Plásticos biodegradáveis são criados a partir de matérias-primas naturais e renováveis, por exemplo, milho, trigo, raiz de mandioca, beterraba, cana-de-açúcar e outros. Já os plásticos comuns são fabricados por meio de um processo que gera a nafta, um subproduto do petróleo. Logo, é originada de combustível fóssil ou nada amigável ao meio ambiente.
Poluição, esgotamento de fontes não renováveis e boom de agendas ESG nas empresas têm ampliado o interesse pelo assunto. Mas será que esse tipo de bioplástico é realmente vantajoso? Quais os prós e os contras. Contamos a seguir!
Para que servem os plásticos biodegradáveis?
Por serem de origem natural, alguns plásticos biodegradáveis prometem ser uma alternativa mais sustentável em relação aos comuns. Mas, para isso, devem ser capazes de passar por uma transformação química, de modo que micro-organismos consigam convertê-los em biomassa, água ou dióxido de carbono.
O impacto do plástico no meio ambiente
Além da demora para se decompor, o plástico no meio ambiente não costuma ter uma destinação lá muito correta, como para reciclagem. Isso contribui para o aumento de lixões a céu aberto, um problema que se alastra em várias regiões do Brasil e do mundo.
Outra questão se refere à poluição do solo, de rios e mares. Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) feito em 2021 aponta que a poluição plástica no ecossistema marinho cresceu absurdamente nos últimos anos e deve dobrar até 2030. Segundo o órgão, os efeitos disso devem ser altíssimos para a saúde, economia e biodiversidade.
“Estimou-se que em 2015 os plásticos estavam ligados à produção de 1,7 gigatonelada de CO2 equivalente (GtCO2e)”, diz o relatório.
Já em 2050 o número deve subir para 6,5 GtCO2e. Ou seja, trata-se também de uma questão climática.
Além disso, os plásticos podem se converter em microplásticos — aqueles com entre 0,001 e 5 milímetros —, criando um efeito em cadeia tenebroso. Esse tipo de material é, enfim, consumido desde o fitoplâncton, passando pelo zooplâncton até chegar às larvas de peixes, por exemplo (!).
Plásticos e bioplásticos podem se transformar em microplásticos, que acabam sendo consumidos por animais e pessoas
Humanos consomem o equivalente a um cartão de crédito por ano
Uma infinidade de utensílios utilizados no campo também carrega esses fragmentos que, ao chegarem ao solo, alteram sua estrutura física e capacidade de reter água. Nós, humanos, também estramos nessa: um estudo feito na Universidade de Newcastle, na Austrália, estima que uma pessoa consuma em torno de 50 mil partículas de microplástico por ano – o equivalente ao tamanho de um cartão de crédito por semana (!).
Ainda faltam pesquisas para determinar os efeitos desse material em nosso organismo, mas existe o potencial de ele afetar o estômago e gerar intoxicação em longo prazo. Nos animais, afeta sua capacidade de se alimentar adequadamente (afinal, seu estômago fica mais cheio) e prejudicar até mesmo sua capacidade de aprendizado e reprodução.
De acordo com a ONU, cerca de 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos oceanos todos os anos. Os animais desse ecossistema acabam morrendo, ao ingerir ou ficarem presos em redes com acúmulo do material.
Quais são os tipos de bioplásticos biodegradáveis?
Exemplos de plásticos biodegradáveis de origem renovável:
ácido polilático (PLA) - mais usado na indústria alimentícia, sacolas, cosméticos e canetas;
polihidroxialcanoato (PHA) - mais usado para fabricação de sacolas, embalagens de cosméticos, talheres e pratos;
polisuccinato de butileno (PBS) - mais usado em embalagens de alimentos, produtos de limpeza e higiene, além de redes de pesca.
Exemplos de bioplásticos suas diferenças em relação aos plásticos comunsFonte: Adaptado da European Bioplastics/Revista Fapesp
Vantagens e desvantagens do plástico biodegradável
Vantagens
As vantagens do plástico biodegradável estão em sua baixa necessidade do uso de matéria-prima de origem não renovável. Sua capacidade de rápida decomposição em ambiente correto também é outro ponto importante, afinal, o processo pode levar em torno de 180 dias.
O bioplástico também é mais resistente do que o papel, por exemplo, assim pode ser reutilizado por diversas vezes sem estragar.
Desvantagens
A principal desvantagem do plástico biodegradável está no alto custo de sua produção, além da falta de políticas públicas que incentivem sua fabricação e iniciativas de educação à população a esse respeito.
Outro problema é que só uma parte desses produtos pode passar por decomposição ou compostagem doméstica, ou seja, ao ser misturado a alimentos e outros resíduos, pode se transformar em adubo. Assim é preciso que seja destinado a uma usina de compostagem, que existe em baixa quantidade no Brasil.
Não se engane: descarte incorreto de bioplástico também causa poluição no meio ambiente
Em aterro comum, por exemplo, não tem como garantir que sua decomposição aconteça rapidamente. Esse tipo de orientação também nem sempre é evidenciado nas embalagens, dessa forma, não basta apenas fabricar embalagens e sacolas biodegradáveis.
No fim das contas, ao serem descartados incorretamente, esse tipo de bioplástico pode se tornar um problema similar ao do plástico comum. No mar, por exemplo, canudos e copos descartáveis fabricados com esse método podem se manter intactos por um longo período.
Esses itens ainda podem produzir metano, gás de efeito estufa e, portanto, afetar na esfera climática. De acordo com o relatório do Pnuma, os plásticos biodegradáveis não podem também ser considerados uma boa saída para o problema no mundo, com “ameaças similares” ao plástico comum.
Enfim, ainda é preciso encontrar soluções mais efetivas para nos livrarmos da montanha desse material que se acumula mundo afora. Incentivar a reutilização de sacolas e materiais recicláveis pode ser um pequeno começo.
*Este é um conteúdo exclusivo do The BRIEF para meu irmão TecMundo. Curtiu? Então venha saber tudo de tecnologia, negócios, ciência e comportamento com a nossa newsletter!
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