Força invisível: os 7 tipos de algoritmos que dominam o nosso mundo

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Não é preciso falar nada para que todos saibam que existem muitas coisas que são invisíveis na maior parte do tempo, mas que são elementos importantes nas nossas vidas – oxigênio, o sinal do celular e a internet WiFi são apenas alguns exemplos. Seguindo a mesma linha de raciocínio, até mesmo as pessoas que odeiam matemática e seus desdobramentos terão que reconhecer que os algoritmos se tornaram essenciais para nosso cotidiano.

Duvida? Então basta lembrar que essas linhas de números e códigos atualmente são usadas virtualmente em qualquer lugar, das instituições financeiras aos sites de relacionamento. No entanto, alguns desses algoritmos modificam e controlam nosso mundo de uma forma mais intensa que os demais – e mais abaixo você verá os sete mais relevantes deles na atualidade.

Mas antes de passar à descrição dessas forças modernas, é preciso lembrar exatamente o que é um algoritmo, termo que é definido pelos cientistas da computação como o conjunto de regras que determina uma sequência de operações. Dessa forma, eles podem ser entendidos como uma série de instruções que dizem a computador como ele deve resolver certo problema ou atingir determinado resultado. Sem mais delongas, vamos à lista:

1 – Busca do Google

Houve uma época, há poucos anos, em que os mecanismos de busca disputavam entre si a supremacia da internet. Eis que então surgiu o Google com seu inovador algoritmo PageRank e, subitamente, a guerra foi decidida. Hoje, a Google embolsa sozinha 66,7% do mercado norte-americano de buscas, seguida pela Microsoft (18,1%), Yahoo (11,2%), Ask (2,6%) e AOL (1,4%).

O PageRank funciona em conjunto com programas automatizados, chamados spiders (“aranhas”, em tradução livre) ou crawlers (algo como “rastejantes”), e com um grande índice contendo palavras-chave e suas localizações. O algoritmo avalia o número e a qualidade dos links que levam a cada página e, assim, determina o quão importante o site é – a ideia é que quanto mais valioso um site for, maior a probabilidade de ter links levando para ele.

Além desse sistema no maior estilo “concurso de popularidade”, o PageRank também leva em conta a frequência e a localização das palavras-chave dentro de cada página. Por fim, também entra na conta a idade do site, isto é, a quanto tempo ele existe.

2 – Feed de notícias do Facebook

Por mais que nem todo mundo goste de admitir isso, o feed de notícias do Facebook é o lugar onde a maior parte de nós costuma gastar boa parte do nosso tempo livre – e às vezes até do nosso horário de trabalho. A menos que suas preferências estejam configuradas para mostrar sem exceções cada uma das atividades de todos os seus amigos em ordem cronológica, então o que você vê é uma seleção pré-determinada pelos algoritmos da rede social.

Para calcular qual conteúdo é o mais interessante, o sistema do Facebook leva vários fatores em conta. Dessa forma, tudo o que você vê no feed é determinado pelo total de comentários, o tipo de postagem (se é uma atualização de status, vídeo ou foto, entre outras coisas) e quem enviou o item em questão – sim, existe um ranking interno de quem é mais popular e com quem você costuma interagir mais regularmente.

3 – Combinação de parceiros ideais em sites de relacionamento

Atualmente, a busca por relacionamentos pela internet se tornou uma indústria bastante valiosa – US$ 2 bilhões (cerca de R$ 4,5 bilhões), para sermos mais precisos. Graças ao crescimento de sites como Match.com, eHarmony e OKCupid, esse mercado vem se expandindo com uma taxa de 3,5% ao ano desde 2008.

Segundo analistas, essa aceleração deve continuar pelo menos pelos próximos cinco anos. E o motivo para essas previsões não poderia ser melhor: essa é uma forma extremamente efetiva de formar casais, já que os sites comprovadamente possuem uma alta taxa de casamentos bem sucedidos e fazem um ótimo trabalho ao combinar pessoas se baseando em suas preferências e tendências – serviço que é executado pelos algoritmos.

No OKCupid, por exemplo, há uma abordagem bastante analítica para a formação de casais, fazendo uso de uma enorme quantidade de informações dos seus usuários. No entanto, tudo não se resume a simplesmente bater interesses iguais, já que cada resposta é pesada pela importância da questão para cada um dos possíveis parceiros. Ou seja, não basta que uma pessoa goste de animais de estimação, ela é escolhida se gostar deles tanto quanto você.

4 – Coleta, interpretação e encriptação de dados da NSA

A cada dia que passa, nós somos mais e mais vigiados. No entanto, essa vigilância constante se dá cada vez menos por pessoas propriamente ditas – quem nos segue agora são os algoritmos. Graças aos vazamentos de informações por Edward Snowden, hoje sabemos que a NSA e seus parceiros internacionais vêm espionando milhões de cidadãos desavisados há anos – e isso todo só é possível graças à tecnologia.

