Quando as máquinas fotográficas compactas com zoom, ainda na era das câmeras analógicas, começaram a aparecer no mercado, muita gente achou que não precisaria mais se deslocar até o objeto fotografado, bastaria aproximar a lente e bater a fotografia.
Fonte da imagem: Chris Dawkins
E, de fato, o zoom existe exatamente para isso. Mas, o que muita gente não sabe, é que existe uma grande diferença visual entre uma fotografia tirada com zoom e uma imagem com a mesma composição, mas que o fotógrafo se aproximou para bater. Veja exemplos e entenda qual a diferença entre usar o zoom e usar uma aproximação real.
Zoom ótico X zoom digital
Antes de qualquer coisa, é importante deixar claro que, neste artigo, vamos nos referir sempre ao zoom ótico, ou zoom real. Isto é, é a aproximação feita através da movimentação um jogo de lentes na objetiva da câmera.
O zoom ótico não prejudica a qualidade da imagem, já que ele é feito de maneira “analógica”, ou seja, aquilo que está sendo mostrado é exatamente o que a lente está enxergando. Já o zoom digital é feito quando a capacidade ótica se esgota, e é preciso ainda mais aproximação. O que ele faz é igual a dar o zoom em uma imagem no computador.
Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia
Isto é, ele aproxima a imagem artificialmente através de processos do sensor. A lente enxerga um cenário e o sensor aproxima esse cenário, “esticando” a imagem. Não existe a possibilidade de manter a qualidade da imagem quando se está usando esse tipo de recurso. No exemplo acima ,é possível ver a diferença, bem marcante, entre os tipos de zoom.
Portanto, quando você for comprar uma câmera nova e o vendedor falar que ela tem 3x de zoom ótico e 10x de zoom digital, não se deixe enganar! A aproximação real é apenas de três vezes, o resto é processamento do sensor e não resultará em imagens com qualidade.
Mudança de ângulo e perspectiva
Nós já falamos aqui sobre a profundidade de campo, que pode ser controlada regulando-se o diafragma e as regiões com foco. Porém, não é apenas o diafragma que tem influência nisso. O uso do zoom também tem uma ligação direta com a profundidade de campo, e em casos extremos, pode deixar a foto completamente “chapada”, isto é, dar a aparência de que os objetos estão todos muito perto.
Mas por que isso acontece? A explicação está na física, mas calma, se você não prestou atenção em todas as aulas de ótica, não precisa se preocupar, pois esse é um fenômeno fácil de ser entendido e sem nomes complexos ou cálculos. A maior diferença entre o zoom ou a aproximação real é o ângulo de visão da câmera, que diminui drasticamente com o uso desse recurso da lente. Veja a figura a seguir que exemplifica isso:
Fonte da imagem: Reprodução
Os números medidos em “mm” são as distâncias focais, isto é, a capacidade de aproximação de uma lente. Quanto maior este número, maior a capacidade de aproximação, ou zoom. Na maior parte das câmeras, a distância focal de 50mm é equivalente ao que o olho humano enxerga, e representa a imagem “normal”.
Distâncias menores do que 50mm representam um “afastamento” da câmera em relação ao objeto, e distâncias maiores aproximam a cena, o popular “zoom”. Lentes com a distância focal muito pequena (chamadas de fisheye, ou olho de peixe, por causa do seu formato) distorcem a imagem, e são usadas de forma artística, principalmente por amantes da lomografia.
Fonte da imagem: Claire Gillman
O que isso muda na prática?
Imagine que você vai fotografar algo, e no fundo da cena existe qualquer outro objeto. Você se coloca próximo ao que deseja fotografar e bate a foto sem usar o zoom. A distância aparente entre os dois objetos presentes na imagem, nesse caso, é semelhante a real, já que não houve alteração de ângulo.
Mas digamos que você não pode se aproximar tanto daquilo que deseja fotografar, e precisa utilizar o recurso do zoom. O que a câmera faz é fechar o ângulo de visão para se aproximar do que estiver mais perto, e isso faz com que a distância aparente entre os dois objetos seja drasticamente diminuída, parecendo que eles foram realmente aproximados. Veja isso na prática:
Quando é utilizado pouco zoom, isso é quase imperceptível, mas, em alguns casos, a foto muda completamente, principalmente se a distancia do objeto fotografado e dos objetos de fundo for grande.
Para entender melhor isso, pense que você está a dois metros de distância de uma pessoa e ela, por vez, está a 20 metros de distância do objeto do fundo, por exemplo. Se você se aproximar um metro, a distância entre você e a pessoa diminuiu pela metade, mas a distância entre a pessoa e o fundo permaneceu igual. O zoom não funciona dessa forma.
Usando a aproximação do zoom, se você estiver na mesma situação, a dois metros de alguém, e usar o recurso para ficar em uma distância aparente de um metro da pessoa, ele diminui todas as distâncias pela metade, parecendo assim que o objeto no fundo está muito maior, e, consequentemente, muito mais próximo da pessoa.
Fonte da imagem: Eneas de Troya
É claro que, muitas vezes, o zoom é a única alternativa e é preciso usá-lo. Nestes casos, preste atenção se isso não está prejudicando as distâncias aparentes e as perspectivas da sua imagem. Não é preciso, porém, ser muito rígido neste aspecto.
Essa dica serve mais para que você entenda o fenômeno e saiba o que acontece quando ocorrem distorções tão drásticas, mas não existe uma regra que proíba o uso do zoom. Se não tiver muito problema que as distâncias aparentes sejam alteradas, e você precisar mesmo usar este recurso, vá em frente, já que ele existe para ajudar e facilitar a vida do fotógrafo, e, por mais que essas distorções ocorram, ele não é nenhum vilão.
Se você quer aprender mais sobre fotografia, como configurar a sua câmera e como fotografar melhor, fique de olho nos artigos semanais do Tecmundo sobre o assunto. E lembre-se sempre de que, na fotografia, o melhor equipamento é aquele que você tem. Seja uma câmera compacta ou uma dSLR, o que importa é praticar sempre!
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