Ter um livro nas mãos, porém sem as páginas e sem a necessidade dos movimentos de mudança de página, é algo em constante desenvolvimento. O que começou como algo destinado a áreas e grupos específicos de pessoas hoje já ganhou a atenção de grandes empresas e novas tecnologias surgem para a leitura de livros eletrônicos, mais comumente chamados de e-books. Neste artigo, você vai saber mais sobre o progresso de leitores digitais e como a tecnologia está hoje.
Entusiastas da leitura digital começaram a utilizar a tecnologia para manuais técnicos de hardware, técnicas de fabricação e assuntos similares. Pouco a pouco, grandes desenvolvedoras de software, como a Adobe, se interessaram e começaram a criar seus formatos de conteúdo de texto digital. Hoje, dois modelos de leitor dominam o mercado: o Kindle, da Amazon, e o Sony PRS.
O que é um leitor digital?
A definição de leitor digital é simples: um dispositivo que exibe o conteúdo de livros digitais e que pode ser exclusivo para este tipo de leitura ou ter outras funções também. O que esses aparelhos buscam como melhoria em relação ao manuseio convencional de livros é, principalmente, a portabilidade. Vários livros podem ser “carregados” em um único dispositivo sem peso nenhum, por exemplo.
O principal desenvolvimento tecnológico de um leitor digital é a tela. Uma vez que o dispositivo é para leitura, a tela de um leitor digital deve oferecer conteúdo nítido e claro mesmo sob forte luz solar. Da mesma maneira, um livro digital também pode ser lido com baixa ou até mesmo nenhuma luz.
Um PDA – dispositivo eletrônico com algumas funções de computador, telefone celular, tocador de música e câmera – capaz de exibir texto em sua tela também pode ser considerado um leitor digital, porém sem recursos específicos de exibição.
Benefícios e vantagens
Através de links, texto dentro de um livro pode ser facilmente pesquisado e acessado em instantes. Anotações podem ser feitas sem riscar nada nem rabiscar nenhuma página. Tamanho e tipo de fonte podem ser ajustados à sua preferência. Imagens animadas e conteúdo multimídia podem ser incorporados. Nenhum custo com papel e impressão. Esses são apenas alguns benefícios de um livro digital.
Conteúdo
Um livro digital é mais barato que um livro convencional. Isso sem contar que toda obra anterior a 1900 está sob domínio público, ou seja, encontra-se disponível gratuitamente. Obras brasileiras, por exemplo, podem ser encontradas no site Domínio Público, uma biblioteca especializada neste tipo de conteúdo.
A digitalização de um livro não é intrínseca à sua publicação. O fato de uma obra estar disponível em uma prateleira não quer dizer que ela está disponível digitalmente. Os livros do bruxinho Harry Potter, por exemplo, não estão disponíveis em formato digital por restrição da autora J.K. Rowling.
O conteúdo distribuído digitalmente para leitores digitais utiliza os princípios do gerenciamento digital de direitos, tradução livre para Digital Rights Management, ou seja, a maneira encontrada para impedir ou amenizar a distribuição e o uso não autorizados de diferentes tipos de conteúdo digital. De acordo com as restrições definidas pelo proprietário dos direitos de uma obra, um servidor de e-book pode limitar o acesso, a cópia e a impressão do material.
Livros digitais podem ser encontrados em lojas especializadas ou como uma seção em lojas maiores. A Sony e a Amazon, por exemplo, têm um grande catálogo de livros digitalizados. Afinal, as duas são grandes desenvolvedoras de leitores, então nada mais condizente do que material para rechear seus produtos.
Evolução
O primeiro leitor digital que se tem notícia é o computador. No começo da década de 90, conteúdo digitalizado era distribuído em CD-ROM. O primeiro livro digitalizado e o primeiro programa específico para leitura datam de 1993. No mesmo ano, outros 50 títulos foram digitalizados e novos conteúdos foram disponibilizados na internet.
Os primeiros dispositivos para leitura de livros digitais datam de 1998, são eles o Rocket ebook e o Softbook. Livros em inglês começaram a ser vendidos em sites especializados no ano seguinte.