Curiosamente, a NSA afirma que o que eles fazem na verdade não se trata da coleta de informações, já que um manual de procedimentos de 1982 determina que “dados adquiridos por meios eletrônicos só será considerado ‘coletado’ quando for processado para assumir uma forma compreensível”. Isso é como dizer que ter uma biblioteca em casa não é o mesmo que colecionar livros, já que só são considerados “coletados” aqueles que você tiver lido.

Segundo Bruce Schneier, do Guardian, essa visão é problemática porque os algoritmos de computadores estão intimamente amarrados às pessoas. Portanto, quando se trata deles nos vigiarem e analisarem nossas informações, é preciso considerar que está por trás deles. Não importa se alguém olha ou não para os dados, basta saber que eles poderiam olhar para que isso se torne espionagem.

Por fim, a NSA ainda possui seus próprios mecanismos para evitar vigilância e vazamento de informações. É o caso do Suite B Cryptography, um conjunto de algoritmos usados para encriptação, troca de chaves, assinaturas digitais e hashing – tudo isso para que a agência possa proteger tanto seus documentos secretos quanto os comuns.

5 – “Você também pode gostar de...”

Sites e serviços como o Amazon e o Netflix costumam monitorar os itens que compramos e filmes que assistimos e então sugerir itens relacionados baseados nos hábitos de outras pessoas que fizeram as mesmas escolhas que nós. Embora esse sistema possa ser extremamente útil, sua natureza automatizada também pode torná-lo extremamente impreciso – especialmente após comprar um livro infantil para o seu sobrinho de 4 anos, por exemplo.

Junto ao PageRank e ao feed de notícias do Facebook, esse tipo de algoritmo está criando a chamada “bolha de filtros”, um fenômeno no qual usuários perdem o contato com notícias que vão contra seus pontos de vista. Isso poderia resultar no que alguns estudiosos chamam de “determinismo da informação”, que ocorre quando nossos hábitos de navegação anteriores estabelecem para onde vamos no futuro.

De forma similar às sugestões da Amazon e do Netflix, a Google, o Facebook e outros sites costumam observar seu comportamento, escolha de palavras e buscas para exibir anúncios contextuais. O Google AdWords – que hoje é a principal fonte de renda da empresa – e o sistema da rede social, por exemplo, são baseados nesse modelo.

6 – Negociação de ações em alta frequência

Não faz pouco tempo que o setor financeiro vem usando algoritmos para prever flutuações de mercado, mas uma tendência crescente é o uso deles para a prática de negociação de ações em alta frequência. Esse tipo de comercio em alta velocidade utiliza os chamados bots, que são capazes de tomar decisões de compra e venda em apenas alguns milissegundos, enquanto um ser humano precisaria de no mínimo um segundo completo para isso.

No entanto, esses algoritmos podem cometer enganos de tempos em tempos, como foi o caso da “quebra relâmpago” do dia 6 de maio de 2010, quando a média industrial do Dow Jones caiu cerca de 1 mil pontos em apenas alguns minutos, mas se recuperou em menos de meia hora. Embora as razões para isso nunca tenham ficado completamente claras, acredita-se que uma falha nos bots tenha causado a assustadora flutuação.

7 – Prevendo crimes

O item final da lista ainda não é uma presença dominante no mundo atual, mas pode se tornar uma em breve. Um número crescente de departamentos de polícia (especialmente nos Estados Unidos) está começando a utilizar uma nova tecnologia conhecida como análise de previsão – um tipo de ferramenta que envolve algoritmos e nos faz pensar em uma realidade no melhor estilo “Minority Report”.

Em 2010 o DP de Memphis, no EUA, anunciou que o uso de um software da IBM chamado CRUSH havia proporcionado uma redução de crimes graves em 30% e de atos violentos em 15% desde 2006. Inspirados pela iniciativa, vários municípios nos Estados Unidos, Polônia, Israel e Reino Unido já possuem programas-piloto similares.

O CRUSH (sigla em inglês para “Redução Criminal Utilizando Históricos Estatísticos”, em tradução livre) funciona por meio de uma combinação de agregação de dados, análise estatística e, é claro, algoritmos avançados. O software permite que a polícia avalie padrões de incidentes que acontecem pela cidade para prever locais onde é mais provável acontecerem crimes, facilitando a distribuição de recursos e pessoal para respostas mais eficientes.

A ideia é que no futuro esses sistemas diminuam a necessidade de analistas. Os criminosos serão rastreados por algoritmos sofisticados que monitoram atividades na internet, GPS, assistentes pessoais digitais, assinaturas biológicas e comunicações em tempo real. Drones aéreos devem complementar quadro, indo até potenciais bandidos e observando seus movimentos corporais e outras pistas para prever suas intenções.

Embora a lista seja impressionante, esses são apenas alguns exemplos de algoritmos que mudam o nosso mundo. Dessa forma, poderíamos incluir mecanismos que comprimem dados de áudio em MP3 e vídeos em vários formatos, ou até o Auto-Tune. E você, conhece mais algum que vale a pena mencionar? Deixe sua opinião nos comentários.

Fontes

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