(Fonte da imagem: ShutterStock)
O Brasil já possui redes 4G disponíveis nas principais cidades do país. Esse movimento estratégico se deve, principalmente, ao fato de que sediaremos pelo menos dois grandes eventos internacionais nos próximos anos: a Copa do Mundo da FIFA, em 2014, e os Jogos Olímpicos de 2016.
No momento, as operadoras de celular começam a anunciar seus planos comerciais de 4G, como é o caso da Claro e da Oi. As duas empresas inauguraram o serviço da rede de telefonia móvel de quarta geração para a cidade de São Paulo, no último dia 25, com planos que custam R$ 100 em média.
Mas o que significa, na prática, ter cobertura 4G no país? O Tecmundo já publicou alguns comparativos sobre essas duas redes, ressaltando as diferenças que existem entre as duas tecnologias. Porém, se pensarmos na infraestrutura, é provável que muita gente não saiba que tipo de equipamentos foi necessário para fazer com que o 4G chegasse ao consumidor final.
Novas antenas e torres
Apesar de ainda funcionarem de maneira semelhante, existem diferenças muito visíveis entre as redes móveis 3G e 4G. A princípio, o caminho da comunicação permanece o mesmo: os celulares enviam sinais para as torres e, logo em seguida, essas torres repassam os dados para uma central de comunicações. Porém, o que muda realmente são os equipamentos.
A rede 4G opera em uma frequência distinta da 3G e, por isso, são necessárias antenas diferentes e que possam operar na faixa de 2,5 GHz, reservada pelo governo brasileiro para esse tipo de comunicação.
As antenas 4G são mais baixas do que as 3G e possuem um sinal bem mais denso. Se uma torre 3G pode compartilhar o sinal com cerca de 60 a 100 telefones, a 4G aumenta em muito esse número: uma torre da nova rede pode servir de 300 a 400 pessoas, suportando muito mais usuários simultâneos.
Em contrapartida, as antenas 4G fornecem uma cobertura menor, exigindo que mais antenas sejam instaladas para que o sinal se mantenha consistente. De acordo com o site Baguete, o número de antenas instaladas deve duplicar para o bom funcionamento do 4G.
Antenas 4G têm sinal mais denso, mas cobertura menor (Fonte da imagem: Reprodução/Extra)
Burocracia contra o 4G
E essa expansão não é fácil. De acordo com o Terra, o Brasil precisa de 30 novas antenas por dia para que a rede de quarta geração esteja completamente implementada para a Copa de 2014. Porém, esses equipamentos precisam de uma licença do governo que autorize a sua instalação, e é exatamente nesse ponto que as operadoras têm encontrado dificuldades.
Para ter uma ideia de como esse processo pode ser lento, o diretor-executivo do sindicato das operadoras SindiTeleBrasil, Eduardo Levy, declarou em entrevista para o UOL que o prazo para obtenção de licenças para instalar uma única antena pode demorar de 6 a 8 meses. Há situações ainda mais complicadas, em que são necessárias sete licenças para a instalação de uma única antena.
A razão para essa lentidão é o fato de que cada cidade possui suas regras para a instalação desse tipo de equipamento. Em algumas, por exemplo, as antenas não podem ser instaladas perto de escolas ou hospitais. Dessa forma, a taxa atual é de 15 antenas instaladas por dia, metade do número necessário.
Para resolver esse imbróglio, há a Lei Geral das Antenas (Lei 5013/13), que tenta padronizar todas essas regras municipais e estaduais para instalação dos equipamentos. O projeto foi aprovado em fevereiro pelo Senado, mas ainda está aguardando tramitação na Câmara dos Deputados. Essa lei prevê, por exemplo, concessão automática para instalação de antenas caso as prefeituras não se posicionem contra em até 60 dias.
(Fonte da imagem: ShutterStock)
3G pelo ar, 4G pela terra
Há também outra mudança importante e que é responsável direta pelo aumento da largura de banda. No caso do 3G, a comunicação entre as torres e a central telefônica é feita por ondas de rádio. Já na quarta geração da rede móvel, esses dados são trocados por cabos de fibra óptica. Isso aumenta a largura de banda e, consequentemente, entrega mais velocidade de navegação para quem costuma navegar pelo celular, já que metade do caminho percorrido pelos pacotes de dados é feito por esses cabos.
O mesmo caminho é percorrido, de maneira inversa, para entregar os dados solicitados aos celulares dos clientes, sendo que há faixas de frequências separadas para o envio (uplink) e recebimento de dados (downlink), fazendo com que um não interfira no outro.
Estádios e aeroportos
Além de toda a instalação de cabos de fibra óptica, de novas antenas e torres nas principais cidades do país, as operadoras estão investindo R$ 200 milhões para oferecer uma cobertura 4G melhor nos estádios e aeroportos brasileiros.
Cerca de 12 estádios terão salas exclusivas para a instalação de equipamentos que devem reforçar o sinal da rede de comunicação nesses locais. A mesma operação deve levar o sinal do 4G aos aeroportos das capitais que receberão os jogos da Copa do Mundo da FIFA, garantindo que todos possam navegar com mais tranquilidade.
Celulares compatíveis no Brasil
Outra ponta da infraestrutura necessária para o funcionamento do 4G em nosso país diz respeito aos consumidores, que se quiserem desfrutar de toda a velocidade dessa rede precisarão ter aparelhos capazes de suportar esse tipo de tecnologia. Vale a pena reforçar que a troca de celular não é obrigatória e que as redes 2G e 3G continuarão em operação.
LG Optimus G, um dos modelos 4G disponíveis no Brasil (Fonte da imagem: Reprodução/Tecmundo)
Porém, quem quiser fazer a migração já pode escolher entre diversos modelos disponíveis nas principais lojas do país. Entre eles estão Sony Xperia ZQ, LG Optimus G, Motorola Razr HD, Nokia Lumia 920 e o recém-lançado Samsung Galaxy S4. Novos aparelhos também devem chegar logo ao Brasil, como é o caso do Galaxy Express.
Desafogando o 3G
O investimento em 4G no Brasil pode resultar em outro aspecto positivo: com a migração dos clientes mais exigentes para a nova rede, o 3G tende a ficar menos congestionado e ganhar um aumento no desempenho. Afinal, quanto menos pessoas estiverem conectadas a uma mesma célula, maior será a velocidade para tráfego de dados.
Agora, só nos resta saber quanto tempo levará para que os preços dos planos de 4G diminuam. Isso deve acontecer à medida que a oferta e a procura pela nova rede aumentarem. Enquanto isso, ficamos na torcida para que o 4G se torne rapidamente o novo padrão de comunicação móvel no Brasil.
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