Se tornar popular nas redes sociais não é algo que se pode chamar de uma ciência exata. Claro que há macetes e atalhos que atraem cliques e curtidas, mas não há nada que garanta 100% de sucesso na empreitada digital. Assim, é surpreendente saber que um novo perfil no Twitter, criado por uma pessoa de 65 anos que assumiu sua “personalidade real”, bata o recorde de conta do serviço a alcançar mais rapidamente seu primeiro milhão se seguidores. Ou nem tanto, caso você souber a história por trás de Bruce, ou melhor, Caitlyn Jenner.
A marca foi alcançada na última segunda-feira (1º), quando o ex-medalhista olímpico norte-americano – ouro no decatlo nos Jogos de Montreal, em 1976 – chegou a 1 milhão de seguidores em apenas 4 horas e 4 minutos na persona virtual @Caitlyn_Jenner. Uma façanha considerável, se considerarmos que o dono da marca anteriormente era ninguém menos que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que havia atingido esse mesmo número em cerca de 5 horas no seu perfil @POTUS.
— Caitlyn Jenner (@Caitlyn_Jenner) June 1, 2015
Além de ser um conceituado campeão olímpico na terra do Tio Sam, Jenner é bastante conhecido do público geral por ter sido padrasto de Kim Kardashian e de outros integrantes da família da socialite. Porém, o boom de popularidade, que acabou atraindo a atenção de internautas de todo o mundo, foi o fato de Bruce ter se revelado transgênero ainda em 2015 e passado por um processo de se transformar em mulher, culminando em sua aparição na capa da última edição da badalada revista Vanity Fair – já assumindo a identidade de Caitlyn Jenner.
Cerca de 24 horas depois de sua aparição na rede social – e com apenas três tweets publicados –, o perfil já está bem próximo de alcançar influenciar diretamente 2 milhões de usuários na plataforma. A performance surpreendeu até mesmo Caitlyn, que em sua mensagem mais recente exclamou “Mais um recorde mundial de Jenner – e aos 65? Quem imaginaria!”. O post mais retweetado (mais de 250 mil) e curtido (cerca de 360 mil) pela galera até então é o que ela revela estar feliz por finalmente estar revelando seu eu verdadeiro.
Como isso não vazou antes?
No mundo de hoje, com conexões mobile, celulares e câmeras minúsculas capazes de registrar e compartilhar tudo à sua volta, é difícil imaginar que a informação sobre um figurão dos EUA posar como mulher – e revelar seu novo nome – para uma das publicações mais conceituadas do mundo não ter vindo a público há algum tempo. Se você levar em conta o tempo necessário para preparar toda a matéria, que envolveu o jornalista Buzz Bissinger passando um bom tempo na casa dos Jenner, esse é um feito ainda mais impressionante.
Assim, como já se sabia de antemão que toda negociação, cobertura e mesmo o ensaio feito pela renomada fotógrafa Annie Leibovitz demoraria meses para ser concluídos, foi feita uma verdadeira operação de guerra para garantir que o segredo ficasse guardado até o lançamento da revista. Para começar, qualquer um que estivesse trabalhando nas sessões de foto precisavam entregar seus celulares antes de sequer se aproximarem do local – garantindo que nada vazasse por meio de Instagram, Twitter ou WhatsApp.
Outra medida foi que a matéria foi toda escrita, preparada e diagramada em um único computador, que ficava a todo momento desconectado da internet, prevenindo que algum enxerido pudesse invadir ou disponibilizar o conteúdo livremente pela web. Não bastasse isso, todos os arquivos eram passados para um pendrive e deletados do PC todas as noites, e assim foi por semanas, até que o material finalizado fosse entregue em mãos para o pessoal da gráfica na hora de rodar a edição de junho da Vanity Fair.
Claro que nem tudo foi perfeito nesse esquema de segurança, já que outras publicações voltadas ao entretenimento descobriram há alguns dias que Jenner seria o destaque da revista – ainda que não se soubesse exatamente que seria como Caitlyn. Apesar disso, é possível dizer que a operação um sucesso. Afinal, foi um vazamento bem menor do que as dezenas de fotos e vídeos dos bastidores do filme do Esquadrão Suicida, por exemplo, não é?
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