Ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe (Fonte da imagem: Reuters)
Reuters. Por Anthony Boadle - O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe está furioso com os rumos que seu sucessor vem seguindo. E está informando todo mundo disso, através do Twitter.
Mensagens irônicas enviadas a seus mais de 470 mil seguidores no Twitter vêm mantendo Uribe no centro das atenções, causando desconforto ao presidente atual, Juan Manuel Santos, que foi ministro da Defesa no governo de Uribe.
Ironicamente, a briga travada através do microblog está ajudando Santos a romper com seu passado e forjar seu caminho próprio como líder de uma economia em franco crescimento.
Uribe vem criticando especialmente a legislação inovadora de Santos que prevê reparações para as vítimas do conflito armado colombiano e a devolução de terras tomadas de camponeses por latifundiários e paramilitares de direita.
O ex-presidente, cuja repressão apoiada pelos EUA contra a guerrilha esquerdista é vista como responsável por fazer da Colômbia um lugar mais seguro, vê a lei como concessão à guerrilha.
"Churchill: apaziguamento de terroristas os faz crescer", tuitou Uribe em 23 de maio desde Londres, parafraseando o líder britânico conservador da época da 2a Guerra Mundial.
"Combater o terrorismo não é algo que todo o mundo goste de fazer, mas beneficia a todos. Não recuemos", acrescentou o ex-presidente na quinta-feira.
Depois de liderar a Colômbia por oito anos, Uribe está tendo dificuldade em ajustar-se à vida longe do poder, de acordo com Michael Shifter, diretor do instituto de estudos Diálogo Interamericano, de Washington.
Por enquanto a guerra no Twitter é unilateral, porque Santos vem evitando um desentendimento público e enviou apenas mensagens em tom respeitoso, admitindo que está partindo das realizações de Uribe para transformar a Colômbia, hoje uma economia em franco crescimento com base no petróleo e na mineração.
Recentemente, porém, Santos expressou sua frustração, tuitando que não vai ficar "incomodando o presidente em exercício" quando deixar o poder. Mais tarde ele suavizou o comentário.
Por trás das farpas estão diferenças políticas, sociais e culturais profundas entre Santos, representante típico da elite urbana da Colômbia, e Uribe, filho de um conservador criador de gado que foi assassinado por guerrilheiros.
Santos foi eleito no ano passado para dar continuidade às políticas de Uribe e se beneficiou da grande popularidade deste. Contudo, horas apenas depois de chegar ao poder, em agosto passado, ele mostrou que se nortearia por seus próprios princípios.
Ele restaurou as relações com um inimigo de Uribe, o esquerdista presidente da vizinha Venezuela, Hugo Chávez. A medida revoltou Uribe, que afirma que Chávez ainda está dando abrigo a guerrilheiros colombianos.
Santos nomeou adversários de Uribe do Partido Liberal, ao qual pertencia no passado, para cargos no gabinete. Eles vêm trazendo à tona casos de corrupção na administração Uribe, como um escândalo em torno de subsídios agrícolas.
"É uma divisão importante. O que está acontecendo é que o pêndulo está voltando para o centro, enquanto Santos está recuperando sua vocação política pessoal", disse Humberto De La Calle, ex-vice-presidente da Colômbia.
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