Depois dos relógios inteligentes, Apple e Samsung vão brigar pela sua casa

6 min de leitura
Imagem de: Depois dos relógios inteligentes, Apple e Samsung vão brigar pela sua casa
Imagem: News Claimer

Há poucos dias, a Apple apresentou o seu Apple Watch ao público durante o evento de lançamento do iPhone 6, marcando a entrada da empresa no mercado de dispositivos vestíveis. Dessa maneira, a empresa da maçã se junta à Samsung, Google, Sony e outras gigantes.

Este nicho de “dispositivos vestíveis” ainda está expansão, com muitas possibilidades que não foram pensadas pelas empresas. Basicamente, temos alguns Smart Watches que se conectam aos smartphones e pulseiras, como a Fitbit Flex, que ajudam o usuário a monitorar as suas atividades físicas. Mesmo o Google Glass, os óculos inteligentes da Google, ainda está em fase de testes e não foi lançado para o grande público no geral.

Ou seja, a área de Wearables ainda engatinha. No Brasil, pelo menos, ainda é raro ver pessoas utilizando algum desses produtos. Assim, mesmo explorando pouco o que esse mercado pode render, as empresas de tecnologia já planejam o futuro em outras frentes. Ao que parece, o plano dessas companhias está nas casas automatizadas, também conhecidas como “casas inteligentes”.

Atualmente, ao redor do mundo, a tendência de casas interconectadas, nas quais vários dispositivos se conectam está forte. E  isso inclui sistemas de controle, iluminação, segurança, eletrodomésticos, sistema de aquecimento, PCs, notebooks, televisores, video games e sistemas de armazenamento na nuvem.

Apple ajuda você a controlar a sua casa

A Apple, por exemplo, deseja transformar as nossas residências. Seu objetivo é torná-las mais “inteligentes” através de um simples iPhone. Há alguns meses, a empresa anunciou uma plataforma chamada Home Kit, que transformará o smartphone em uma espécie de controle universal da casa.

Craig Federigh apresenta o Home Kit

Através do recurso, o usuário poderá usar comandos no iPhone para abrir cortinas, trancar fechaduras, desligar o forno, apagar as luzes e mais.

Segundo Craig Federighi, vice-presidente de software da Apple, ao apresentar o Home Kit: "Hoje, cada dispositivo de automação residencial disponível no mercado traz seu próprio app, seu próprio protocolo de comunicação e um mecanismo de segurança particular. Nós vamos acrescentar alguma racionalidade a todos esses processos”.

O poder do Home Kit

Na prática, os fabricantes poderão lançar uma gama de dispositivos certificados para o Home Kit, que adotarão o mesmo padrão para se comunicar com o iPhone. Por enquanto, ainda não foi divulgado se a Apple vai lançar um app dedicado para realizar comandos ou se eles estarão disponíveis a partir do próprio iOS, mas está claro que ele será integrado à Siri.

Em poucas palavras, o Home Kit vai simplificar a interação entre o morador e a sua casa automatizada. A expectativa era que a empresa disponibilizasse o recurso junto com o iOS 8 que ocorreu nesta semana, o que infelizmente ainda não ocorreu.

Plataforma vai permitir abrir fechaduras automatizadas

Com essa nova plataforma, a Apple pretende ganhar uma fatia nesse mercado de residências inteligentes, que já é promissor. Neste ano, o faturamento em casas automatizadas será de 50 bilhões globalmente, e o valor deve dobrar até 2018, de acordo com as projeções da consultoria Strategy Analytics.

Samsung também prepara as suas armas

Rivais no mercado de smartphones, tablets e a partir de 2015 também no de SmartWatches, Samsung e Apple parecem que também vão travar uma verdadeira guerra na área de casas inteligentes.

Durante a conferência IFA 2014, que ocorreu entre os dias 5 e 10 de setembro em Berlim, na Alemanha, o CEO da Samsung, Yoon Boo Keun, realizou uma palestra exaltando as virtudes de uma casa equipada com vários dispositivos conectados à internet.

Na visão da Samsung, os seus clientes poderão ajustar e gerenciar diversos aspectos da sua residência mesmo estando longe. Para o executivo, não será a tecnologia a principal característica das residências do futuro, mas sim a conectividade, urbanização e a vontade de se obter segurança diante de riscos apresentados por doenças e mudanças climáticas.

