(Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Devido a vários bombardeios e conflitos ocorridos nos últimos anos, especialmente no mundo Árabe, voltaram a ocorrer discussões sobre o desenvolvimento de uma arma laser para a defesa. Porém, em épocas de ataques militares envolvendo armas de ponta, pode parecer estranho pensar que o melhor armamento para a proteção contra mísseis táticos ainda é uma metralhadora.
Isso porque há um tipo de armamento já disponível para a tarefa e que tem provado a sua eficiência ao longo dos anos. Trata-se do Phalanx CIWS, um mecanismo de defesa de tiro rápido contra mísseis de alcance curto que possui, inclusive, algumas vantagens sobre o desenvolvimento de uma arma laser.
O primeiro aspecto que vale ressaltar é o fato de o sistema já ser completamente operacional. Além disso, como já faz várias décadas que o Phalanx CIWS é utilizado, ele recebeu uma série de aprimoramentos para aumentar a sua eficiência na defesa contra esse tipo de míssil. Ou seja, a tecnologia já atingiu um nível elevado para lidar com a ameaça.
Assim, esse tipo de armamento continua sendo uma solução para evitar devastações causadas por mísseis táticos em várias partes do mundo. Porém, o que é o Phalanx CIWS e como ele opera? Tais assuntos serão abordados nos tópicos abaixo.
O que é o Phalanx CIWS?
O sistema Phalanx CIWS (do inglês close-in weapon system) é um mecanismo de defesa aproximada de tiro ultrarrápido criado para a proteção contra mísseis de curto alcance, além de outras ameaças aéreas e em superfície. O projeto foi desenvolvido pela empresa General Dynamics Corporation (hoje parte da companhia Raytheon).
(Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
O conjunto consiste em uma metralhadora 20 mm montada sobre uma base giratória e guiada por radar. Ao contrário do que ocorre em outros sistemas CIWS, o Phalanx combina em um único dispositivo as funções de busca, identificação, análise de ameaça, rastreio, disparo, destruição de um alvo, avaliação de destruição e cessar fogo.
Dessa forma, o Phalanx é ideal para a proteção de navios que não possuam um sistema próprio de rastreio e uma limitação de sensores, de uma maneira geral. A unidade inteira pesa entre 5.500 e 6.100 kg. O conjunto possui aproximadamente 4,7 metros de altura e a sua elevação varia entre -25° a +85°.
Devido ao fato de haver uma série de sistemas e subsistemas envolvidos no funcionamento do CIWS, o período de treinamento de um operador para o sistema pode levar de seis a oito meses para ser concluído.
Quando tudo começou
A primeira unidade do Phalanx CIWS, ainda um protótipo, foi instalada no navio USS King em 1973 com o propósito de testar a eficiência do mecanismo. Porém, na ocasião, foi constatado que o conjunto ainda precisava de uma série de aprimoramentos que melhorassem não só a sua performance como também o grau de confiabilidade do sistema.
(Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Em 1975, outro protótipo foi montado no USS Alfred A. Cunningham e diversos tipos de mísseis foram disparados contra ele para realizar os testes. Na ocasião, o Phalanx CIWS foi capaz de destruir todos os projéteis lançados antes de eles atingirem o navio. Posteriormente, um modelo de pré-produção da unidade entrou em fase de avaliação, em 1977, no USS Bigelow.
Foi utilizado um alto grau de interferência e ruídos nos testes, mas, ainda assim, o mecanismo distinguiu os alvos na forma de mísseis, mesmo que pequenos, de maneira satisfatória. Como resultado, então, foi constatado que a unidade foi capaz de alcançar as especificações de confiabilidade e de manutenção desejadas.
Assim, a produção do chamado "Bloco 0" do Phalanx começou em 1978, com pedidos para 23 navios norte-americanos e 14 para embarcações estrangeiras. O primeiro navio completamente adaptado para o Phalanx foi o USS Coral Sea, em 1980, e a Marinha começou a disponibilizar o CIWS em modelos não-combatentes em 1984.
Aperfeiçoamento
A partir de 1988, o Phalanx (já "Bloco 1") começou a receber melhorias, incluindo aprimoramentos no radar, na munição e na cadência de tiro. Além disso, a elevação máxima da torre foi aumentada e também houve mudanças no sistema de computação utilizado pelo dispositivo.
(Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Porém, com o passar dos anos, a tecnologia das ameaças a serem enfrentadas pelo Phalanx evoluiu. Por isso, ele, assim como vários outros sistemas militares, continuou a sofrer alterações. No "Bloco 1A", foram introduzidos novos sistemas para conter objetos com maior capacidade de realizar manobras, e, no "Bloco 1B", sensores infravermelhos e identificação visual dos alvos.
