A Polícia Federal prendeu hoje (21) dez brasileiros que planejavam atentados terroristas durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, evento que começa já no início de agosto. A célula terrorista era ligada ao Estado Islâmico (EI) e planejava suas ações via Telegram e, mais recentemente, via WhatsApp também.
Os terroristas utilizam essas duas plataformas por se sentirem protegidos pela criptografia ponta a ponta, que impede — em teoria — qualquer tipo de interceptação das mensagens pelas autoridades e pelo próprio serviço. O Ministério da Justiça disse que não revelaria os métodos de interceptação de informações para esse tipo de mensageiro, mas a Abin já comentou anteriormente que usa agentes infiltrados em grupos formados nos apps para obter as mensagens.
O Ministério da Justiça disse que não revelaria os métodos de interceptação de informações para esse tipo de mensageiro
Ao todo, foram realizadas 10 prisões, sendo algumas no Paraná, em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em mais sete estados. Segundo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, 12 mandados foram expedidos, o que significa que mais duas pessoas ainda serão presas.
A operação da PF que resultou na prisão dessa célula terrorista, toda formada por brasileiros recém-convertidos ao islamismo e comprovadamente adeptos do Estado Islâmico, foi chamada de “Hashtag”. Esta foi a primeira a prender pessoas baseadas na nova lei antiterror, aprovada em março deste ano pelo Congresso Nacional.
Preparados para atacar
Moraes ainda disse em sua entrevista coletiva, que terminou há poucos instantes, que o grupo monitorado no Telegram estava se preparando para um ataque no Rio de Janeiro, com ações concretas que provaram a intenção clara de cometer um ato terrorista. Isso, segundo a nova lei, já o suficiente para prendê-los e, posteriormente, condená-los.
“Houve um primeiro contato com o Estado Islâmico, houve um juramento… Na sequência, houve uma série de atos preparatórios. Depois, esse grupo passou a entender que, com as Olimpíadas, o Brasil poderia se tornar um alvo”, declarou Moraes.
Houve um primeiro contato com o Estado Islâmico, houve um juramento…
Um dos presos teria inclusive entrado em contato com um site paraguaio para comprar um fuzil AK47. Entre as mensagens trocadas, todos eles teriam ainda comemorado os recentes ataques na cidade de Nice, na França, e também em Orlando, nos EUA.
Os alvos presos são os 10 mais perigosos monitorados pela inteligência brasileira na atualidade. Esses recém-convertidos estariam entre os radicais frustrados com o pacifismo pregado nas mesquitas brasileiras e que entraram em contato com o EI.
Segundo o Ministério da Justiça, o monitoramento revelou que o assunto desses usuários do Telegram e do WhatsApp passou de “simples” apologia ao terror, intolerância religiosa, preconceito de gênero e de cor para preparativos concretos de ataques terroristas. Por isso, eles foram presos.