De acordo com um relatório recente da Agência Internacional de Energia (AIE), o mercado de veículos elétricos atingiu um novo marco em 2016: foram vendidos mais de 750 mil modelos da categoria, contra 547,2 mil no ano anterior. Com isso, o número total alcançou a marca de 2 milhões de unidades desde que os primeiros automóveis movidos a energia elétrica começaram a ser comercializados, em 2011.
A participação dos carros elétricos cresceu em quase todos os continentes. Na América do Norte, os Estados Unidos continuam como o país que mais vende as máquinas. Contudo, os chineses ultrapassaram os norte-americanos e agora lideram as vendas de veículos elétricos. Apesar de os modelos responderem por apenas 1,5% da frota nacional, mais de 40% desses carros comercializados no mundo em 2016 foram adquiridos na China — o dobro do que ocorreu nos EUA.
Além de automóveis, a China possui outros 200 milhões de veículos elétricos de duas rodas, entre 3 e 4 milhões de veículos elétricos de baixa velocidade e mais de 300 mil ônibus elétricos; nenhum desses foi incluído nos números oficiais da AIE.
Já na Europa, os países escandinavos dominam o setor, liderados pela Noruega, com 29% — lá, um terço de todos os veículos vendidos no país é elétrico. O ranking tem ainda nações como Holanda (6,4%), Reino Unido (4,4%) e Suécia (3,4%).
Políticas públicas
Todos os países citados acima oferecem políticas para fomentar as vendas de carros elétricos. Inclusive, há cerca de duas semanas, governos da China, da França, da Alemanha, do Reino Unido, dos EUA e de mais cinco países anunciaram um programa chamado "Electric Vehicle Initiative", que visa estabelecer uma meta de 30% de participação de mercado para carros, ônibus, caminhões e vãs movidos a bateria até 2030. A Índia, que não faz parte do grupo, pretende comercializar apenas carros elétricos até o fim da próxima década.
Segundo a AIE, um dos fatores que contribuem para a baixa adesão dos veículos elétricos é a inclusão de algumas taxas e impostos que são cobrados em vendas de automóveis comuns, movidos a combustíveis como álcool e gasolina. Na Holanda, por exemplo, onde os incentivos fiscais foram eliminados gradualmente, as vendas de automóveis elétricos caíram 50%; na Dinamarca, a mesma situação: o governo do país começou, aos poucos, a restabelecer impostos sobre o setor e encerrou alguns programas de compras encabeçados pelo governo. Resultado? A categoria sofreu uma queda de 68% nas vendas em 2016.
Um dos fatores que contribuem para a baixa adesão dos veículos elétricos é a inclusão de algumas taxas e impostos que são cobrados em vendas de automóveis comuns
"Um ambiente com uma política apoiada [por todos] permite o crescimento do mercado, tornando os veículos mais atraentes para os consumidores, reduzindo os riscos para os investidores e incentivando as fabricantes a desenvolver fluxos de negócios de carros elétricos em grande escala para começar a implementá-los", disse a Agência.
A entidade também ressaltou que incentivos fiscais mais eficazes mostram ao consumidor benefícios (financeiros e ecológicos) de preferir um automóvel elétrico a um movido a combustível. No caso da Dinamarca, o governo local prometeu que vai anunciar novos incentivos neste ano, inclusive um desconto de imposto na compra de carros elétricos com base na capacidade da bateria.
O caminho é longo
Mesmo em crescimento, o mercado de veículos elétricos ainda está muito atrás do modelo convencional desse tipo de transporte. Eles representam 0,2% do total de carros circulando no globo.
É por esse motivo que governos inclusos no Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, assinado em 2015, estabeleceram uma meta: limitar o aquecimento global a menos de 2 graus Celsius. O grupo vê na adoção dos carros elétricos uma alternativa para chegar a esse objetivo. Segundo a AIE, isso só será possível se o mundo tiver pelo menos 600 milhões de veículos elétricos até 2040. Atualmente, os transportes movidos a combustíveis fósseis respondem por 14% das emissões globais de gases de efeito estufa.
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