Se você acabou de comprar aquela televisão Full HD super moderna, com resolução de imagem de 1080p achando que o aparelho que vai ocupar um lugar de destaque na sua sala é o que existe de mais moderno em termos de resolução de imagens saiba que está redondamente enganado.
Calma, não é motivo para pânico. Estamos falando de resolução de imagem e, em termos de televisão, ainda deve demorar um pouco para surgirem novidades que ampliem tão significativamente a qualidade das imagens exibidas.
Porém, em termos de cinema, uma nova tecnologia que já começa a se tornar realidade promete multiplicar por cinco a qualidade de definição das imagens digitais. Trata-se do cinema 4K, a melhor resolução possível até o momento para captação e exibição de imagens digitais.
Qual é a revolução do 4K?
Embora o avanço da tecnologia digital seja mais visível nas telas dos cinemas a cada dia, a maioria das grandes produções do cinema norte-americano ainda prefere captar as imagens utilizando os filmes em película 35 mm.
A opção tem uma justificativa: nem mesmo a mais moderna das tecnologias digitais de captação de imagem consegue reproduzir com alta fidelidade de cores e qualidade de imagem como a tradicional película, especialmente em cenas noturnas e ou com pouca iluminação.
A forma mais usual de exibição das imagens nos cinemas, da mesma forma, ainda é a película. Ou seja: se alguém quiser captar as imagens usando um sistema digital, por exemplo, terá depois que transferi-las para película na hora da exibição.
Como essa transição é feita de um suporte com qualidade inferior de resolução para o um suporte de qualidade superior, a percepção de perda de qualidade é maior o que, na prática, torna-se algo desnecessário.
Em 2006 os grandes estúdios começaram a testar uma tecnologia de captação de imagens digitais chamada 2K. Esse sistema contempla uma resolução de 2048x1080 pixels. Para se ter idéia, é uma resolução levemente superior a da HDTV que exibe imagens em 1920x1080 pixels.
Colocando isso em termos comparativos, o resultado final no cinema poderia ser comprometido caso não fosse exibido por meio de um projetor adequado para 2K. Numa televisão, com tamanho menor, a percepção das falhas também é menor, mas numa tela gigante de cinema os mais detalhistas com certeza poderiam encontrar incômodos detalhes.
A tecnologia 4K propõe algo bem acima do que você se acostumou a ver. Com ela, a resolução de captação e de exibição salta para impressionantes 4096x2160 pixels de resolução – definição cinco vezes maior do que a melhor das telas de cinema em 2K.
Isso significa a compressão de 8 milhões de pixels em uma única imagem e, claro, a possibilidade de telas ainda mais amplas sem que haja algum tipo de perda visível na resolução das imagens.
Para armazenar imagens de tamanha qualidade também é preciso de um respeitável sistema de armazenamento de dados. Para você ter uma idéia, um segundo de filme na qualidade 4K ocupa cerca de 2GB de espaço em disco. Nessa proporção, um filme com duração de 70 minutos ocuparia impressionantes 2,6 Terabytes.
O 4K revoluciona também a internet
Você pode imaginar que 2,6 Terabytes é muita coisa para apenas um filme. E é mesmo. Com exibição digital os velhos rolos de filme seriam substituídos por pequenos HDs contendo o filme, mais práticos de serem transportados, mas também muitíssimo mais sujeitos à pirataria.
A solução encontrada é simples. Ao invés de transportar HDs por aí com o filme que tal transmiti-los via satélite pela internet? Com isso são eliminadas as cópias, já que apenas a matriz original é executada e a interceptação desses arquivos deixa de existir.
Porém aí surge outro problema: como transmitir 2,6 Terabytes, com qualidade máxima, via internet? É justamente nesse quesito que a tecnologia 4K entra com a sua contribuição para o mundo da internet.
Em nossas residências ou no trabalho estamos acostumados com conexões que variam, em geral, de 1MB a 10MB de largura de banda. Algumas empresas podem ter links dedicados com bandas maiores. Mas todos giram na casa de alguns megabytes.
