As Olimpíadas de 2012, que acontecem em Londres, já começaram. Pelo menos para os responsáveis por toda a tecnologia de informação do evento. Neste artigo, você vai saber as tecnologias que já estão em teste para os jogos, além de projetos tecnológicos não somente para a ocasião, mas para o futuro.
A infraestrutura da tecnologia
Os jogos de Londres envolvem números impressionantes. São 17 dias de competição, 26 modalidades, mais de 10 mil atletas, 70 mil voluntários, 205 comitês olímpicos, 21 mil transmissores e 4 bilhões de espectadores.
A Atos Origin, empresa parceira dos Jogos Olímpicos desde 2002, é responsável pela circulação da informação de Londres para o mundo, e também pelo credenciamento de todos os envolvidos, desde atletas até voluntários e jornalistas. A empresa anunciou na última semana o inicio dos testes do Laboratório de Tecnologia do evento.
Fonte da Imagem: Atos Origin
Serão nada menos que 200 mil horas de teste para que nada dê errado durante os jogos. Eles não são nada fáceis e simulam situações como quedas de energia e de rede, além de alterações no calendário e também sobre como proceder quando dois atletas cruzam a linha no mesmo instante.
Entre os sistemas que serão colocados à prova, está o myInfo+, um aplicativo online para que imprensa, atletas e oficiais acessem calendários de competição, ranking de medalhas, informações referentes a transporte e recordes esportivos.
Outro sistema, o Commentator Information System, exibe resultados em computadores com tela touchscreen em 0.3 segundos, para que apresentadores e comentaristas tenham as informações antes mesmo da comemoração do público, garante a Atos Origin.
Durante o evento, serão utilizados 900 servidores, 1000 dispositivos de rede e segurança, e 9500 computadores, com 3500 especialistas de tecnologia na supervisão. Serão necessários meio milhão de linhas de código, de acordo com os organizadores.
As arquiteturas de sistema, rede e segurança para as olimpíadas de 2012 são bastante semelhantes às utilizadas nos jogos de 2008, em Pequim, mas com melhorias principalmente em termos de customização. Tudo para que as informações cheguem sempre instantaneamente para todos: atletas, imprensa e público.
O Estádio Olímpico
O estádio vai comportar 80 mil pessoas durante os jogos. Ele tem uma base fixa com capacidade para 25 mil pessoas, e uma parte superior que comporta 55 mil pessoas a mais e será desmontada após as Olimpíadas. Uma das possibilidades é a de reaproveitar a estrutura em outro lugar, até mesmo no Brasil em 2016.
Durante seis meses, testes foram feitos ao redor do estádio para garantir que ventos não influenciem em novos recordes.
Fonte da Imagem: HOK Architecture
Cartões inteligentes
Londres pretende investir no uso de soluções práticas para minimizar o uso do dinheiro vivo durante e depois dos jogos. Uma opção serão os cartões com chips que dão acesso às competições. Em vez de contatos, eles utilizam o sistema RFID com ondas de rádio. Alguns times de futebol já utilizam a tecnologia em seus estádios.
Visitantes em Londres terão opção de usar um mesmo cartão como ticket para jogos, passagem para transporte público e também para compras de pequeno valor. Essa é a fórmula do cartão do banco britânico Barclay. Com o mesmo cartão, o usuário acessa o transporte público e faz compras.
Testes foram feitos com centenas de usuários utilizando também seus aparelhos celulares como forma de pagamento, através de tecnologias do tipo RFID.
O maior hotspot do mundo
Em maio de 2010, o prefeito de Londres, Boris Johnson, anunciou que a capital inglesa teria Wi-Fi em “todas as paradas de ônibus e em todos os postes”, fazendo da cidade a mais conectada do mundo. O projeto prevê a utilização do sistema de distribuição de energia combinado com roteadores e repetidores.
Com facilidade de acesso por cartões ou celulares e extensa conexão tanto Wi-Fi como 4G, a experiência de atletas e espectadores em Londres pode realmente ser diferenciada. As possibilidades de interação com os jogos aumentam consideravelmente, e também fica mais fácil se orientar pela cidade.
Segurança
A segurança dos Jogos Olímpicos de 2012 são tema de debate. O orçamento inicial está estipulado em 600 milhões de libras, mas ele pode ser reduzido para 475 milhões. Já outros afirmam que ele pode até mesmo aumentar e passar a casa de 1 bilhão de libras.
O controle de acesso ao Parque Olímpico deverá ser feito com scanners biométricos de mão e íris, principalmente. O equipamento já passou por testes e durante a construção das instalações, todos os funcionários passaram por um processo tecnológico de segurança que inclui uma foto 3D das mãos para que eles entrassem nas instalações. É provável que medidas semelhantes sejam tomadas durante as competições.
Esportes tecnológicos
A Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, deixou a discussão sobre o uso da tecnologia no futebol ainda mais acirrada após erros graves de arbitragem, como uma bola da Inglaterra que passou e muito da linha, mas o gol não foi marcado pelo juiz.
Fonte da Imagem: Getty Images
O discurso da FIFA era relutantemente contra o uso de tecnologias no futebol, mas mudou após a Copa do Mundo. Pouco após a competição, a entidade se mostrou aberta a receber propostas de solução, desde que viáveis, instantâneas e relacionadas somente a lances de gol.