Em maio de 2009, a Marinha norte-americana fechou um contrato de US$ 260 milhões com a Raytheon Missile Systems para realizar aprimoramentos no Phalanx CIWS "Bloco 1B" (de forma a incluir ameaças modernas), com prazo de entrega para setembro de 2012.
Como o sistema funciona
O CIWS foi desenvolvido para ser o que existe de melhor no quesito de defesa contra torpedos. O sistema utiliza poucos recursos do navio, tornando a sua operação possível mesmo que a embarcação esteja muito danificada. O aparelho consome relativamente pouca energia e precisa de água para a refrigeração.
Devido ao seu design, o CIWS possui um alcance relativamente curto; no entanto, a arma presente no conjunto é de alta precisão e capaz de girar com grande velocidade. O radar do aparelho possui duas antenas que trabalham em sincronia para atacar os alvos detectados. A primeira serve para fazer a busca dos objetos e está localizada dentro da cúpula, no setor de controle da arma.
(Fonte da imagem: Raytheon)
O sistema de busca é responsável por fornecer as informações de alcance, velocidade e altitude de possíveis alvos. Os dados são analisados pelo computador do CIWS para determinar se o objeto deve ou não ser atacado. Para que um objeto seja considerado uma ameaça, são avaliados alguns critérios como:
- O CIWS ataca um alvo apenas se ele estiver se aproximando da embarcação. Para isso, é realizada uma análise identificando se a distância do alvo está aumentando ou diminuindo com relação ao navio, entre outros cálculos;
- Se o objeto não estiver se aproximando diretamente da embarcação, o CIWS analisa para qual direção ele está se movendo e relaciona com a velocidade do navio. Assim, o sistema verifica se o elemento pode realizar uma manobra para fazer o ataque;
- O sistema possui uma faixa de velocidade que é levada em conta na hora de analisar uma possível ameaça, e, mesmo que ela seja bem grande, não é infinita. Assim, objetos que estejam acima da velocidade máxima ou abaixo da mínima também não são atacados. Inclusive, o operador do CIWS tem a possibilidade de ajustar esses limites.
Caso um alvo seja identificado como uma ameaça, a base gira de forma a deixar o conjunto de frente para o objeto. Feito isso, a segunda antena do radar, responsável pelo rastreio entra em ação. Embora esse seja um dispositivo de alta precisão, ele possui uma área de alcance mais limitada (com relação à primeira antena).
Então, o subsistema de rastreamento observa o alvo até que o computador determine que ele está em uma posição cujo ataque será bem-sucedido. Em seguida, conforme as condições de operação do conjunto (manual ou automático), o sistema começa imediatamente os disparos ou indica para o operador que é o momento ideal para atirar.
Enquanto o conjunto estiver em modo de engajamento, o sistema acompanha os tiros e faz o direcionamento até o alvo. Vale apenas ressaltar que o CIWS não faz distinção entre inimigos e aliados. O mecanismo possui apenas os dados coletados em tempo real pelo radar para decidir se o alvo é ou não uma ameaça.
(Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
O Phalanx CIWS moderno é capaz de executar 4.500 disparos por minuto com uma velocidade de 1.100 m/s. As balas podem ser tanto de tungstênio e perfurantes ou de urânio empobrecido com a base descartada. A munição do Phalanx CIWS foi desenvolvida para destruir torpedos e mísseis, além de fazer com que eles percam a aerodinâmica.
O objetivo disso é fazer com que os fragmentos da explosão do objeto mantenham uma distância relativamente segura do navio, reduzindo o dano colateral.
Armamentos modernos
Os anos de desenvolvimento e aperfeiçoamento para a tarefa de combater mísseis táticos fizeram do Phalanx CIWS um armamento essencial para a proteção contra bombardeios. Como uma nova fase de desenvolvimento, foram criadas, também, versões “terrestres” do mecanismo, como o Centurion C-RAM, utilizado em 2005 pelos Estados Unidos para a proteção das suas bases no Iraque.
(Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Basicamente, o Centurion C-RAM é composto por um Phalanx CIWS 1B modificado, possuindo um gerador próprio e montado sobre um trailer para ter mobilidade. A grande diferença entre esse sistema terrestre e o naval é o tipo de munição empregada. O Centurion utiliza balas do tipo HEIST-SD (High-Explosive Incendiary Tracer, Self-Destruct ou, como comumente se traduz, traçante, explosiva e incendiária).
Esse tipo de munição explode ao colidir contra o objeto ou quando o combustível da munição se apaga, reduzindo o risco de dano colateral no caso de algum dos projéteis não atingir o alvo. De acordo com a Raytheon, em 2008 105 ataques foram evitados com sucesso pelo CIWS, a maior parte deles envolvendo morteiros.
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