O clipe de papel é uma das invenções mais geniais já criadas. Apesar de ter sido inventado em 1867, sua utilidade foi espalhada pelo mundo com mais força somente no século XX. Contudo, não fosse graças aos esforços hercúleos de Anthony Wilhelm, talvez o instrumento mais engenhoso existente não tivesse chegado aos nossos tempos.
Anthony era herdeiro de uma família rica, e logo que viu a invenção pela primeira vez, descobriu qual era o sentido de sua vida: entregar ao mundo a revolução do clipe de papel. Em pouco tempo montou sua própria fábrica, mas seu caminho não seria nada fácil. Assim como ainda vemos hoje, há muita competição suja entre empresas de produtos semelhantes.
Revezes
A fábrica da primeira marca de clipes de papel não quis saber de concorrência e começou a realizar diversas manobras de sabotagem contra a concorrência. Não conseguindo manter o negócio, Wilhelm decidiu se mudar para Brasil e montar sua fábrica novamente, como sócio de um amigo de seu pai que estava interessado em investir no ramo.
O negócio deu certo e prosperou. Anos depois, Wilhelm se casou e teve um filho, para o qual deu o nome de Papércio Clipião. Ele cresce forte e saudável, porém se tornou um maníaco por clipes assim como seu pai. Com medo de ver o filho morrer solteiro por nunca sair da fábrica, Anthony falou com seu sócio e arranjou um casamento com a filha dele, Cláudia.
Fonte: Early Office Museum
Estranhamento, Cláudia era outra maníaca por clipes de papel e nunca se viu um casamento tão feliz quanto o deles. Dessa união nasceu Johan, porém ele não quis saber de clipes e virou arquiteto. Contudo, o filho dele, Samuel, foi ensinado desde cedo pelos avós a amar os clipes de papel e, devido ao seu conhecimento profundo sobre o assunto, ganhou a alcunha de “MacGyver” pelos colegas do colégio.
Papércio continuou a cuidar da fábrica depois que seu pai morreu, mas ele também logo teria sua vida extinta. Por causa disso, decidiu tomar Samuel como seu discípulo nas artes secretas do clipe de papel. Desde criança o garoto aprendeu várias técnicas e maneiras diferentes de usar a ferramenta miraculosa.
Treinamento básico: em casa
Como costumava correr pelo quintal brincando com seus peões feitos de clipes, geralmente Samuel aparecia com a roupa rasgada ou faltando algum botão. Para resolver isso, sempre que possível sua avó procurava usar clipes também. Por exemplo, certa vez ele apareceu sem botões, com a fivela do cinto quebrada e o cadarço arrebentado.
Assim como fazia para substituir seus brincos, fechos de colar e sutiã, alfinetes de fralda, prendedor de cabelos e zíperes, Cláudia usou clipes de papel para consertar os problemas de vestimenta do neto: bastou abrir alguns clipes, ajustá-los adequadamente e pronto, tudo estava resolvido.
Como você pôde notar, a avó também sabia vários truques com o aparato de metal. Mas sua utilidade durante o cotidiano ia muito além disso. Na cozinha, usava clipes para tirar sementes de morangos, fechar sacos de pão e desobstruir saleiros entupidos – sem mencionar o paliteiro cheio de clipes esticados em vez de palitos de dente. Outras utilidades incluíam usá-los como saca-rolhas, pinça e abridor de tampas de alumínio.
Na sala de estar da casa dos Clipião havia um belo e enorme lustre inteiramente feito de clipes. Para prendê-lo no teto sem perder o controle da furadeira elétrica, Papércio usou um clipe para abrir um buraco pequeno, de forma a apoiar a ponta da furadeira sem que ela escapesse dali quando ligada.
Fonte: Etsy
Apesar de não parecer possível, boa parte da limpeza da casa era possível somente graças aos clipes: com seu diâmetro diminuto, ajudavam a limpar frestas e azulejos – além de servir para desentupir tubos de spray usados, por exemplo, para lubrificar dobradiças de portas.
Treinamento intermediário: no escritório
Papércio permanecia boa parte do dia em seu escritório, cuidando dos assuntos da empresa, enquanto Samuel brincava no quintal ou via sua avó usando clipes no cotidiano. Depois de crescer um pouco, ele começou a brincar menos fora de casa e voltar sua atenção para novas tecnologias – consequentemente, passou a ficar mais tempo dentro do escritório, junto ao avô.
Enquanto aprendia a usar o computador e outros gadgets da época, Samuel pôde ver quais os usos que seu avô fazia dos clipes de papel. Ao olhar ao seu redor notou diversas gambiarras: molho de chaves com chaveiro de clipes largado na escrivaninha, clipes segurando papéis (sim, eles também fazem isso!), vários porta-retratos (também de clipes) com fotos da família e uma calendário com folhas soltas, presas com a ferramenta.
