Qual é a nova corrida do ouro da indústria da tecnologia? Híbridos de notebooks e tablets? Assistentes pessoais? Processadores? Carros? Acertou quem respondeu a última opção. Os veículos estão na mira das empresas e por um motivo bem simples: dinheiro.
Sim, as perspectivas de crescimento da indústria automobilística são apetitosas. De acordo com a empresa de consultoria McKinsey, a receita de hardware, software e serviços para carros pode crescer de US$ 30 bilhões em 2014 para 200 bilhões de dólares em 2020.
Segundo o analista Dominique Bonte, da ABI Reserach, o mercado vale hoje cerca de 500 bilhões de dólares e esse valor deve aumentar com as montadoras incorporando ou desenvolvendo tecnologias para aumentar a segurança e oferecer melhores sistemas de conectividade e entretenimento.
Abrindo espaço para a tecnologia
Isso cria obviamente uma abertura para as empresas de tecnologia que já vem trabalhando pontualmente com algumas das montadoras. Além disso, as próprias companhias querem entrar no ramo de forma independente. Exemplos não faltam: Google, Apple, LG e Samsung, só para citar as maiores.
A NVIDIA é a uma das companhias que já está colhendo os louros dos seus investimentos. Os lucros de sua divisão automobilística foram de US$ 148 milhões no primeiro semestre deste ano, o dobro do valor obtido no mesmo período do ano passado.
A movimentação em direção aos carros é importante para a indústria também porque a demanda por smartphones, televisões e computadores está diminuindo, conforme apontam alguns analistas. Confira agora alguns dos projetos que já estão em andamento e que você poderá conferir e até comprar em breve.
A Google foi uma das primeiras empresas do segmento a trabalhar com tecnologia automotiva. Mas é claro que a companhia americana não entraria neste ramo por vias tradicionais: seu objetivo é criar veículos que são auto dirigíveis, ou seja, não dependem de um motorista para serem conduzidos.
O projeto é liderado pela equipe do Google X, o laboratório secreto de produtos extraordinários da companhia. Inicialmente, os desenvolvedores trabalharam implementando o Google Chauffeur – o software desenvolvido pela empresa apenas para esse fim – em diversos veículos diferentes, como o Toyota Prius, o Audi TT e o Lexus RX450h.
Mas, atualmente, a empresa trabalha em seu próprio veículo personalizado, montado pela fabricante Roush Enterprises. O carro robótico conta com mais de 150 mil dólares em equipamentos, incluindo materiais da Bosch, ZF Lenksysteme, LG e Continental.
O equipamento mais caro do veículo é um telêmetro de 70 mil dólares. Ele conta com 64 feixes que permitem ao veículo gerar um mapa 3D detalhado do ambiente. O carro combina esses dados com mapas em alta resolução do mundo todo, produzindo diferentes tipos de informações que permitem o veículo dirigir sozinho.
Apple
A Apple é muito mais discreta e misteriosa quando o assunto é o desenvolvimento de seus produtos. Entretanto, diversas evidências apontam para a criação de um carro próprio da empresa, batizado atualmente de “Project Titan”.
Segundo rumores, a companhia tem centenas de funcionários trabalhando no que deve ser um veículo elétrico em um local secreto perto da sua sede, em Cupertino. Pouco se sabe sobre o carro, mas fontes sugerem que ele poderá se assemelhar a uma minivan.
Protótipo do carro da Apple
O carro ainda está nos estágios iniciais de desenvolvimento e a Apple contratado diversos funcionários das montadoras de automóveis e fornecedores automotivos. O projeto é liderado por Steve Zadesky, vice-presidente de Design de Produto da Apple, que tem liberdade para recrutar colaboradores até da própria companhia.
A Apple começou a aumentar seus esforços focando ainda mais no carro a partir deste ano. O número de colaboradores envolvidos no projeto deverá ser de 1.800 pessoas e a expectativa é lançar o veículo em 2019. A empresa inclusive já está procurando uma área para testes do protótipo.
LG e Chevrolet
Mas não são apenas as duas gigantes da tecnologia que estão investindo no mercado automotivo. A LG também começou a trabalhar estreitamente com a Chevrolet para lançar um carro que é quase um “veículo da LG”.
