor resultado possível direto na câmera.
Como fazer?
O primeiro passo para poder dispensar o Photoshop (ou qualquer outro software de tratamento) em suas fotos e mesmo assim ter imagens de qualidade é conhecer o seu equipamento. As características, limitações e funcionalidades que a câmera e os acessórios oferecem são determinantes no resultado final da imagem.
Ajustes manuais ou modos automáticos de captura, particularidades de lentes e uma variedade de outras informações importantes estão no manual de instruções do seu equipamento. Estude-o, pois esse guia evita que erros comuns sejam cometidos sem perceber.
Cada vez mais
Praticar também é essencial. Como toda atividade técnica, quanto mais você fotografar e analisar o resultado obtido, maior será o desenvolvimento do seu “olho fotográfico”. Fotografe de tudo, o tempo todo.
Mas ainda mais importante que ter muitas imagens é descobrir o que funciona ou não. Para isso, aprender com os próprios erros é essencial. Veja fotos que você sabe que não estão boas e tente descobrir o que faltou. Se você conseguiu consertar a imagem no Photoshop, pense em refazê-la aplicando todas as alterações do software antes mesmo de apertar o botão!
Se a foto estava muito escura – subexposta – e você clareou a imagem no programa, tente melhorar a exposição no momento da captura. Se o contraste estava baixo e teve que ser alterado digitalmente, filtros ou uma escolha de horário diferente podem resolver o problema sem usar o computador.
Ou seja, um dos segredos para conseguir boas fotos sem depender do Photoshop é fotografar bastante, e analisar o que está certo e errado em cada imagem, aliando assim técnica e conceitos da fotografia na melhor solução prática.
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Existem várias possibilidades de melhorar os resultados de fotografias sem depender do Photoshop, e todos eles incluem cuidados antes, durante ou logo após o acionamento do disparador.
Antes da foto
A preocupação com luzes, sombras e com os ajustes do equipamento são essenciais para uma boa fotografia. Desde a posição da câmera até a configuração de cada disparo, tudo influencia o resultado final.
Para a grande maioria dos casos, a regulagem da câmera já oferece condições de otimizar o registro através dos modos de fotografia (paisagem, retrato noturno, etc.) ou de configurações manuais de abertura, velocidade e outras variáveis.
Cores certas
Apesar disso, um dos fatores determinantes para a qualidade da imagem é, principalmente em câmeras intermediárias ou profissionais, ignorado pelos fotógrafos iniciantes: o balanço de branco.
As cores que a câmera “enxerga” não são as mesmas que vemos. Isso acontece porque o sensor não conta com um cérebro capaz de discernir as diferentes tonalidades de luz e processar as cores de acordo da forma como o olho humano faz.
Fonte da imagem: Luciano de Sampaio
Para obter cores reais em uma foto digital, é necessário, portanto, informar à câmera qual a referência de cor mais propícia para cada foto, e é exatamente isso que significa balancear o branco da câmera.
Idealmente, deve-se utilizar o balanceamento de branco personalizado, utilizando um cartão branco ou cinza claro como referência para a câmera. Porém, se o seu equipamento não conta com essa opção, utilize os diferentes balanços pré-definidos (tungstênio, sombras, flash, etc.) em vez do balanço automático.
Além do horizonte
A composição de uma imagem apresenta vários fatores que devem ser considerados em conjunto. A posição dos temas principais da foto, a diferença de iluminação entre os diferentes planos, etc. Mas assim como o balanço de branco é uma configuração muitas vezes esquecida, a composição também tem um fator que é constantemente deixado de lado: o horizonte.
Fonte da imagem: Danielo Cavalli
Provavelmente você já viu fotos de uma belíssima praia ao pôr-do-sol, com o mar azul escuro e o céu dourado, não é mesmo? Agora vasculhe por outras imagens da mesma cena e quase certamente você encontrará pelo menos uma fotografia em que o mar aparece inclinado.
Seja pela pressão do dedo no disparador ou qualquer outro motivo, a “caída” do horizonte é um dos erros mais simples de consertar na câmera sem qualquer prejuízo para o fotógrafo. Tripés e apoios planos para a câmera, ou mesmo um pouco menos de força aplicada no momento do disparo, são suficientes para evitar que o mar “escorra” pelas laterais da imagem.
Momento decisivo
O “durante” da fotografia é instantâneo, durando apenas frações de segundo. Por isso, a quantidade de coisas que podem dar errado nesse momento é relativamente pequena. Porém uma das características mais usadas das câmeras é a responsável pela grande maioria dos defeitos em uma imagem: o flash.
Fonte da imagem: Dave Dehedre
A luz proporcionada pelo flash é, principalmente em câmeras compactas, uma das grandes vilãs da fotografia, causando olhos vermelhos, reflexos indesejáveis e escondendo detalhes do tema da foto, como expressões faciais ou texturas sutis.
Para evitar esses problemas, o ideal é não usar o flash e, quando não houver alternativa, tentar rebater a luz com alguma superfície branca e lisa, distribuindo a luz de maneira mais sutil.
Deu certo?
Depois de feita a foto, só resta descobrir se o objetivo foi atingido. Porém, o LCD das câmeras não é recomendado para uma conferência fiel da qualidade da imagem, por ser muito pequeno e, normalmente, ajustado para ser muito brilhante.
Para saber se o resultado final é bom sem sair da câmera, então, é necessário utilizar algum artifício que permita obter informação precisa sobre a qualidade da imagem. Apesar de não estar presente em todas as câmeras, uma ferramenta que permite descobrir se a exposição – e com mais estudo até mesmo o balanço de cores – está correta, é o histograma.
Fonte da imagem: Canon Digital Learning Center
O histograma informa a quantidade de cores existentes no quadro da fotografia. Do lado esquerdo estão as tonalidades escuras, enquanto matizes claros se distribuem pelo lado direito do gráfico.
Assim, para descobrir se a sua foto está bem exposta, basta conferir se a maior área preenchida do gráfico está no meio do histograma. Se as barras estiverem deslocadas para a esquerda, é grande a chance de a foto estar superexposta, assim como a subexposição gera muita informação escura, deslocando o gráfico para a direita.
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Essas dicas são apenas o começo de um processo que leva algum tempo para ser completado. Estudando o equipamento mais o resultado obtido com ele, e treinando sempre o olhar, é possível aproveitar melhor o tempo, usando as horas gastas em frente ao Photoshop com a atividade muito mais prazerosa de fotografar.
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