A maioria dos brasileiros só viu um cassino nos filmes do James Bond ou em fotos de Las Vegas. Proibidos há mais de 60 anos por aqui, os jogos de azar acarretam em punição para quem os promove e para quem os pratica em todo o território nacional (o que não inclui cassinos online e casas de jogos estabelecidas em navios de cruzeiro).
Fora daqui, cidades inteiras se desenvolveram graças à atividade legal da jogatina, virando pontos turísticos e arrecadando verdadeiras fortunas com caça-níqueis, roletas e baralhos. Contudo, os trapaceiros são tão antigos quanto as regras de apostas.
Para se livrar dos prejuízos causados por eles, os cassinos armam esquemas complexos de proteção envolvendo os mais variados tipos de tecnologia. Acompanhe como isso funciona e descubra por que passar a perna num cassino requer duas vezes mais sorte do que jogar honestamente.
AmpliarMesa de Blackjack. (Fonte da imagem: Claveria Stephen Blog)
Xô, viciados!
Através de um sistema que reconhece placas automotivas, a segurança do cassino pode evitar que convidados indesejados criem problemas antes mesmo de eles saírem do carro. A tecnologia se sustenta por câmeras que registram as placas de todos os veículos que entram no estacionamento.
Depois, uma interface de reconhecimento ótico entra em ação para transformar as letras e números em texto. Agora, fica fácil: basta ao software comparar o resultado com um banco de dados que contém placas de quem não é bem-vindo à propriedade. Uma vez que a combinação de caracteres bata, a segurança é avisada imediatamente.
Reconhecimento facial
AmpliarSoftware com suspeitos catalogados. (Fonte da imagem: PopSci)
Se o engraçadinho vier de táxi ou algo parecido e ainda conseguir passar pela vigilância inicial, terá outro desafio a enfrentar: um método biométrico de reconhecimento facial. Além de identificar rostos humanos e fotografar, a tecnologia também cruza os dados com uma lista de pessoas suspeitas. Se o cadastro corresponder, bingo!
De olho no bacará
Trapaceiros profissionais são trapaceiros profissionais e pensam em todos os detalhes. Portanto, a segurança deve estar sempre um passo à frente deles. No bacará — jogo que não é tão popular no Brasil —, são distribuídas duas mãos de cartas (uma para a banca e outra para o jogador da vez). As cartas, quando somadas, devem ter um total próximo ou igual a nove para a mão sair vencedora.
Dessa forma, os apostadores devem arriscar seu dinheiro em alguma das opções para ganhar a rodada. Entre os jogadores mal-intencionados, a velha técnica de tirar cartas da manga continua entre as fraudes favoritas. Neste ano, ela rendeu US$ 1 milhão de prejuízo a um cassino americano até ser descoberta.
AmpliarTrapaça desmascarada. (Fonte da imagem: PopSci)
O aparato hi-tech projetado por um grupo de sul-coreanos ficava acoplado ao braço de um dos apostadores e possibilitava a troca de cartas de maneira sutil. Para distrair funcionários e seguranças, uma mulher agia em sociedade com os ladrões, usando seu poder de sedução enquanto seus comparsas trapaceavam.
Para se proteger, cassinos estão adotando um sistema de código de barras invisível em suas cartas oficiais. Em toda rodada, o crupiê confere discretamente os jogos com um sensor integrado aos seus sapatos que repassa as informações para um computador. Se alguma carta intrusa aparecer, alguém vai ter que ter uma “conversinha” com as autoridades.
Chips em fichas
Quem tem a genial ideia de falsificar fichas para jogar sem parar já não é tão inteligente assim. Hoje, a maioria dos cassinos usa chips embutidos nas fichas. E como manter o controle sobre elas, já que são tantas e circulam pelas mãos de tantas pessoas? Fácil: um sistema baseado na tecnologia RFID (identificação através de frequências de rádio).
Uma vez que uma peça sem o chip é colocada em uma aposta, o sistema detecta a farsa instantaneamente. Em um caso recente, um homem roubou o cassino de Bellagio, levando US$ 1,5 milhão em fichas. O que o estabelecimento fez? Apenas desligou os transmissores, inativando o uso de todas as peças furtadas na propriedade.
AmpliarCom a tecnologia, quem rouba ficha não tem mais vez. (Fonte da imagem: Claveria Stephen Blog)
Sorria, você está sendo filmado
Mesmo com toda a tecnologia apresentada anteriormente, os cassinos não conseguem combater integralmente os desvios de conduta dos seus próprios funcionários. Para evitar que crupiês e jogadores façam parcerias com o intuito de lesar a casa (e talvez dividir a grana depois), cada mesa tem câmeras que vigiam toda a ação e, em conjunto com um software (TableEye21), relatam em detalhes as estatísticas de perdas, ganhos e recorrências.
Legião da trapaça
E quando vários trapaceiros resolvem se juntar em uma noite de gala para fazer a festa em um só cassino: será que a estrutura de segurança consegue dar conta de múltiplos ataques? A partir do momento em que se percebe certo “jogo de comadres” e resultados suspeitos, um software batizado de Non-Obvious Relationship Awareness (NORA) pode entrar em ação.
Ele contém um banco de dados com as fraudes mais comuns utilizadas, valendo-se do monitoramento realizado pelo TableEye21 para saber os passos tomados pelos jogadores. O poder da ferramenta é tão grande que ela também já foi usada para combater terroristas.
AmpliarQuadrilha de chineses presa por fraude em Macau. (Fonte da imagem: PopSci)
Hackers da jogatina
Nem todas as atividades referentes jogos de azar acontecem em grandes e luxuosas casas. Os cassinos online arrebatam milhões de fãs ao redor do mundo — inclusive no Brasil, onde também são permitidos. Junto aos que se divertem honestamente, há também os espertinhos que usam o conhecimento técnico para se aproveitar.
A solução para tentar se prevenir contras os hackers do azar veio da empresa Iovation, através do software ReputationManager 360. Ele registra anomalias em transações bancárias, captura a geolocalização dos usuários e conta com um gigante banco de dados com informações de maus elementos. A ferramenta “Real IP” detecta conexões feitas através de proxy para se chegar ao IP original dos usuários.
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Mesmo com todas essas medidas, ainda há maus elementos que, seduzidos pela ideia de burlar o jogo e ganhar dinheiro fácil com isso, trabalham novas maneiras para se lograr os cassinos e achar uma brecha entre a sorte e o azar.
E você, o que pensa disso? Será que o crime compensa? Ou vale mais a pena desenvolver técnicas de jogatina e contar com o destino para se tornar um milionário? Bom, pelo menos esperamos que, depois desta matéria, os leitores do Tecmundo pensem duas vezes antes de trapacearem quando forem a um cassino.
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