A geração de consoles do Nintendinho, do Mega Drive, do Super Nintendo e dos primeiros modelos da família GameBoy formaram legiões de jogadores que, independente da idade, ainda hoje sentem saudades dos games com gráficos simplificados, controles resumidos a poucos comandos e história que só pareciam simples, mas deixavam lições inesquecíveis.
Se você é um jogador que tem dificuldades de se desfazer de cartuchos antigos ou que simplesmente gosta de comprar fitas velhas e usadas, há uma solução: agora é possível dar utilidade a essas verdadeiras relíquias com dois lançamentos da Hyperkin, unindo o útil ao agradável e à nostalgia.
O SupaBoy é um portátil que roda cartuchos de Super Nintendo. Já o Retron 5 é um console de mesa com capacidade para fitas de Famicon, Nintendinho, Super Nintendo, Game Boy, Game Boy Color, Game Boy Advanced e Mega Drive.
Testamos os dois aparelhos que só rodam os clássicos e fizemos uma verdadeira viagem no tempo pelas nossas memórias. Confira a seguir e no vídeo acima como foi essa experiência.
SupaBoy, o Super Nintendo "de bolso"
O SupaBoy é um Super Nintendo portátil que funciona a partir de uma bateria removível e recarregável de íon-lítio. Ele é compatível com cartuchos do Super Nintendo e do Super Famicon, contando ainda com uma entrada para controles e acessósios do famoso e adorado SNES.
Além de funcionar pela pequena tela LCD no centro do aparelho, ele conta com um adaptador A/V para que você conecte o dispositivo em uma tela e transforme o SupaBoy é uma versão “de mesa” do Super Nintendo.
Botões e design
É curioso e nostálgico perceber como a Hyperkin teve todo o cuidado para fazer com que o SupaBoy tenha o mesmo formato e as cores do Super Nintendo. Isso faz com que o jogador se identifique com o aparelho e tenha doses elevadas de nostalgia só de segurá-lo na mão.
Os botões são os mesmos do controle do Super Nintendo: o direcional tradicional de quatro direções, botões “X”, “Y”, “A” e “B” e os gatilhos “L” e “R”. O “Start” e o “Select” estão posicionados ao lado das setas, em uma configuração diferente da original, mas isso não compromete o uso de ambos. Há ainda um botão “Reset” no lado direito do aparelho, próximo aos botões principais (mas sem o risco de ser pressionado por acidente) e um regulador de volume na parte inferior do portátil.
Os botões respondem bem aos movimentos e não detectamos atrasos nos comandos. Por outro lado, o direcional é um pouco duro demais, o que complica games que exigem movimentos rápidos demais. Dependendo de como é a sua pegada no aparelho e de quanto tempo você passa jogando, é inevitável sentir uma dor ou outra nas mãos e nos dedos.
Ligar é fácil: basta colocar o cartucho com a capa virada para frente, puxar a trava de segurança para o lado para prender o jogo e girar a alavanca para o “ON”. Sim, você pode assoprar a fita se quiser – nós fizemos o procedimento em quase todas as vezes que religamos o SupaBoy.
Tamanho é documento
Entendemos que o aparelho simplesmente não poderia ser menor para comportar todos os componentes necessários para fazer o SupaBoy funcionar. Ainda assim, ele é grande demais para você utilizar em ambientes públicos, chamando bastante atenção, fora o fato de passar longe de caber no bolso — as medidas são 21,59 x 10,16 x 5,08 cm e o peso de 326 g.
Ele é mais pesado que um tablet ou smartphone, claro, mas você não sente desconforto ao segurá-lo, mesmo com um cartucho inserido. A trava de segurança funciona bem nas fitas com formato tradicional e realmente não deixa o jogo escapar.
Desempenho de som e imagem
A tela de 3,5” é talvez o principal ponto negativo do SupaBoy. A resolução é bastante baixa, mesmo para um display em miniatura, e as cores não são muito bem representadas.
Além disso, a experiência é totalmente individual: se você não encarar a tela de perto e frente, já não é possível enxergar o conteúdo por causa dos reflexos ou da falta de iluminação. Além disso, a qualidade das cores poderia ser um pouco melhor.
O som nos alto-falantes sai em um volume razoável e o regulador vai até níveis bem interessantes, mas o áudio fica bastante abafado. Felizmente, há a possibilidade de você inserir um fone de ouvido no SupaBoy —e é aí que a experiência fica completa, pois a qualidade melhora consideravelmente.
Games e possibilidades
Alguns jogos apresentaram problemas e não rodaram: fitas piratas resultam em uma tela azul e japonesas ficam “soltas” no espaço e travam com qualquer movimento brusco. Porém, não se preocupe tanto com isso caso os seus cartuchos não se enquadrem nas categorias acima: a imensa maioria estava “lisinha” e inclusive com os jogos salvos guardados (se o game apresentar tal recurso).
Uma excelente notícia é que o dispositivo ode ser usado tranquilamente como um console de mesa, já que permite a adaptação de controles do Super Nintendo e um cabo de áudio e vídeo para televisores.