Com mais de um ano para os jogos, é provável que medidas sejam estudadas e, quem sabe, aplicadas nas olimpíadas, mas nada está garantido. A tecnologia mais comentada nesse sentido são as bolas com chips para a certeza de que a redondinha cruzou a linha totalmente, e também câmeras nas traves nos moldes do "Olho de Águia", tecnologia extensamente utilizada no tênis.
Enquanto algumas modalidades apenas “estudam possibilidades”, outras já estão um passo à frente no quesito tecnologia. De acordo com a BBC News, atletas do pentatlo moderno vão utilizar armas de laser ao invés das pistolas tradicionais de ar. A tecnologia já foi utilizada em competições oficiais e tem o aval da União Internacional do Pentatlo Moderno para 2012. Além de reduzir custos com munição, armas laser são mais seguras.
Fonte de Imagem: Getty Images
Outro exemplo de esporte que vai aproveitar a tecnologia é a vela. Informações sobre clima e temperatura, correntes, marés, velocidade e direção do vento, pressão atmosférica e performance dos barcos são obtidas e processadas por vans próximas aos locais de competição.
A equipe britânica vem utilizando a tecnologia há alguns anos e espera-se que ela consiga medalhas com esse tipo de ajuda. Como parte do jogo, ela não revela em detalhes como tudo é feito.
Ciclismo e canoagem são outras modalidades nas quais os atletas se beneficiam da tecnologia. Alguns atletas britânicos utilizarão um sistema da McLaren Applied Technologies que analisa tanto a modalidade quanto o esportista com instrumentos, telemetria, modelagem e simulação. Os resultados são utilizados para direcionamento de treinos e, consequentemente, melhorar o desempenho dos atletas.
Sustentabilidade
A organização quer que os jogos de 2012 sejam “os mais verdes” de todos, com foco em gerenciamento de energia, pouco desperdício e impacto mínimo na biodiversidade. O Centro de Energia do evento tem design sustentável e flexível. Ele utiliza tecnologias de biomassa que reduzem a emissão de gás carbônico.
O comitê organizador tem seis parceiros de sustentabilidade, entre eles o grupo BT, que desenvolveu uma rede que maximiza a reutilização de materiais, minimizando o desperdício. Por exemplo, cabos de cobre e fibra instalados para o jogo serão reutilizados, entre outras maneiras, nas casas que serão construídas após as competições..
Antes mesmo da construção do Parque Olímpico, um laboratório de alto nível tecnológico foi instalado com equipamentos capazes de testar o solo a fim de determinar havia a necessidade de descontaminação.
Monitoramento de energia
Durante os jogos de inverno de Vancouver, em 2010, o uso da energia foi monitorado em tempo real com a tecnologia Venue Energy Tracker. O sistema utiliza displays nos locais de competição que exibem o consumo de energia. Assim, os organizadores podem tomar melhores decisões referentes ao uso dela. Os dados também são enviados para o público pela internet.
Fonte da Imagem: Pulse Energy Technology
A tecnologia também informa onde há economia de energia. Nos três primeiros dias de competição em Vancouver, foi registrada uma redução de 20% no consumo, por exemplo. A Vila Olímpica, por sua vez, registrou 64% de economia.
David Helliwell, diretor da desenvolvedora do sistema, a Pulse Energy Technology, espera que Londres utilize a mesma tecnologia nos jogos de 2012, e com resultados ainda melhores.
Táxis com emissão zero
A Lotus desenvolveu táxis movidos a hidrogênio para circularem durante e depois dos jogos. Por fora, são exatamente iguais aos táxis pretos, mas por dentro eles têm tecnologia que não emite gás carbônico.
Eles têm dois motores elétricos com uma bateria, mas essa não é a maior fonte de combustível, pois o veículo também transforma hidrogênio armazenado em um tanque especial em energia, que então é transformada em eletricidade. O motor funciona tanto com um quanto com outro método.
Ele ainda é capaz de capturar a energia cinética das frenagens e manda-la para a bateria através das rodas traseiras. Até as olimpíadas, vários táxis desses já estarão circulando pela cidade. O prefeito de Londres quer que todos os táxis sejam assim até 2020.
Fonte da Imagem: BBC UK
Ambição tecnológica
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que tem a ambição de transformar a área de East London em uma espécie de rival do Vale do Silício, o maior polo de tecnologia do mundo. Em um discurso para líderes e empreendedores, ele afirmou que empresas como Vodafone, Google, Facebook e Intel encabeçam a lista de investidores nessa área.
Entre as medidas anunciadas está a criação de um “espaço acelerador” no Parque Olímpico após os jogos com o intuito de oferecer facilidades e conhecimento para que empresas se desenvolvam e cresçam. “Desenvolver o Parque Olímpico após os jogos para ser um centro de inovação e expertise tecnológicas vai ajudar a criar um legado duradouro para o Reino Unido”, afirmou o secretário da cultura Jeremy Hunt.
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Ainda não é possível afirmar com certeza quais os tipos de tecnologia que efetivamente poderemos ver daqui pouco mais de um ano. Fato é que há muitos projetos, mas a aplicação deles envolve obstáculos financeiros e de calendário. Mas certamente a expectativa é grande, pois um evento desse porte nunca passa batido quando o assunto é tecnologia.
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