Amazon e Sony fazem parte da história dos livros e leitores digitais. A Amazon passou a comercializar livros digitalizados em 1995. Dez anos depois, a loja adquiriu o Mobipocket, um software leitor para PDA como estratégia de mercado. Essa estratégia chegou ao ápice em 2007, com o lançamento do Kindle, o leitor próprio da Amazon, que hoje é uma referência da tecnologia.
O Kindle
Até hoje foram lançados três modelos do Kindle, além de uma versão para o iPhone. O dispositivo baixa conteúdo da Amazon Whispernet e possibilita acesso ao site Wikipedia. O formato é próprio do aparelho (AZW), mas outros formatos também podem ser executados. Atualmente, são quase 300 mil títulos disponíveis, sendo que trechos de obras são disponibilizados gratuitamente.
O primeiro modelo do Kindle tem display de 6 polegadas e escala de cinza de quatro níveis. Com 250 MB de memória interna, o aparelho armazena cerca de 200 títulos sem ilustrações. Esta capacidade pode ser maior com um cartão SD, uma vez que o Kindle é compatível. O aparelho foi disponibilizado somente nos Estados Unidos e substituído pela segunda geração, lançada em fevereiro de 2009.
O display passou a ter 16 níveis de escala de cinza, maior aproveitamento de bateria, atualização de páginas mais rápida, opção de text-to-speech (ou seja, leitura do texto em voz alta) e espessura reduzida para 9 milímetros. A memória saltou para 2 GB, aumentando a capacidade para cerca de 1500 livros sem imagens. No entanto, a segunda geração do Kindle não suporta cartão SD.
Mesmo com o Kindle 2 ainda como uma novidade, a Amazon anunciou, em maio de 2009, a terceira geração do dispositivo: o Kindle DX. O leitor apresentou uma série de novidades modernas. A orientação das páginas é alterada automaticamente conforme a posição do dispositivo nas mãos do leitor. A espessura foi novamente reduzida, desta vez para 8.5 milímetros, e a memória aumentou para 4 GB (isso equivale a cerca de 3500 títulos sem ilustrações).
O display antirreflexo e com suporte à tinta eletrônica tem 9.7 polegadas e resolução de 1200x824 pixels. A bateria dura até quatro dias com conexão sem fio ou duas semanas offline. Isso significa ler mais de 7 mil páginas “em uma tacada”, sem recarregar. O Kindle DX tem suporte nativo a arquivos PDF, caixas de som estéreo e segunda opção de conexão WiFi quando a conexão padrão não estiver disponível. O DX pode ser encontrado na faixa dos US$ 400.
Sony PRS
Em termos de leitura digital, a Sony entrou na briga com a Amazon. Começou em 2006, com o lançamento do Sony Reader PRS-300. De lá para cá foram quatro outros modelos. O Sony PRS hoje tem tela de papel eletrônico com suporte à tinta eletrônica, resolução de 166 dpi, oito níveis de escala de cinza e dispensa energia para manter uma imagem estática.
A interface do dispositivo é semelhante à do iTunes para a compra de livros da loja virtual própria da Sony. O leitor também é compatível com os formatos PDF, ePub, RSS, JPG, BBeB e até arquivos de áudio em MP3 e AAC.
O Sony PRS administra os direitos de autoria do conteúdo distribuído limitando o uso de um livro digital em seis dispositivos, sendo que um deles deve obrigatoriamente ser um computador. O último modelo é o PRS-700, lançado em novembro de 2008, com tela touchscreen que pode ser utilizada como um teclado virtual.
Uma vez que a tela é touchscreen, os 10 botões laterais foram removidos e notas podem ser tomadas com maior facilidade. Os botões para passagem de página continuam, mas também é possível fazer isso através do touchpad. Com espessura de 9.7 mm e display de 6 polegadas, o Sony PRS-700 tem resolução de 170 dpi e escala de cinza de oito níveis. A memória interna é de 512 MB e para condições de luz baixa, o Sony PRS-700 tem iluminação de LED.