Para a transmissão de um filme 4K via internet é preciso de um link dedicado também, mas de 10GB de banda. Sabe o que é isso? Para você ter uma idéia toda a comunicação entre a internet brasileira e a internet norte-americana é feita por meio de um link de 2,5 GB de banda.
Tecnologia de ponta também no Brasil
Se você imagina que isso vá demorar alguns anos para chegar aqui no país, nesse caso, terá uma grande surpresa. A primeira transmissão de um filme em 4K aconteceu justamente por aqui, no início do mês de agosto, durante o FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica – realizado em São Paulo.
Um grupo de pesquisadores acompanhou a transmissão simultânea de uma projeção para outros dois continentes. O filme pôde ser assistido ao vivo também por pesquisadores da Califórnia, nos Estados Unidos, e de Keyo, no Japão.
O resultado da experiência deve render os primeiros frutos para os usuários brasileiros logo em breve. O link internacional de 2,5 GB, utilizado até então, será desativado e passaremos a utilizar o link de 10 GB. Ou seja, mais velocidade estará disponível para a internet do Brasil.
Conheça os astros e estrelas do mundo do 4K
Projetor
Desenvolvido pela Sony, o projetor 4K é desenvolvido com uma tecnologia chamada SXRD, e tem números impressionantes como uma taxa de contraste de 2500:1 e uma lâmpada de 2KW que produz uma luz com intensidade de 11 mil lumens.
Essa versão é a top de linha. Existem alguns outros modelos que a empresa disponibiliza, mas com intensidades de luz menores, utilizando lâmpadas que variam de 5.000 a 10.000 lúmens. O preço? Por “apenas” US$ 114 mil você leva um desses para sua casa. Que tal?
Câmera
A câmera responsável por captar imagens em 4K é a poderosa Red One. Ela possui sensores de 2.1 Megapixels capazes de gravar imagens em 4K com até 30 quadros por segundo. Da mesma forma, grava também em resoluções menores como 3K (em até 60 quadros por segundo) e 2K (em até 120 quadros por segundo).
Seu foco e as suas lentes são as que mais se assemelham às câmeras de 35 mm. Além disso, ela é capaz de entregar imagens com resolução com compressão de até 12 milhões de pixels. O preço também impressiona. Para você ter uma idéia só o corpo dela juntamente com um conjunto de lentes, digamos, básicas (fotos acima) sai por US$ 36.500.
Já ela completa, com base, mais lentes, HDs externos, carregadores, telas de LCD e outros acessórios que acredite, com uma câmera dessas você vai precisar, fazem com que a brincadeira beire os US$ 100 mil.
Vale como curiosidade. Alguns filmes e séries que foram filmados usando essa nova tecnologia: Presságio, Uma Noite no Museu 2, Dia dos Namorados Macabro, Jumper, Anjos & Demônios e Distrito 9.
Mais qualidade, menos custos
A partir do momento que as transmissões em 4K estiverem disponíveis e, acima de tudo, funcionando pelo menos nos principais cinemas, elimina-se o custo das cópias em película e do envio para cada uma das salas de cinema em que os filmes serão exibidos.
Hoje, a cópia de um filme em película sai em média por US$ 1200. Uma grande produção – como Homem de Ferro, por exemplo – estréia em média em quatro mil salas, apenas nos EUA. Só aí já são US$ 5 milhões apenas em cópias.
Já um filme em 4K pode ser transmitido via web, sem custo algum ou, quando muito, enviado para as salas de cinema em um HD que, após a exibição, pode ser reutilizado para outros filmes. O resultado é que um filme pode estrear em mais salas ao mesmo tempo, sem que o orçamento estoure por conta disso.
Outro fator que também faz brilhar os olhos dos produtores é a possibilidade de combater a pirataria. Sem cópias digitais circulando por aí, é mais fácil evitar que pessoas mal intencionadas ponham as mãos onde não devem e passem para frente cópias ilegais.
E você, o que achou da novidade? Ansioso para que ela chegue de uma vez nos cinemas brasileiros? Comente a sua expectativa quanto ao cinema 4K.