Fonte: Thinking Fountain
Então, aos poucos Samuel passou a prestar atenção em seu avô enquanto ele estava distraído com o trabalho. Com isso, notou outras técnicas: desentupir tubos de cola, marcar páginas de livros, limpar o compartimento do apontador e usar em raspadinhas de loteria. Talvez a técnica mais interessante que ele tenha levado para sua adolescência tenha sido a de amarrar um clipe a um barbante e passar bilhetes românticos para o andar de baixo (bodas de ouro cheias de amor!).
Assim como em qualquer época do ano, visitar a casa dessa família no Natal era algo curioso. Quem aparecia para a ceia notava os enfeites da árvore de Natal presos por clipes e pequenas lâmpadas feitas com um LED em uma ponta e uma pilha de relógio na outra.
Treinamento de campo
Quando o avô tirava férias do trabalho, frequentemente levava o neto para acampar e, obviamente, fazia de tudo para usar clipes de maneira útil. Antes de viajar os pneus eram enchidos, mas caso enchessem demais, usava-se um clipe para tirar o excesso. Se algum acidente fizesse o escapamento do carro cair, também se usavam clipes para prendê-lo até alcançar um mecânico. O mesmo acontecia quando um fusível queimava, porém nem sempre substituí-lo por um clipe funcionava.
Uma vez montado o acampamento, tratavam de fazer uma churrasqueira com correntes de clipes, uma bússola e anzol. Caso a arma caísse e ficasse com a mira estragada, bastava grudar um clipe para substituir a massa de mira. Por outro lado, caso Samuel caísse e machucasse os dedos, usavam-se clipes esticados no lugar de talas.
À noite, ao redor da fogueira, Papércio tocava violão (afinado com um diapasão feito de clipe) e Samuel fazia a percussão com uma latinha cheia de clipes. Antes do churrasco, limpavam suas unhas com água e tiravam a sujeira incrustada com a ponta de clipes. Depois, antes de dormir, brincavam com jogos de tabuleiro (cada peça era um clipe torcido de maneira diferente).
Treinamento avançado: computadores e gadgets
Após anos treinando com os avós, Samuel viu que todas as técnicas aprendidas poderiam ser adaptadas e usadas em auxílio das tecnologias modernas. Pensando em como fazê-lo, logo chegou à conclusão de que ela seria útil na limpeza de componentes externos de computadores e no manuseio dos internos.
Como exemplo do primeiro, temos tirar a sujeira entre os botões do teclado e dos rolamentos de mouses de bolinha. Já do segundo é possível citar: testar a fonte do PC para ver se ela funciona (com a fonte totalmente desconectada do PC e ligada à tomada, entorte um clipe em forma de “U” e, no flat que encaixa na placa-mãe, insira uma ponta no cabo verde e outra num preto), remover a BIOS e substituir parafusos para prender algumas placas.
Fonte: Dean and Yings Blog
Na ânsia de descobrir mais utilidades, Samuel começou a cutucar todos seus aparelhos com a ponta de um clipe. Assim, conseguiu tirar o cartão SIM do iPhone, ejetar o drive de CD com o computador desligado, reiniciar (por meio do botão "reset") dezenas de gadgets e substituir a antena de sua TV LCD. Usando conhecimentos mais avançados, também conseguiu criar uma antena Wi-Fi – sem mencionar um suporte de mesa para assistir a vídeos com o iPhone na horizontal, sem precisar segurá-lo.
Comece a treinar você também!
Como diria MacGyver: “O clipe de papel é uma coisa maravilhosa. Já perdi a conta de quantas vezes ele já me tirou de verdadeiras ciladas”. Caso não conheça o herói do seriado de mesmo nome, confira as imagens e vídeos espalhados por todo o artigo.
Fonte: PoweredByLarios
Você já deve ter percebido, mas toda a história acima não passa de ficção, foi tudo inventado. Entretanto, as dezenas de utilidades e técnicas mencionadas aqui são verídicas e é possível encontrar na internet detalhes sobre como realizá-las de forma segura. Além disso, tenha em mente que alguns dos usos mencionados são extremamente perigosos, como a substituição de um fusível queimado por um clipe.
As utilidades para um clipe de papel são infinitas, portanto, elas não estão limitadas às mencionadas neste artigo. Caso você conheça outras técnicas que julgue interessantes, não deixe de compartilhar com os outros usuários do Baixaki e seja considerado um novo MacGyver!
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