Existe um boato que diz que o português é uma língua muito difícil de aprender, mas que o chinês é mais difícil ainda, devido as suas variações tonais – sequências de sons iguais, ditas com entonações diferentes resultam em significados diferentes.
Essa questão é difícil de resolver com métodos objetivos, mas existe uma outra da qual é possível ter alguma certeza: “É mais fácil digitar em português ou em chinês?”. A resposta fica clara se você parar para pensar nas duas línguas e estabelecer algumas comparações.
Só para ter uma idéia, oberve como é um teclado comum na China hoje. Existem outros tipos, mas este é um dos mais usados, pois é uma boa junção dos dois modelos mais funcionais usados na digitação de ideogramas, que você vai conhecer daqui a pouco.
Fonte: Aramedia
Dialetos
Brasil
O português possui vários dialetos ao longo do seu território, mas existe uma “norma” que padroniza a escrita em todo a extensão do nacional. Não importa o quanto os gramáticos reclamem que o MSN destrói a língua portuguesa, ela existe e tem uma forma.
China
A China é o segundo maior país do mundo, e tem uma região muito maior que a do Brasil. Não bastasse isso, existem várias línguas diferentes, cada uma com seu alfabeto próprio, das quais as mais famosas são o Mandarim e o Cantonês.
Representação gráfica
Brasil
No Brasil é usado apenas o alfabeto latino – ou uma adaptação dele –. na qual cada letra representa um som distinto (algumas vezes duas letras representam o mesmo som). A junção de várias letras forma as palavras, que representam conceitos, objetos etc.
China
A China utiliza o método de ideogramas, no qual cada símbolo representa uma ideia ou conceito pronto. É como se cada letra representasse uma palavra inteira. Existem milhares de ideogramas, que podem ter diferentes significados dependendo do contexto.
O problema dos chineses
Pode parecer um pouco de preconceito dizer que os chineses têm problema para digitar, mas a verdade é que até hoje eles não possuem um sistema padrão para desenvolver teclados, como o nosso ABNT2. E esse problema é mais antigo que os computadores: ele vem desde a época das máquinas de escrever.
A maior dificuldade enfrentada pelos chineses atualmente é conseguir fazer um teclado que consiga produzir o maior número possível de ideogramas, e que ainda possa usar os caracteres do alfabeto latino, predominantes nas culturas ocidentais e, portanto, na internet. Para resolver o enigma, algumas soluções foram pensadas:
O método Cangjie
Cada tecla recebe um símbolo que é chamado de “radical” ou “raiz”. Existem 24 desses radicais e a partir deles você pode formar outros sub-radicais e formando praticamente todos os ideogramas. Para uni-los você deve pressionar os botões ao mesmo tempo.
Na verdade esse método é apenas o mais famoso dos chamados “Shape-based methods” (Métodos baseados na forma). Existem vários outros, cada um adaptado para uma região, contexto e língua diferente.
O método Hanyu Pinyin
É uma espécie de adaptação da escrita chinesa ao estilo ocidental, baseada em critérios fonéticos. Em sua transposição para os teclados, ele exige que o usuário digite o modo como a palavra é pronunciada para fazer com que o símbolo correto apareça. Esse método foi criado baseado nos símbolos fonéticos internacionais ou IPA.
Existem softwares que facilitam o método Pinyin, fazendo com que ele fique parecido com os dicionários de celular: você começa a digitar uma palavra e o programa, baseado no contexto e nas suas preferências, dá uma lista de possíveis complementos. A primeira imagem deste artigo é um exemplo de um modelo híbrido entre os dois métodos.
Efeito colateral
Um efeito colateral sentido pelos chineses que usam esses métodos facilitadores de digitação é que eles estão esquecendo as formas tradicionais de escrita. Estudiosos mais conservadores temem que isso possa levar à extinção do sistema de ideogramas, que é tão característico da cultura chinesa. Alguma semelhança com a nossa situação?
Porém, algumas pessoas acreditam que os teclados podem, na verdade, ajudar: há relatos de pessoas que afirmam usar o celular ou computador como método de consulta no caso de esquecimento de algum símbolo mais problemático.
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Então, a próxima vez que você reclamar que uma palavra como “perspicaz” ou “agência” é difícil de digitar, pense nos internautas chineses e em todas as complicações que eles têm para aprender a usar os diferentes sistemas de digitação e colocar na tela as suas ideias.
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