Nos últimos anos, a educação digital ganhou muita importância para a rede pública do ensino. Embora ainda seja comum encontrar casos de escolas em que os alunos nunca sequer ouviram falar de computadores ou internet, projetos como o Um Computador por Aluno (UCA) já mostraram o potencial que o Brasil tem em avançar nesse campo.
A ideia é inspirada no projeto do laptop de cem dólares, uma iniciativa do Instituto de Tecnologia de Massachusetss (MIT), nos Estados Unidos. O objetivo é disponibilizar para cada aluno um pequeno laptop que deve ser utilizado durante as aulas como forma de aprimorar o ensino e permitir novas formas de interação entre alunos e professores.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
A educação digital é importante tanto para acostumar os alunos com a rede digital quanto para prepará-los para o competitivo mercado de trabalho que os aguarda no futuro. Afinal, a internet se torna cada vez mais importante como fonte de informações, além de permitir contato rápido com diferentes culturas e línguas, algo que para muitos é impossível fora do meio digital.
Conhecida mundialmente pela criação e fabricação das urnas eletrônicas utilizadas pelo Brasil, a Fundação Centro de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi) decidiu investir no emergente mercado da educação digital e criou uma combinação entre computador portátil e projetor para utilização em escolas da rede municipal.
O projeto, batizado como Arthur, tem como objetivo facilitar a vida de professores e alunos ao disponibilizar um equipamento versátil, barato e leve que possa ser transportado facilmente. Confira abaixo as informações mais importantes sobre o aparelho que tem tudo para se tornar uma referência mundial no ensino com mídias digitais.
Computador e projetor em um só aparelho
A ideia que deu origem ao Arthur surgiu em 2007 através do Programa Nacional de Informática na Educação (Proinfo), que tem como três pontos básicos o investimento em infraestrutura, capacitação e conteúdos.
Do primeiro protótipo ao produto finalizado que surgiu em 2009 houve um intenso trabalho entre engenheiros, pedagogos e outros especialistas das universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e Pernambuco (UFPE). O Certi, localizado no campus da UFSC em Florianópolis, surgiu como a melhor alternativa na hora de transformar a proposta em um produto viável.
A fase de testes foi importante para determinar as características finais do Arthur, que vem equipado com o processador Intel Atom 330, 1 GB de memória RAM, entrada USB, mouse, teclado, projetor, entrada de microfone e caixas de som integradas. Para utilizar o aparelho, basta conectá-lo à tomada, sem a necessidade de nenhuma configuração adicional.
Apesar da aparência robusta, o equipamento é leve, com pouco mais de três quilos. Além do projetor, o computador conta com leitor de CD e DVD, o que facilita a utilização de conteúdos multimídia. Apesar de a maioria dos computadores da rede pública contar com o sistema operacional Linux, o Arthur trabalha bem com documentos criados no Windows, como aqueles da família Office.
O Ministério da Educação (MEC) ainda não confirmou uma data para o lançamento do edital de licitação que deve escolher o fabricante do Arthur. A meta é que, durante a produção em larga escala, o produto tenha o custo máximo de R$ 2 mil.
Tecnologia baseada nos princípios do ecodesign
Um dos destaques do Arthur é o processo de fabricação ecológico utilizado pela Certi, que utiliza técnicas que representam pouco prejuízo à natureza se comparadas aos métodos tradicionais. Essa decisão se alinha com aquela de regiões como a União Europeia de utilizar restrições a produtos fabricados com práticas que degradam a natureza.
Como o objetivo é vender a ideia do Arthur para todo o mundo, o ecodesign se mostrou a única alternativa viável para que o produto pudesse ser competitivo. Para a produção foram utilizados plásticos de fácil degradação e reprocessamento, e a opção por materiais mais leves reduz a energia gasta durante a produção.
Ainda há forte resistência à utilização de materiais menos poluentes porque isso pode representar mudanças de projetos, aumentando o custo final dos produtos. Por exemplo, pode ser preciso revisar totalmente a produção de um computador para modificar o processo de soldagem, que pelas regras da União Europeia não podem conter chumbo.
A Certi utilizou o maior número de componentes que atendessem à diretiva da União Europeia que restringe o uso de substâncias como mercúrio, chumbo e cádmio, perigosas para a saúde humana. Além do Arthur, a fundação utiliza os princípios do ecodesign em outras iniciativas, como o desenvolvimento de placas eletrônicas para pequenas e médias empresas em seu laboratório-fabrica, o Labelectron.
Categorias