O modelo PRS-700 não é mais encontrado na loja oficial da Sony. No entanto, o antecessor dele, o PRS-505, ainda está disponível. Este modelo tem tela de 6 polegadas com suporte à tinta eletrônica, oito níveis de escala de cinza, 8 milímetros de largura e 256 MB de memória interna. O preço: cerca de US$ 250.
A Apple vai entrar na briga?
O último rumor sobre a Apple é que Steve Jobs vai entrar na briga com um leitor de e-books já carinhosamente apelidado de iPhonão. É verdade que sempre há boatos rondando a maçã inovadora, e esse último ganha força a cada dia: uma tablet, algo entre iPhone e MacBook.
Segundo o jornal inglês Financial Times do dia 27 de julho, as tablets já estariam nas fábricas e o lançamento seria antes do Natal de 2009. A história foi adiante e além: um analista teve o privilégio de testar um protótipo do brinquedinho. O preço ficaria entre US$ 699 e US$ 799.
A tablet da Apple, como não poderia deixar de ser, teria a interface charmosa já conhecida e recursos do MacBook. Saiba tudo sobre este boato quente neste artigo sobre a tablet da Apple.
Outros aparelhos
Não são somente o Kindle e o Sony PRS que estão disponíveis no mercado. Outros modelos com diferentes recursos também podem ser encontrados. O Cybook Opus, por exemplo, é levíssimo e tem compatibilidade extensa, com diversos formatos digitais. O acesso e a transferência de arquivos é facilitado com simples recurso de USB. O preço varia em torno dos US$ 350.
O Readius, da Polymer Vision, é um leitor digital ainda mais portátil, pois sua tela de OLED é dobrável. O lançamento oficial deste produto no mercado ainda é uma dúvida e muitos questionam se ele vai chegar efetivamente às prateleiras.
Outro modelo é o Digital Reader 1000, desenvolvido pela iRex. O último lançamento tem função de tablet, conexões wireless e Bluetooth, touchscreen, tela de 10 polegadas com resolução de 1024x1080 pixels e 158 dpi. O preço: US$ 859 no site oficial do desenvolvedor.
Para 2010, dois leitores em desenvolvimento prometem trazer ainda mais inovações. O Plastic Logic tem a ambição de substituir o papel, permitindo o transporte de documentos digitais. A promessa é de espessura inferior a 7 milímetros e compatibilidade com documentos do Microsoft Office, PDF e outros.
Outro provável forte concorrente do Kindle é o txtr: menor, mais leve, com tela e capacidade idênticas, mas com suporte à porta MicroSD e mais variedade de conexão. O preço: cerca de US$ 500.
Previsões
Nem tudo é perfeito, e e-books também apresentam contratempos e desvantagens. Para ler um livro, basta adquiri-lo, e há diferentes maneiras para isso. Já para um livro digital, é necessário um dispositivo compatível e uma loja especializada. Isso sem mencionar a necessidade de uma fonte de energia.
Leitores digitais sofrem mais danos do que papel, e também há o risco de “ziquezira” típica de eletrônicos. Um livro não “dá pau” e impede você de ir à página 172, por exemplo. Há também o risco de olho gordo de ladrões pelo valor maior de mercado de um leitor digital, assim como a chance de ataques virtuais.
Há também a carência de material. Como foi mencionado, o fato de um livro ser publicado não é garantia de disponibilidade eletrônica.
É difícil dizer que leitores digitais e e-books vão acabar com o papel. Uma revolução desse tipo só acontece em massa, algo que esses leitores ainda não atingiram. É difícil convencer uma pessoa amante de um bom livro a trocá-lo por uma digitalização, e este pode ser um grande empecilho.
Um dispositivo com mais recursos do que somente leitura digital tem mais chances de sucesso. A proposta de somente ler um livro não é suficientemente atraente por si só, pelo menos por enquanto.
E você, caro frequentador do Baixaki, o que acha desta tecnologia e desta tendência? Não deixe de participar, deixe seu comentário, dê sua opinião. Você já viu um leitor digital? Usa um leitor digital? O que acha? Deixe sua visão sobre o assunto!
Categorias