Fonte da imagem: Raytheon
Em 2011, os Estados Unidos pretendem investir pouco mais de US$ 405 bilhões em tecnologias militares. O valor é considerado abusivo por muitos, afinal, investimentos em tecnologias que, muitas vezes, têm como principal finalidade a destruição em massa não são exatamente a maneira mais nobre dispender dinheiro.
Entretanto, todo esse volume de investimentos não é destinado única e exclusivamente para a criação de novas máquinas de guerra. Muitas das pesquisas desenvolvidas por instituições militares acabam indo parar nas indústrias de eletroeletrônicos e, consequentemente, são transformadas em novos produtos e utilidades para o cotidiano do cidadão comum.
Muito do que foi desenvolvido pela NASA, Agência Espacial Norte-Americana, órgão governamental dos EUA, é utilizado no dia a dia pelos usuários. O Baixaki e o Tecmundo já abordaram algumas delas em um artigo especial.
Mas o que vem sendo desenvolvido atualmente que pode influenciar diretamente nos próximos aparelhos disponíveis no mercado? Conheça em detalhes algumas das principais tecnologias que vão pintar para o consumidor em breve e outras que ainda não têm previsão de chegada, mas que certamente fariam sucesso junto ao público.
Armadura facial
Fonte da imagem: Blanddesign
Embora os soldados estejam sempre bem equipados e por baixo dos seus uniformes exista uma espécie de colete à prova de balas como proteção, algumas regiões do corpo ficam naturalmente mais expostas, como a cabeça e, em especial, os olhos. Um impacto, ainda que não atravesse o capacete de um militar, pode ser fatal.
Pensando nisso o exército norte-americano desenvolveu uma espécie de armadura facial. Chamada Predator Facial Armor, trata-se de um capacete de alta resistência, com proteções especiais para a mandíbula, olhos, nariz e boca. Além disso, a parte interna do capacete funciona como um suporte, impedindo que, em caso de impacto, a cabeça não sacuda com o impacto.
Como complementos tecnológicos, a Predator Facial Armor conta com radar 360 graus, com indicação de alvos móveis e tela display para exibição de informações como mapas, posicionamento de outros soldados e integração computadorizada com algumas armas.
Para uso cotidiano, capacetes como esses podem ser adaptados para uso em atividades esportivas ou mesmo na construção civil, em que a segurança e a possibilidade de acesso rápido a informações visuais podem se tornar grandes diferenciais de produtividade e integração.
Telas OLED flexíveis de pulso
Fonte da imagem: Universal Display Corporation
Se os celulares e smartphones substituíram em grande escala os relógios de pulso, no futuro é possível que o ciclo se inverta e os displays flexíveis possam se configurar na nova geração de relógios. Outra tecnologia desenvolvida dentro do exército norte-americano, exibida pela primeira vez na CES 2009, está em fase de testes nas forças armadas.
O aparato foi criado em parceria com a Universal Display Corporation. Trata-se de uma pulseira com tela OLED, com tela de 4,3 polegadas e resolução de 320 x 420 pixels, capaz de exibir os mais variados tipos de informação, de modo similar ao funcionamento de um smartphone.
Não há informações ainda sobre qual é o sistema operacional utilizado pelo produto nem quando ele poderá deixar de ser uso exclusivo das forças armadas. Entretanto, em tempos de popularização dos tablets, nada mais justo que pensarmos em algum dispositivo similar adaptado ao pulso.
Máquina de glóbulos vermelhos
Fonte da imagem: DARPA
Os glóbulos vermelhos têm a importante função de transportar o oxigênio aos tecidos. Em caso de um sangramento, a perda deles em grandes quantidades pode significar um resultado fatal para o paciente. A DARPA – Agência de Defesa Avançada em Projetos de Pesquisa - colocou em desenvolvimento uma máquina chamada Arteryocite, capaz de produzir glóbulos vermelhos para garantir um suprimento de vida ao paciente ferido.
