Muita gente anda com receio dos avanços da Boston Dynamics com seus robôs, temendo por máquinas assassinas ou por um futuro que compartilhe a temática da franquia “O Exterminador do Futuro”. Calma! Para se tranquilizar um pouco, basta lembrar que, desde que a Google comprou a empresa, foi garantido que ela não engataria mais nenhum contrato com o exército dos Estados Unidos, com quem era bem próxima até então. Porém, será mesmo que os militares perderam acesso completo ao Atlas e seus companheiros robóticos?
Se depender de como o sistema de troca de patentes e recursos funciona nos EUA, a criatura bípede de metal e fios pode se alistar nas Forças Armadas norte-americanas a qualquer momento. Como o desenvolvimento de novas tecnologias é uma via de mão dupla há décadas no país, não é de se estranhar que o governo e as organizações militares relacionadas a ele possam garimpar soluções tecnológicas de instituições privadas para aplicações em seus projetos – sejam eles para fins bélicos ou não.
Antigamente, o mais comum era que as pesquisas do setor público – criadas para guerra e espionagem – eventualmente fossem parar nas mãos de companhias com fins lucrativos, sendo comercializadas para os cidadãos comuns. Hoje, com as empresas sendo responsáveis por realizar dois terços de todos os processos de pesquisa e desenvolvimento na terra de Barack Obama, é a vez do governo explorar os produtos e resultados obtidos com essas empreitadas privadas.
Pegando recursos emprestados
Perguntado se a Google era uma concorrente da DARPA na produção de máquinas e robôs de alta tecnologia, Arati Prabhakar, diretora da agência de defesa norte-americana, não pareceu preocupado com a mudança de cenário com a venda da Boston Dynamics. “A Google e nós estamos preocupados com os problemas do mundo. Eles vão tentar fazer dinheiro com isso – é o que eles fazem como uma companhia privada – e nós tentaremos lidar com isso sob a perspectiva dos interesses nacionais”, analisou em uma entrevista de 2014.
A DARPA gostaria de se basear no que a Google e outras companhias estavam fazendo e levar essas ferramentas a um novo patamar.
Na ocasião, Prabhakar chegou a se aprofundar um pouco mais no assunto, dizendo que a DARPA gostaria de se basear no que a Google e outras companhias estavam fazendo e levar essas ferramentas a um novo patamar. Isso significa deixar os custos cada vez mais altos das pesquisas com os grandes nomes da indústria, poupando os dólares dos contribuintes nesses estágios iniciais para investir o orçamento em empreitadas mais pontuais ou, muitas vezes, para aperfeiçoar ainda mais tecnologias já bastante robustas.
As vantagens dessa capacidade de escolher o que quiser da “prateleira” fica evidente quando se lembra que os militares não ficaram muito contentes com alguns dos trabalhos mais antigos da Boston Dynamics, como é o caso do robô quadrúpede BigDog, descrito como muito barulhento para o campo de batalha. Agora, com o Atlas em cena, cada vez mais versátil e silencioso, o interesse do exército pode voltar com bastante rapidez.
Chega de humanos
No entanto, a grande mudança esperada para essa inversão de paradigma na indústria é justamente a chance de as Forças Armadas finalmente mudarem os rumos de guerras ou de conflitos tirando os seres humanos da equação. Embora os drones andem impactando bastante nesses tipos de combates, alguns especialistas afirmam que sua contribuição não é muito diferente de um soldado atirando diretamente nos alvos ou usando um lançador de mísseis tradicional para dar cabo de um criminoso.
Drones completamente controlados por computador e preparados para patrulhar e intervir de modo autônomo é algo capaz de assustar mesmo os mais aficionados por tecnologia, mas podem estar próximos de se tornarem reais. Assim, por mais que a Google tenha feito a Boston Dynamics cortar relações com os militares, não será surpresa se uma versão “armada até os dentes” do Atlas surgir em um futuro breve, pronto para vigiar as ruas ou combater diretamente o Estado Islâmico, por exemplo. E aí, você está preparado para essa realidade?
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