As duas empresas vão trabalhar em conjunto na próxima versão do Bolt, o carro elétrico da montadora americana. Segundo a própria LG, esta é a primeira vez que a companhia americana integra um fornecedor de componentes elétricos de forma tão intrínseca e antecipada.
A LG ficará responsável por uma extensa linha de componentes, incluindo o motor, as baterias, o painel de instrumentos e o sistema de “Infotainment” (informação e entretenimento). Para desenvolver os produtos, a empresa investiu 250 milhões em uma instalação na Coréia do Sul.
O Bolt tem um bom desempenho e custa relativamente barato: o carro pode rodar mais de 300 quilômetros antes de ser carregado novamente e deve custar no mercado americano cerca de 30 mil dólares. Dessa forma, ele deverá ajudar a popularizar os veículos elétricos dentro do mercado de massa. O veículo deve ser lançado no final de 2016.
NVIDIA
A NVIDIA também está na corrida para desenvolver um carro autônomo em parceria com a montadora alemã Audi. O chip Tegra X1 será usado no veículo para aprimorar suas capacidades de aprendizagem que incluem perceber, reconhecer e classificar os objetos nas estradas.
A montadora chegou a fazer uma demonstração durante a CES deste ano, chamando um veículo auto dirigível com o uso de um relógio inteligente. Além disso, um Audi A7 sem motorista conseguiu realizar ultrapassagens e mudar de pista com segurança em uma exibição da empresa.
Segundo a companhia alemã, os veículos sem condutor serão realidade em menos de dois anos. Além disso, a previsão é que de dois terços a metade dos clientes de carros de luxo vão desejar veículos autocontrolados. É por isso que o assunto interessa tanto a Audi.
A NVIDIA e a Audi são parceiras há mais de 10 anos. A fabricante de chips levou seis anos para conseguir desenvolver um sistema de informação e entretenimento para fabricante de carros. Ao longo do caminho, os engenheiros descobriram da maneira mais difícil que colocar um chip projetado para computadores e videogames em um carro não era suficiente.
A equipe de desenvolvimento chegou a viajar para a Alemanha para acompanhar o processo de criação, desenvolvimento e produção de um veículo, que conta com mais de 10 mil peças – todas elas fundamentais para o bom funcionamento.
Samsung
Já a Samsung parece que está atrasada para a festa. Enquanto Apple, LG e Google já estão bem posicionadas, costurando parcerias com diversas fabricantes, a companhia sul-coreana ainda tenta impulsionar o negócio de fornecimento de tecnologia para fabricantes automotivos.
Entretanto, ainda não está claro qual o caminho que a Samsung pretende tomar nesta empreitada. Diferentemente da Google e da Apple, ainda não há nenhum sinal claro que a empresa está desenvolvendo sua própria tecnologia de condução autônoma.
Protótipo de um veículo da Samsung
Porém, dados compilados pela Thomson Reuters mostram que a maior fabricante de smartphones do mundo está aumentando a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias automotivas. Dois terços das patentes registradas pela empresa nos Estados Unidos entre 2010 e 2013 são relacionadas a esse segmento da indústria.
A Samsung patenteou diversos tipos de tecnologias, como um sistema de detecção de sonolência ao volante, um sistema de alerta para tentativas de arrombamento e um visor transparente de orientações e informações de trânsito.
Qual a direção?
Mesmo assim, a incursão da Samsung no ramo pode ser demorada. Isso porque a indústria automotiva tem um ciclo de atualização muito maior do que a dos dispositivos móveis e as montadoras estão cautelosas quanto as parcerias com fornecedores sem histórico no ramo.
A LG, por exemplo, trabalha há mais de uma década com a Chevrolet e só agora ganhou o contrato para coproduzir o Bolt. A NVIDIA também levou anos para ser aceita como uma fornecedora global.
Uma das saídas para a Samsung é comprar empresas que já estão bem estabelecidas neste ramo. Além disso, analistas apontam que a empresa também pode oferecer um pacote de ofertas combinadas que inclui baterias, chips, sensores e até mesmo seu software proprietário, o Tizen, para bater de frente com as outras concorrentes.
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