Baseado num sistema de nanofibras, chamado NANEX, a máquina permite produzir tais células sem que, para isso, seja preciso dispor de um doador. O equipamento utiliza sangue de cordões umbilicais para gerar os novos glóbulos vermelhos, mas a DARPA não divulgou, exatamente, como o processo de transformação funciona.
Exoesqueleto de força
Sair às ruas ostentando uma força similar à da armadura do personagem Homem de Ferro não é mais um sonho da ficção. O exoesqueleto Raytheon XOS 2 reduz o impacto na hora de carregar cargas bem mais pesadas do que o corpo humano é capaz de aguentar.
A aplicação do exoesqueleto no cotidiano pode representar um avanço para a indústria automotiva, por exemplo, ou para outros lugares onde a robótica tenha um papel fundamental. A vida de trabalhadores braçais, com os equipamentos, pode se tornar bem mais prática no futuro.
Cadeira de rodas eletrônica
Fonte da imagem: Florida A&M University
A utilização militar desse equipamento parece pouco provável, mas é exatamente para isso que ele está sendo desenvolvido. Trata-se de uma cadeira de rodas eletrônica, com as mesmas características de pequenos robôs criados para se locomover em terrenos acidentados ou de difícil acesso.
O projeto, ainda em desenvolvimento, deve ficar pronto apenas em 2016. Se em um terreno de difícil acesso as possibilidades são muitas para os soldados, quem utilizá-la nas grandes cidades poderá se locomover com muito mais facilidade em ruas e calçadas acidentadas ou com alguns obstáculos.
Uniformes autossuficientes com energia solar
Fonte da imagem: UK Army
Combinando células fotovoltaicas com aparatos termoelétricos, o exército britânico deve apresentar em 2013 uma nova espécie de uniforme, capaz de utilizar a energia solar como elemento de recarga para diversos dispositivos vinculados à roupa.
Além de absorver luz a partir do espectro eletromagnético, o novo uniforme diminui as possibilidades de detecção por meio de raios infravermelhos. Para garantir o funcionamento durante 24 horas, o uniforme armazena parte da energia capturada durante o dia para que seja utilizada à noite, quando praticamente não há novas possibilidades de recarga.
Com o desenvolvimento da tecnologia, é possível que nos próximos anos surjam outros tipos de roupas também capazes de capturar energia solar, servindo para recarregar gadgets, smartphones e outros dispositivos removíveis que requeiram energia.
Miniveículo aéreo para checar radiação
T-Hawk (Fonte da imagem: Honeywell)
O desastre ocorrido nas usinas nucleares japonesas, em virtude do terremoto e do tsunami no mês de março, colocou o governo e a população em estado de alerta. Os níveis de radiação subiram acima do esperado e, para constatar dados referentes ao problema, o exército japonês utilizou um equipamento desenvolvido em suas pesquisas.
O Honeywell T-Hawk pode fazer qualquer tipo de aproximação aérea e voos monitorados, tendo como objetivo um ponto-alvo. Com isso, o equipamento pôde medir com precisão as áreas contaminadas, dispensando a presença de pessoas no local.
A verdadeira guerra tecnológica
Embora seja natural que a maioria das pessoas tenha a opinião de que investir em equipamentos bélicos não seja a melhor saída para, de fato, melhorar a vida no planeta, historicamente o desenvolvimento tecnológico mostra o contrário. Boa parte das tecnologias que utilizamos hoje surgiu de verbas de investimento em unidade militares de pesquisa.
Contudo, há que se mensurar até que ponto um produto ou uma tecnologia é mais benéfica para a humanidade do que prejudicial. Há muito potencial para novas ideias e, em se tratando de investimentos, esse é um setor que raramente precisa se preocupar com problemas de orçamento. Será que as tecnologias militares serão as responsáveis pela paz e pelo bem-estar no futuro?
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