Yoon Boo Keun fala durante a IFA

Yoon diz que o futuro de nossas casas não será mudado repentinamente e nem será traumático. Mesmo que se concretize rapidamente, esse novo ambiente vai satisfazer tranquilamente as pessoas. “Lembrem-se de como foi rápida a introdução de smartphones e tablets na vida das pessoas, e como eles mudaram as nossas vidas”, compara o executivo.

Na realidade, as casas inteligentes não serão padronizadas, mas sim adaptadas ao estilo de vida de seus moradores, que “serão os únicos que darão vida e forma para a sua moradia". A Samsung se prepara para desenvolver a tecnologia necessária para se tornar compatível com outros fornecedores, já que, segundo o CEO, já está pronta para fazer parcerias com diversas empresas.

Empresa já pensa no futuro

A companhia sul-coreana já é líder na fabricação de aparelhos conectados à internet, incluindo geladeiras, lavadoras e outros produtos através do WiFi. A fim de manter uma vantagem sobre a concorrência, a Samsung adquiriu recentemente a startup SmartThings por supostos US$ 200 milhões.

A SmartThings desenvolveu um app que funciona como uma espécie de hub e que permite sincronizar de forma fácil e rápida vários dispositivos conectados. O aplicativo é compatível com vários protocolos de comunicação, facilitando o controle de diversos aparelhos.

Smarthings

Com ele instalado, os usuários podem monitorar os dispositivos conectados ou definir certas tarefas para serem realizadas automaticamente, tornando a “casa conectada” em uma casa inteligente. Além disso, ele é capaz de monitorar a sua rotina e ajustar os aparelhos de acordo com as suas preferências.

Google se prepara, mas ainda não diz a que veio

A Google é outra empresa gigante que parece olhar com carinho para este mercado. Ela comprou a Motorola Mobility em 2011 por mais de US$ 12 bilhões, em um movimento que muitos acreditavam que lhe permitiria desenvolver dispositivos que controlariam diferentes hardwares e softwares. No entanto, a empresa surpreendeu os analistas quando vendeu a Motorola neste ano para a Lenovo por apenas US$ 3 bilhões.

Apesar do fato de que a Google manteve o portfólio de patentes da Motorola — que é muito valioso —, poucos viram esse investimento como rentável. No entanto, em seguida, a Google se voltou para a área de casas inteligentes através da compra da Nest Labs, a líder em dispositivos informatizados para casa, que fabrica produtos como um termostato que aprende os costumes do usuário e que se conecta à internet, além de um detector inteligente de monóxido de carbono.

Nomes menores também preparam novidades

Da mesma maneira, a General Eletrics se voltou para essa área com o seu investimento na Quirky, uma startup inovadora que, como a SmartThings, lançou recentemente um aplicativo hub para manter a casa conectada, fazendo o uso da carteira de patentes da GE.

Com a GE ao seu lado, a Quirky produziu um ar-condicionado conectado e uma bandeja de ovos que avisa aos usuários quais são aqueles que estão mais frescos para o consumo através de luzes LED. No entanto, a parceria da startup com a empresa norte-americana não foi uma aquisição, deixando a Quirky independente para produzir outros produtos.

Hub e aplicativo da Revolv

Durante a Consumer Electronics Show deste ano, a Revolv recebeu uma atenção considerável dos presentes no evento. Em vez de tentar construir produtos que serão concorrentes para dispositivos já produzidos, ela criou uma plataforma que integra um app para smartphones e um hub que fornece comandos e controles para uma série de dispositivos populares.

Contrariando o ecossistema fechado, o foco da Revolv é adicionar compatibilidades constantes de dispositivos à sua ferramenta, para que os seus usuários possam se beneficiar de funcionalidades adicionais que os fabricantes de produtos tragam ao mercado no futuro.

Como curiosidade, por enquanto, o mercado de casas inteligentes é incrivelmente fragmentado, com 15 protocolos diferentes. Até o momento, a Revolv é a única solução que pode trabalhar com dezenas de marcas em apenas um único hub e aplicativo. Entre os produtos suportados estão termostatos, lâmpadas, fechaduras, controles remotos, sensores de áudio, produtos de segurança e muito mais

União vai melhorar o desempenho das casas inteligentes

Mesmo com tanta competição entre as empresas, há pouco mais de dois meses, sete companhias anunciaram a formação do Thread Group – incluindo Samsung, Nest Labs , ARM e outras.

Dessa união, vai surgir o desenvolvimento de um novo protocolo sem fio, que será adotado no mercado. Ele pode resolver alguns problemas existentes atualmente, incluindo a falta de compatibilidade, alto consumo de energia e dependência de alguns hardwares específicos.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.