Infelizmente, com essa conexão, os botões do portátil param de funcionar e é necessário acoplar um ou dois controles do Super Nintendo para poder jogar. Ainda assim, entendemos a necessidade, já que com o joystick tudo fica muito mais confortável.
Retron 5, o "faz-tudo" dos clássicos
Rodar jogos de vários consoles e até de diferentes gerações é a proposta do Retron 5. Com proposta bem diferente do SupaBoy, esse aparelho permite jogar em alta definição (resolução até 720p) e possui uma conectividade HDMI. Nintendinho, Famicon, SNES, Super Famicon, Genesis, Mega Drive, GameBoy, GameBoy Color e Game Boy Advanced são cobertos pelo dispositivo, tanto em versão PAL quanto NTSC.
O produto parece e é ambicioso, o que aumenta a expectativa em relação ao funcionamento. Afinal, será que ele entrega tudo o que promete e é realmente uma viagem a múltiplas épocas do tempo?
Controles e games
Junto com o console, você recebe um controle sem fio padrão da desenvolvedora. Ele só serve para “quebrar um galho”, já que é barulhento até no direcional, pouco ergonômico e com um visual “quadrado” demais.
A boa notícia é que pensou no consumidor e na nostalgia: o Retron 5 possui entradas para pelo menos dois controles clássicos de NES, SNES e Mega Drive, o que melhora muito a experiência. São três entradas no lado direito e outras três no esquerdo.
Para jogar, é só colocar o cartucho (somente um por vez, ou o aparelho apresenta um erro) e aguardar o reconhecimento. Com fitas piratas, uma mensagem de erro de dados corrompidos pode aparecer, mas o game pode ser lido em certos casos. Já algumas simplesmente não são lidas pelo dispositivo, seja por não ser reconhecida ou por já estar gasta e estragada pelo fator tempo.
A jogatina foi bastante fluida no Retron 5. É perceptível que a empresa ouviu as críticas feitas em relação aos produtos anteriores e apresentou um produto bem aprimorado.
Outro destaque vai para a presença dos filtros visuais e sonoros. Eles podem ser ativados tanto nas opções do menu do console, antes de rodar o game, ou a qualquer momento, pausando o título. A diferença é enorme ao colocar a opção de alta qualidade gráfica: tudo fica mais arredondado, as cores parecem mais vivas e não há tantos pixels na tela — como se um “Blur” fosse aplicado automaticamente.
O visual da fera
O design do Retro 5 é bem simples, quase rústico. Isso não chega a ser um problema: era mesmo difícil encontrar espaço para todas as entradas de cartuchos e controles. Há ainda um espaço de armazenamento para o controle que é um pouco dispensável, mas pelo menos deixa tudo organizado.
Já funcionando, o console apresenta uma interface de fundo vermelho que é bastante simples e até limitada, mas que não te deixa na mão em nenhum momento. Apesar de apresentar pequenas demoras de alguns segundos na hora de carregar um game ou desligar o sistema, não há nada que realmente incomode a ponto de ser considerado um defeito do console.
O Retron 5 tem uma função que o SupaBoy não colocou. Se você colocar um cartão SD na entrada do console, você pode salvar o jogo onde quiser e recomeçar do mesmo ponto em outra oportunidade. Essa é uma forma de trapaça opcional, é verdade, mas ajuda em games sem opção de checkpoint. Você pode até baixar alguns truques e manhas no site do console e colocar tudo no cartão SD pra usar na maioria dos jogos mais famosos.
Vale a pena?
Se você tiver as fitas e dinheiro sobrando e muitas saudades, considere a compra de um desses aparelhos da Hyperkin. O SupaBoy tem a vantagem da portabilidade, enquanto Retron 5 expande a experiência com mais gerações de cartuchos.
Os dois consoles não tem um acabamento de primeira e contam cada um com seus defeitos, mas podem valer a compra para os jogadores mais nostálgicos. No caso do SupaBoy, a melhor alternativa é conectar o portátil em uma TV. Já o controle sem fio que acompanha o Retron 5 tem que ser substituído pelos originais o mais rápido que você puder.
O preço dos aparelhos pode ser um pouco salgado: economizando um pouco mais, você compra um modelo da atual geração. O SupaBoy é encontrado por cerca de R$ 400, enquanto o Retron 5 pode atingir R$ 800. Se você ainda não tiver os controles e os cartuchos, o gasto fica ainda maior.
Estamos em uma época maravilhosa pra se jogar vídeo game. Temos consoles de última geração com gráficos ultra realistas, jogabilidade incrível e mapas sem fim. Mas às vezes é bom olhar pra trás, reviver boas memórias e tirar a poeira dos cartuchos que marcaram não só muitas infâncias, mas também toda a história dos games.
Ambos os aparelhos foram disponibilizados ao TecMundo pela ShopB. O Retron 5 está em catálogo na versão em cinza e também em preto. Clique aqui para comprar o SupaBoy.
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