Muito antes da invenção dos primeiros monitores coloridos, cientistas, artistas e técnicos já se preocupavam com a maneira de representar cores uniformemente. Por diversos motivos, como a qualidade e natureza dos pigmentos usados na impressão e o tipo do papel que servia de suporte à tinta, materiais que deveriam ser exatamente iguais acabavam tendo aparências completamente diferentes. Com o passar do tempo, modelos foram desenvolvidos para aumentar a fidelidade das cores em diversas aplicações.
Natureza da Cor
Antes de qualquer coisa, é necessário entender as diferentes naturezas da cor. Você já ouviu falar em cor RGB (Red-Green-Blue, Vermelho-Verde-Azul) como sendo a cor gerada no seu monitor, e provavelmente já conhece o sistema CMYK (Cyan-Magenta-Yellow-Key, Ciano-Magenta-Amarelo-Reforço [preto]) para impressão.
Isso significa que a tela do seu computador usa as três cores primárias do RGB (também chamadas de cor-luz) na construção de todos os milhões de cores que conseguimos ver no monitor.
Já a sua impressora usa quatro cartuchos para conseguir as reproduzir menos cores que o monitor cria com apenas três primárias. O CMYK (também chamado cor-pigmento) é diferente da cor-luz por funcionar subtraindo a sensação de cor ao misturar suas primárias, enquanto o RGB é chamado de sistema aditivo de cores, por somar suas primárias para conseguir as diversas tonalidades.
Para entender o porquê do aditivo ou subtrativo para cada sistema, lembre que a cor branca é a soma de todas as cores. Para reproduzir branco no papel, basta não colocar cor nenhuma naquela área. Já na tela, é necessário colocar todas as três primárias para mostrar branco. Ou seja, é preciso somar todas as primárias de cor-luz para obter o branco-luz, enquanto que para conseguir o branco-pigmento é necessário subtrair todas as cores.
O que é um espaço de cor, então?
Um espaço de cor nada mais é do que um modelo matemático usado para descrever cada cor a partir de fórmulas. É certo que ainda existem muitos outros espaços de cor, porém aqui só alguns serão abordados. Além do RGB e do CMYK já comentados, o HSB, o HSL e o CIE-Lab são os maisimportantes atualmente.
HSB e HSL
Esses dois espaços de cor são muito parecidos, até por serem menos utilizados. A diferença só existe no último valor de cada cor. HSB é sigla para Hue-Saturation-Brightness (matiz-saturação-brilho) e HSL significa Hue-Saturation-Luminance (matiz-saturação-luminância). Ambos são referências de cor para imagens em cor-luz. A diferença entre ambos é que o brilho de qualquer tonalidade pura é igual ao brilho do branco puro (HSB), enquanto a luminância de qualquer cor pura equivale à luminância de um cinza médio (HSL). Este segundo espaço de cor é mais utilizado por fotógrafos usando equipamento digital.
RGB
O espaço de cor utilizado em todas as telas LCD (Liquid Crystal Display – mostrador de cristal líquido) ou de CRT (Catodic Ray Tube – tudo de raios catódicos) usados em monitores dos mais diversos tipos. Forma as suas cores a partir da adição de matizes em escalas de 0-255. Por exemplo, para que seu monitor crie uma cor vermelha, a placa de vídeo transfere a informação 255,0,0 para os pixels que devem ser vermelhos. Para o branco, a placa manda um sinal 255,255,255. Ao somar todas as cores primárias em seu valor máximo, o monitor atinge o branco. No outro extremo, para sintetizar o preto, o sinal recebido pelos pixels é 0,0,0.
CMYK
Principal espaço de cor para impressão. Dele derivaram-se outros modos, usando mais do que quatro pigmentos, porém por questões de custo estes ainda não são tão difundidos, mesmo tendo melhor qualidade de cor. A impressora jato de tinta mais simples e as grandes impressoras gráficas, todas criam suas cores a partir da subtração de matizes por cobertura.
Para se obter um vermelho vivo, por exemplo, é necessário cobrir o papel a ser impresso com 100% de densidade de magenta, e 100% de densidade de amarelo. Essas duas primárias-pigmento combinadas geram o vermelho. Quando se coloca 100% de ciano, magenta e amarelo numa mesma área, em teoria deveria obter-se o preto. Porém, devido às características das tintas utilizadas, consegue-se apenas um cinza médio. Por isso o CMYK ainda conta com um pigmento de reforço K, preto, para obtenção dessa cor real. O branco em CMYK é obtido pela não aplicação de pigmentos.
CIE-Lab
Nenhum dos espaços de cor mencionados neste artigo consegue reproduzir todas as cores existentes no espectro visível, porém o CIE-Lab é o que chega mais próximo disso. Também é o principal espaço de cor puramente matemático e, portanto independente de dispositivos.
Fruto de pesquisas da Comissão Internacional em Iluminação (Commission Internationale dEclairage, daí o CIE da sigla), este espaço de cor trabalha com três canais diferentes. O canal L (que varia de 0-preto a 100-branco), que guarda as informações de luminosidade de uma cena, e os canais a e b comportam a informação de cor. Em a, valores positivos indicam magenta e negativos verde, enquanto em b, valores positivos indicam azul e negativos amarelo.
E como usar isso tudo?
O controle de cor é parte integral de diversas profissões. Designers, fotógrafos, impressores, produtores gráficos, editores de vídeo, todos se beneficiam do conhecimento sobre espaços de cor. Dependendo da aplicação desejada, é possível escolher um espaço de cor apropriado para cada saída.
Por exemplo, um cineasta que só publica seus vídeos na internet pode muito bem manter todo seu equipamento regulado em um espaço RGB, e ter certeza de que seus projetos terão cores constantes na medida do possível. Um designer gráfico ao projetar um livro impresso deve optar por trabalhar a saída em CMYK, para aumentar a qualidade da reprodução de cor na gráfica, enquanto um fotógrafo que imprime álbuns, mas também divulga suas fotos online pode preferir trabalhar em HSL ou CIE-Lab, para garantir a melhor conversão das imagens tanto para RGB quanto para CMYK.
No fim das contas, a decisão por usar um espaço de cor ou outro depende do destino a ser dado ao trabalho final.
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