Projeção 3D pode tornar videoconferências mais próximas do contato humano (Fonte da imagem: Reprodução/USC)
Depois de fazer muito sucesso em décadas passadas e, em seguida, cair no esquecimento, a técnica de filmes em terceira dimensão foi recuperada pela indústria durante os anos 2000, quando novas tecnologias surgiram. Se antes era necessário assistir às películas com os famosos óculos de lentes azul e vermelha, métodos como o IMAX 3D e Real D vieram para revolucionar a experiência de ir ao cinema.
As vantagens são diversas: além de maior imersão, essas tecnologias preservaram melhor as características da imagem, prejudicando menos as cores da produção, por exemplo. Mesmo assim, é possível que o 3D passe por uma nova crise, tanto no cinema quanto nos televisores domésticos.
Criticado por muitos, há quem diga que o recurso é usado de forma muito superficial por Hollywood, que apenas converte filmes de 2D para 3D, sem fazer uso realmente necessário da tecnologia. Além disso, há a preocupação com a baixa taxa de contraste proporcionada pelos óculos. Como se não bastasse, diversos profissionais da indústria já fizeram duras críticas ao 3D, como é o caso de Christopher Nolan, que considera um engano vender a ideia de que filmes 2D não oferecem percepção de profundidade.
Apesar disso, ainda há quem acredite no potencial das imagens em terceira dimensão e realize pesquisas que poderão, um dia, revolucionar a forma como assistimos a filmes, fazemos videoconferência e consumimos entretenimento.
Paul Debevec: explorador do futuro em 3D
Considerado pelo Instituto de Tecnologia de Massachussets como um dos 100 principais inovadores do mundo abaixo dos 35 anos, o pesquisador Paul Debevec é conhecido por seus avanços na área da computação gráfica, e seus trabalhos já influenciaram os recursos visuais de diversas produções cinematográficas, como “Matrix”, “King Kong”, “Superman - O Retorno, “O Espetacular Homem-Aranha 2” e outros.
Projeção 3D em display construído com espelho que gira em alta velocidade (Fonte da imagem: Reprodução/USC)
E mais do que inventar novas técnicas de filmagem ou de modelagem 3D, Debevec também explora maneiras de exibir conteúdo em três dimensões de maneira mais disruptiva, ou seja, que rompe com o padrão que temos visto até o momento. Uma das pesquisas de Debevec, por exemplo, consiste na criação de displays 3D baratos e com uma vantagem bastante atraente: a possibilidade de a imagem 3D ser vista de diferentes ângulos.
E não estamos falando apenas de poder assistir a uma tela 3D sem estar sentado exatamente em frente a ela, mas de podermos assistir a uma cena sob outros pontos de vista, como das costas de um personagem ou até mesmo de cima.
Display 3D feito com espelhos rotatórios
O vídeo acima demonstra o uso de um dos projetos mais famosos liderados por Debevec, um vídeo de alta velocidade sendo projetado sobre a rotação de um espelho com revestimento especial para difusão de imagens holográficas. O resultado é impressionante: imagem tridimensional de 360º e interativa, que pode ser vista simultaneamente por pessoas ao redor do display.
Apesar de o grupo de pesquisa ter a noção de que as telas planas são a base da experiência de entretenimento da maior parte dos usuários, é importante perceber que esse tipo de display representa apenas uma pequena porção do nosso mundo físico. O mundo real é composto de objetos 3D completos e, para a equipe de Debevec, as novas tecnologias não terão sucesso a não ser que sejam transparentes para o telespectador, ou seja, que dispense o uso de acessórios especiais, como óculos, e não gere imagens borradas ou um pequeno campo de visão.
Outra novidade presente neste projeto é o fato de que a equipe desenvolveu um algoritmo próprio capaz de corrigir erros de perspectiva que apresentavam algumas distorções para o telespectador. Por si só, isso já seria avanço o suficiente, porém saiba também que esse sistema de projeção pode trabalhar não apenas com imagens pré-computadorizadas, mas também com aquelas geradas em tempo real.
Teleconferência com olho no olho
Conversar olhando nos olhos ou na direção de alguém é algo tão comum que, muitas vezes, esquecemos como seria parte da comunicação humana sem essas peculiaridades. Mas Debevec e sua equipe de pesquisadores não só lembram isso com frequência como também pretendem levar esse tipo de característica para as videoconferências realizadas por milhares de pessoas diariamente.
De acordo com a página da pesquisa, o contato visual e o direcionamento da face do interlocutor em uma conversa promovem mais emoção, interesse e atenção em uma conversa. Infelizmente, essas são ações que se tornam praticamente imperceptíveis em conversas via Skype ou Hangout, visto que a imagem fornecida pela webcam de um computador é bastante plana.
Por isso, a equipe desenvolveu o sistema ideal para chamadas desse tipo. Usando a mesma técnica do display de espelho giratório, mas com material e geometria adaptados para a exibição do rosto humano, essa “cabine” de videochamadas projeta a face da pessoa em tamanho real.
O participante da conferência que tem seu rosto projetado em terceira dimensão consegue ver os demais interlocutores da conversa interagindo com sua “cabeça virtual” por meio de um vídeo 2D. Isso, aliado ao fato de que o sistema possui câmeras alinhadas com os olhos do rosto em 3D, faz com que os participantes possam ver a cabeça do teleconferencista se dirigindo a cada um, como se estivessem em uma roda de conversa no mundo real.
A ideia toda é muito parecida com as conversas feitas com hologramas nos filmes da série Star Wars. Pena que, por enquanto, estará restrita ao seu uso no planeta Terra, ou seja, nada de homenzinhos verdes.
Vetor de projetores promove mais realismo
Outra proposta desenvolvida com a ajuda de Debevec consiste em uma sequência de projetores, alinhados, que exibem imagens em uma tela difusora posicionada de frente para o telespectador. A projeção é feita em direção aos olhos de quem assiste e não no sentido contrário, como acontece normalmente.
Mais do que isso, o grupo encontrou maneiras de baratear o custo dessa técnica e de usar apenas um projetor que se movimenta mecanicamente como forma de simular o vetor de projetores. No vídeo acima é possível ver o sistema em funcionamento, exibindo diferentes qualidades de imagem.
Display holográfico e interativo
E não é só o laboratório de Debevec que tem realizado pesquisas nessa área. A empresa Holoxica, especializada em holografia, divulgou recentemente o segundo protótipo de um display que parece ter saído de um filme de ficção científica: além de 3D, é holográfico e permite a interação do usuário.
O sistema é composto por uma lente especialmente desenvolvida para holografias, um controlador digital, um sensor de movimento e um projetor a laser. As imagens são formadas no ar, cerca de 20 centímetros acima do plano do equipamento, e possuem área de 7 x 7 cm.
A interação do usuário com o conteúdo exibido é feito com a ajuda do sensor de movimento de um Kinect, e diversos aplicativos já foram desenvolvidos para esse fim. Além de “tocar” em ícones, o usuário pode “desenhar” no ar e até se divertir com joguinhos no estilo Pong.
De acordo com o site Tech Radar, a tecnologia poderia ser implantada em automóveis no futuro, o que colaboraria para uma forma mais intuitiva de usar sistemas de navegação, por exemplo. Vale a pena esperar para ver o que o futuro nos reserva, mas também torcer para que um mapa holográfico flutuando no interior do automóvel não distraia demais os motoristas.
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