No começo dessa semana, o mundo da informática recebeu uma notícia que deixou puristas do movimento Software Livre chocados, a qual informava que a Microsoft acabara de lançar código opensource para o Linux. Não, você não leu errado, essa notícia é totalmente verdadeira, sendo bastante discutida durante estes últimas dias. Com um anúncio bombástico como esse, lança-se uma pergunta no ar: Seria essa uma pegadinha da Microsoft com segundas intenções? Nesta matéria, vamos tentar esclarecer esta dúvida sobre esse anúncio tão controverso.
Microsoft e a filosofia anti-Software Livre
A Microsoft sempre foi contra o Software Livre, criticando duramente o que ela chama de “quebra de patentes”, visto que muitos aplicativos Opensource são parecidos com seus programas proprietários, como é o caso da relação Openoffice/Microsoft Office. Inclusive, a companhia de Bill Gates moveu processos contra Richard Stallman (criador do movimento Software Livre) e sua turma alegando quebra de mais de 200 patentes. Além disso, a Microsoft já afirmou uma vez que a licença GPL era anti-americana.
É importante lembrar que a Microsoft já possui uma parceria com a Novell desde 2006, no desenvolvimento do SUSE Linux Enterprise Server. Contudo, este sistema, apesar de Linux, possui licença proprietária, ou seja, os códigos desenvolvidos por Bill Gates e seus colaboradores também não são livres.
Por ironia do destino, agora a Microsoft lança em torno de 20 mil linhas de códigos sob a licença GPLv2. A primeira vista, essa afirmação não poderia fazer sentido, visto a resistência durante anos desta empresa em relação ao Software livre. Teria a Microsoft mudado a sua filosofia para um mundo da computação livre? Como é de se esperar, a resposta é não. Na verdade, a empresa está usando a licença GPL para promover ainda mais o uso dos seus produtos, de forma muito inteligente. Como consequência, a Microsoft lança uma ferramenta muito útil para uso de administradores de sistemas e redes. Como? Vamos conferir abaixo.
Drivers lançados para Linux
As vinte mil linhas de código GPL estão divididas entre três drivers distintos, responsáveis pela implementação da tecnologia “Microsoft Hyper-V” no Linux. Basicamente, esta tecnologia surgiu no Windows Server 2008, possuindo como principal objetivo otimizar o uso de ambientes virtuais sobre o sistema instalado no computador. Em outras palavras, estes drivers permitem que o Windows Server 2008 rode com um ótimo desempenho sobre o Linux. Atualmente já existem várias máquinas virtuais no mercado, como o Virtual Box e o VMware Workstation, mas os sistemas emulados perdem desempenho comparado com suas versões nativas.
Desde sempre, o administrador de rede necessita escolher qual é o melhor sistema para os seus servidores. Por um lado, o Linux é mais seguro. Por outro, o Windows é mais compatível com as ferramentas comerciais. Visto ambas as limitações, os administradores preferem o Linux, pois segurança deve vir sempre em primeiro lugar em ambientes sujeitos a ataques maliciosos. Logicamente, quanto mais o Software Livre é utilizado, mais a Microsoft perde mercado nesse ramo.
Pensando nisso, os drivers GPL foram lançados para que o Windows volte a ocupar o espaço perdido nos servidores, mesmo rodando como ambiente virtual. Desde modo, a Microsoft venderá mais licenças proprietárias de seu sistema operacional, incluindo aplicativos próprios, como a suíte Microsoft Office.
Novas possibilidades para administradores de rede
Rodando tanto Linux quanto Windows em um mesmo servidor, administradores podem suprir todas suas necessidades. Desde modo, seria possível aliar a segurança do Linux com a compatibilidade do Windows. Assim, apesar dos drivers GPL da Microsoft promoverem ainda mais a sua marca, eles serão úteis para a integração e união de ambos sistemas operacionais. Existe a possibilidade desses drivers serem incluídos nas próximas versões do Kernel Linux, o que necessita a aprovação da comunidade Software Livre.
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