No início do ano, a feira de eletrônicos CES 2010 foi tomada por e-readers (leitores digitais), o que gerou uma mobilização de boa parte da indústria de tecnologia para lançar novos aparelhos e implementar melhorias aos sistemas que já estavam empregados nos dispositivos lançados até então.
O mercado dos leitores digitais se agita a cada dia, calcula-se que apenas em 2009 mais de cinco milhões de aparelhos tenham sido vendidos em todo o mundo. Esses números animaram ainda mais as grandes fabricantes(vírgula) que veem no segmento uma oportunidade de lucrarem muito nos próximos anos.
A Qualcomm, empresa responsável pela fabricação e distribuição de chips controladores para tablets, netbooks e e-readers, também entrou na corrida por novos avanços tecnológicos referentes aos leitores.
A empresa anunciou, neste mês, o lançamento de um novo modelo de telas para os dispositivos, baseado em elementos da natureza e que promete revolucionar o mundo digital. São as telas Mirasol.
Inspiradas nas borboletas (que, apesar de não possuírem muita pigmentação nas asas, refletem cores estonteantes e por isso são consideradas algumas das mais belas criaturas da natureza), as novas telas aproveitam a iluminação do ambiente em que estão para refletir a luz e causar impressões visuais de saturação e brilho com bastante qualidade e fidelidade.
As telas do Qualcomm não são de LCD, nem possuem a tecnologia utilizada em outros leitores digitais, como a e-Ink, que simula o papel de verdade. Na verdade, as telas Mirasol apenas utilizam um sistema mecânico que reflete a luz ambiente.
Como a reflexão gera cores na tela?
Essa reflexão só é possível graças à nova forma de modulação das telas, a IMOD (Modulação Interferométrica, que gera cores combinando luzes de diversas fontes diferentes). Com esse novo padrão de reflexão de cores, as telas Mirasol dispensam a necessidade de luzes de fundo, podendo, portanto, utilizar menos energia.
O IMOD é composto por duas placas condutoras. Uma é formada por uma camada de filme e acoplada a um substrato de vidro, a outra é uma membrana reflexiva e suspensa sobre esse substrato. Entre as duas placas existe um vazio, completo apenas por ar.
- Glass substrate: substrato de vidro
- Thin film stack: camada fina de filme
- Air gap: espaço preenchido por ar
- Reflective membrane: membrana reflexiva
- Open state: aberto
- Collapsed state: pressionado
- Red subpixel: subpixel vermelho
- Green subpixel: subpixel verde
- Blue subpixel: subpixel azul
Quando tocadas por uma voltagem baixa, as duas placas se aproximam devido à atração eletroestática, mas quando não há voltagem aplicada, as placas são separadas. Quando juntas, os elementos ficam escuros, quando separadas, ficam brancos. A cor representada pelo IMOD é gerada através da distância entre as duas placas.
Cada IMOD é minúsculo, possuindo até mil pontos por polegada. Para a criação de uma tela com IMODs, são utilizados muitos deles, assim criando painéis em vários formatos para a utilização em diversos dispositivos.
Baixo consumo
Nesse ponto, as telas Mirasol demonstram mais uma vez a inspiração da natureza utilizada na montagem do eletrônico. Por ser um gadget de baixo consumo, tendo autonomia de bateria de até 8,6 dias, os e-readers são considerados eletrônicos verdes, ou seja, não são ambientalmente nocivos.
Aplicando as telas
Para apresentar as telas, a Qualcomm utilizou um protótipo de e-reader chamado de Qualcomm Mirasol. O eletrônico possui uma tela pequena em relação a outros aparelhos que começam a ganhar espaço no mercado, são apenas 5,7 polegadas, mas a qualidade obtida não deixa a desejar, nem mesmo quando colocada ao lado de displays Pixel Qi.
Outra funcionalidade que o leitor digital da Qualcomm possui é a capacidade de reproduzir vídeos com alta qualidade e sempre com cores, ao contrário do que outras telas de e-reader oferecem a seus usuários, como vídeos coloridos apenas na presença do sol. Ainda não foram divulgados dados sobre reprodução de vídeos em alta definição.
Quando utilizado na função de leitor digital, o Qualcomm Mirasol pode ser configurado para exibir animações a cada troca de página, simulando o que acontece com livros fisicamente reais, sempre ressaltando a fidelidade obtida na representação das escalas cromáticas presentes nas páginas.
Além de leitor digital e reprodutor de vídeos, o Qualcomm Mirasol também pode ser usado para navegação na internet.
Limitações das telas reflexivas
O grande problema encontrado nas telas Mirasol é a falta de estabilidade na fidelidade de reprodução de cores. Quando estáticas, as telas refletem cores perfeitamente, mas em variações na angulação, ocorrem perdas significativas da representação das escalas cromáticas obtidas pelo reprodutor de vídeos ou leitor digital.
Estima-se que no futuro, as telas Mirasol possam ser utilizadas em vários dispositivos eletrônicos, não apenas em e-readers. Com isso, espera-se que a qualidade nas imagens obtidas esteja crescendo a cada novo aparelho lançado.
O que você espera dessa nova tecnologia? Quais dispositivos podem aderir às telas Mirasol?
Categorias