A ZTE anda bastante ousada nos últimos tempos, desenvolvendo alguns projetos bastante criativos para o mercado mobile. O mais recente deles é o Hawkeye, um smartphone que foi criado pela própria comunidade em torno da marca e que traz em seus diagramas iniciais uma série de tecnologias bem interessantes para o segmento. Toda essa ousadia e criatividade, no entanto, podem ter sido um verdadeiro tiro pela culatra graças a algumas decisões bastante questionáveis por parte da companhia – que, agora, admite seus erros.
Embora o concurso cultural que tenha coroado um smartphone capaz de grudar em qualquer superfície e “ler” o movimento dos olhos do usuário tenha sido bem movimentado e criado um espírito colaborativo entre o público, os passos seguintes – por parte da ZTE – da empreitada deram uma esfriada na relação. Inicialmente, a ideia da fabricante chinesa foi levar a colaboração para um novo nível ao fazer o celular ser validado através de uma campanha no Kickstarter. O formato “final” do aparelho, porém, não animou os internautas.
Grudar o celular na parede? Só com um case especial
O item mais polêmico e que brecou os incentivos no site de financiamento, no entanto, parece ser o hardware do gadget
Para começar, o design do dispositivo foi simplificado consideravelmente em relação ao projeto inicial. Em seguida, a implementação de recursos marcantes do equipamento se tornou, no mínimo, duvidosa. A função de fixar, por exemplo, foi passada para um case especial – e ainda com tecnologia indefinida –, enquanto os sensores de monitoramento de olhar acabaram se revelando um desafio grande para a empresa. O item mais polêmico e que brecou os incentivos no site de financiamento, no entanto, parece ser o hardware fraco do gadget.
A proposta original da ZTE prometia um smartphone top de linha aos consumidores, o que fez boa parte do público esperar um aparelho com configurações semelhantes ou superiores aos flagships de outras marcas. A realidade, porém, foi bem decepcionante. Afinal, trata-se de um celular que, mesmo valendo o preço pedido – US$ 199 (cerca de R$ 630) –, fica mais para um intermediário modesto do que um top de linha tradicional. Confira as configurações programadas para o Hawkeye no início de sua campanha:
Especificações técnicas
- Tela: LCD de 5,5 polegadas
- Resolução de tela: Full HD (1920x1080 pixels)
- Sistema operacional: Android 7.0 (Nougat)
- Processador: Qualcomm Snapdragon 625 octa-core de 2 GHz
- Memória RAM: 3 GB
- Armazenamento interno: 32 GB
- Armazenamento externo: cartões micro SD de até 256 GB
- Câmera traseira: 13 MP + 12 MP (com zoom ótico)
- Câmera frontal: 8 MP
- Conectividade: 4G LTE 150/50M, Bluetooth 4.2, WiFi a/b/g/n/ac, porta USB Tipo-C, NFC
- Recursos exclusivos: leitor de digitais, áudio Hi-Fi
- Bateria: 3.000 mAh (com Quick Charge 2.0)
Tentando consertar a derrapada
Depois de a empreitada ter juntado apenas uma fração da sua arrecadação total pedida – apenas US$ 36 mil de US$ 500 mil –, e de a página do projeto no Kickstarter ter se enchido de críticas, a ZTE resolveu fazer uma postagem em seu fórum oficial para admitir a sua parcela de culpa e tentar reverter esse cenário. No comunicado, a empresa afirma que o preço definido para o smartphone não será alterado – mostrando seu compromisso em manter um valor acessível para o produto –, mas que quer ouvir sugestões do público para melhorar o gadget.
A troca de um chip Snapdragon 625 por um 835 lidera a pesquisa
Para chegar a um tipo de veredito, a companhia montou uma enquete com diversas opções de melhorias que podem ser implementadas no aparelho, selecionando itens entre os pedidos mais requisitados pelos usuários. No momento, a troca de um chip Snapdragon 625 por um 835 lidera a pesquisa, com 47% dos votos. Na sequência, manter o Android padrão em vez da UI customizada da ZTE (18%) parece ser uma adição aguardada, assim como a substituição da bateria de 3.000 mAh por uma de 3.500 mAh (7%).
Dar um tapa no visual não é uma opção padrão da enquete
Outros 27% dos internautas escolheram deixar seu próprio comentário para citar outras mudanças que talvez possam ser feitas ao equipamento, indo desde um belo incremento na quantidade de memória RAM até a inclusão de uma tela AMOLED no kit. E para você, o que faria os US$ 200 do ZTE Hawkeye valer a pena? Dá para imaginar que, se o processador mais recente da Qualcomm for implementado ao conjunto, esse preço vai passar de algo aceitável para uma pechincha fantástica.
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