O professor entra na sala de aula, cumprimenta os alunos e projeta via Datashow um conteúdo extraído da internet. Nas carteiras, os alunos não têm livros, cadernos ou canetas: apenas um tablet, no qual acessam a informação em tempo real, fazem anotações e marcam o capítulo do livro para leitura na aula seguinte.
Cenas como essa podem parecer um privilégio de países de primeiro mundo. Entretanto, ela já está se tornando realidade em escolas e universidades brasileiras. Pouco mais de um ano depois do lançamento dos tablets, começa a crescer o número de instituições de ensino que apostam na ferramenta tecnológica como diferencial educativo.
A Faculdade Interativa COC, por exemplo, gasta cerca de R$ 1,5 milhão por trimestre com o envio de apostilas para seus 26,5 mil alunos em todo o país. Neste ano, optou por uma alternativa diferente: encomendou 20 mil tablets chineses, batizados de “Tablet COC”. O investimento foi de R$ 15 milhões e a implantação será feita aos poucos, com os alunos iniciantes.
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A expectativa é eliminar a longo prazo os custos de logística e impressão de cerca de 37 mil livros por semestre. Projeto similar está sendo implantado na universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. O tablet será distribuído aos alunos do curso de Direito e, além do material didático para o ano letivo, contará com uma biblioteca virtual com cerca de 1,6 mil obras.
A invasão dos tablets começa no exterior
Fonte da imagem: Samsung
Exemplos como os das instituições acima ainda são minoria no Brasil. Contudo, mostram uma tendência que conta com o apoio também dos estudantes. Muitos deles, em especial universitários, já lançam mão dos seus próprios tablets para acompanhar as aulas, ainda que não haja integração com o conteúdo disponibilizado pelos professores.
Nos Estados Unidos, uma escola do Tennessee decidiu substituir por completo o material didático dos seus alunos. Para isso, incluiu apenas um item obrigatório na lista de material escolar: um iPad. A justificativa é que, além de facilitar a interação nas aulas, os tablets pesam muito menos do que uma mochila cheia de materiais.
Além do aspecto ecológico que o tablet traz consigo, uma vez que livros digitais diminuem o consumo de papel, alguns especialistas apontam que antigos projetos como “notebook de cem dólares” podem se transformar em tablets acessíveis para alunos de baixa renda.
Investimento de futuro?
Fonte da imagem: Motorola
No Brasil os preços dos tablets ainda são proibitivos: por menos de R$ 1,5 mil você não consegue levar um produto desses para casa. Além disso, a maioria das escolas não está preparada para oferecer conteúdo digital de qualidade ou ao menos do mesmo nível da versão impressa a que estamos habituados.
Contudo, essa situação pode mudar. O Governo Federal estuda isentar os tablets de impostos, algo que diminuiria em pelo menos 30% o valor final do produto. Somado a isso, a expectativa é que haja um aumento na venda de produtos e, com a fabricação no Brasil, que o preço possa cair ainda mais.
Apesar dos investimentos em tecnologia serem fundamentais, há outra questão que também precisa de atenção. Muitos professores, por exemplo, têm menos preparo que os alunos para lidar com novas tecnologias. Por não estarem tão habituados com as possibilidades das novas ferramentas, muitas vezes deixam de explorá-las, por falta de conhecimento.
Resta saber quanto tempo a novidade vai demorar para atingir uma parcela maior da população. Afinal, é natural que nas escolas particulares e, mesmo entre alguns universitários, o acesso às inovações tecnológicas seja facilitado. Contudo, somente quando usuários com menos condições financeiras tiverem acesso aos tablets é que poderemos afirmar que, de fato, uma nova revolução começou.
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