Durante uma conferência com a imprensa promovida pela Microsoft nesta semana, o engenheiro de software Jerry Nixon fez um comentário bastante intrigante em nome da empresa de Redmond. “Nesse momento, nós estamos liberando o Windows 10, e pelo fato de o Windows 10 ser a última versão do Windows, nós ainda estamos trabalhando no Windows 10”, disse ele aos espectadores.
Não é difícil imaginar que os olhos de todo mundo na plateia ficaram instantaneamente arregalados, pois uma informação como essa ainda não tinha sido dada pela empresa até então. Ainda assim, o que Jerry Nixon queria dizer com isso é que o Windows, como conhecemos hoje, com versões que marcaram a evolução da computação pessoal, deixará de existir depois do Windows 10.
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O “10” será a última versão que vai ter algum significado para a Microsoft e também para os usuários do SO. A partir dele, a empresa pretende transformar o Windows em um serviço, que recebe atualizações bem regulares, quem sabe até mensalmente. Com isso, o número da versão não vai mais importar para ninguém. O Windows será como o Google Chrome: todo mundo atualiza todo mês, mas ninguém dá a menor bola para a versão atual.
Windows por assinatura?
A Microsoft tem essa mania cruel de liberar informações sobre seus produtos migalha por migalha, deixando todo mundo imaginando o que realmente esses detalhes significam para o todo. Já faz um bom tempo que a companhia tem falando em “Windows como um serviço”, mas nunca explicou objetivamente o que isso realmente seria.
Agora, as peças do quebra-cabeça estão se encaixando, e a conclusão mais óbvia que podemos fazer nesse momento é: o Windows pode se tornar algo como o Office 365, que você compra através de assinaturas anuais para usar. Talvez por isso aquela conversa de “atualização gratuita para todo mundo (até para piratas)” começou a circular.
Joe Belfiore aparece em conferência com camisa do Windows que traz "mensagem subliminar"
Essa seria uma forma de tornar o software um verdadeiro serviço e, mesmo assim, continuar lucrando com ele. Isso também poderia diminuir significativamente a quantidade de computadores com software pirata pelo mundo, já que seria muito mais difícil validar um Windows ilegal através de um sistema de verificação online vinculado a contas de usuários específicos.
“Somente Windows”
A Microsoft já falou um pouco sobre a futura nomenclatura para o Windows. O “somente Windows” tem aparecido aqui e ali, mas ninguém nunca entendeu direito o que isso representaria na prática. Basicamente, como o número da versão deixaria de ser importante, e os usuários passariam a receber atualizações pequenas — sem os grandes “choques da mudança de versões” —, o produto seria apenas “Windows”.
Essa estratégia da empresa é realmente inteligente. Marcas como “Windows Vista” e, até certo ponto, “Windows 8” deixaram o nome do SO um pouco manchado por designarem versões que desagradaram um bocado de consumidores.
A partir do Windows 10, quando as pessoas não gostarem de alguma coisa no SO, a Microsoft poderá corrigir os “defeitos” prontamente, com atualizações direcionadas. Dessa maneira, todo mundo fica feliz, e a criadora do “serviço de software” continua lucrando.
Uma plataforma, muitos dispositivos
Não é surpresa para ninguém que a Microsoft quer levar o Windows para todos os aparelhos que você usa atualmente. Para tal, a companhia criou o conceito dos apps universais, que se adaptam ao tipo de tela que o usuário está utilizando no momento, não importa se o sistema esteja rodando a partir de um smartphone, tablet, PC, console ou óculos de realidade aumentada.
Isso pouparia trabalho para os desenvolvedores de apps, que só precisariam fazer um código que rodaria em mais de 1 bilhão de aparelhos diferentes. Além do mais, como a Microsoft “setorizou” o Windows, — tendo dividido o SO em diversas partes independentes que podem ser atualizadas sem interferir no resto — a plataforma como um todo deve se tornar mais dinâmica e moderna no futuro.
Se isso vai realmente dar certo, ninguém sabe. Ainda assim, é possível perceber que a Microsoft está bastante empolgada. Por isso, é muito possível que o futuro do icônico SO seja “apenas Windows” mesmo, com o “10” sendo o último grande passo.
Fontes