Desde a invenção do conceito de internet das coisas (ou Internet of Everything, como é chamado originalmente), se tornou bastante comum vermos objetos simples de nosso cotidiano – como televisores, fechaduras, carros e geladeiras – ganhando acesso à internet e, com isso, tendo suas funções aprimoradas.
Mas você já parou para pensar em como as inovações tecnológicas podem ser utilizadas para automatizar e revolucionar nossas formas de comércio? Não estamos falando das simples e clássicas lojas virtuais, mas sim dos “supermercados” do futuro. Nós já comentamos várias vezes aqui mesmo no TecMundo sobre alguns inventos que estão sendo empregados nesse segmento – como os testes do primeiro autocaixa do Brasil e a vitrine virtual desenvolvida pelo Pão de Açúcar.
Na última semana, tivemos a oportunidade de visitar o escritório brasileiro da GS1, instituição multinacional que atua no desenvolvimento de padrões de identificação e soluções para aumentar a eficiência da cadeia logística. Com mais de um milhão de empresas associadas ao redor de 150 países, a companhia possui sistemas que abrangem mais de 20 setores comerciais.
Na visita, conhecemos o Centro de Tecnologia e Inovação da companhia, desenvolvido especialmente para demonstrar da forma mais prática possível como as soluções da GS1 automatizam todos os setores do comércio – passando pela fabricação, estocagem, distribuição e venda dos produtos ao consumidor final. O espaço foi inaugurado recentemente em parceria com a Avanade – fornecedora de soluções em tecnologia de negócios – e diversas outras companhias que trabalham junto com o instituto.
Muito mais do que simples códigos de barras
Entre as soluções demonstradas durante a visitação, destaca-se a grande variedade de sistemas de codificação e rastreabilidade oferecidas pela GS1, incluindo o Cadastro Nacional de Produtos (uma plataforma online que facilita o cadastramento de numerações de produtos que substitui o antigo Sistema de Gerenciamento de Números).
Com padrões de códigos de barra de diferentes tecnologias e tamanhos, a GS1 destaca que até mesmo pequenos empresários podem realizar a impressão de etiquetas suas mercadorias de forma caseira, utilizando impressoras domésticas convencionais.
Além dos tradicionais códigos de barras impressos, a associação também oferece etiquetas dotadas com chips de identificação por radiofrequência (RFID), que são utilizadas comumente na indústria têxtil. Elas possibilitam que sistemas automatizados de logística tenham maior controle do que entra e sai no estoque: aparelhos especiais equipados com antenas leitores conseguem detectar o conteúdo de caixas e enviar mensagens automatizadas para a fábrica e/ou varejo.
Facilidades para o cliente
Mas é claro que o consumidor final também é beneficiado com tais tecnologias. Diversos exemplos de aplicações dos padrões GS1 no varejo estão em exposição no Centro de Tecnologia e Inovação da associação, incluindo plaquetas digitais de preços (que podem ser editadas à distância, facilitando a troca de valores e realização de promoções-relâmpago), estantes de produtos virtuais e compartimentos inteligentes capazes de detectar (via RFID) sempre que um consumidor retirar algum produto.
Conferimos também um padrão de códigos de barra com data de validade e informações de rastreamento embarcadas, o que permite ao caixa impedir que o cliente leve algum produto vencido para casa ou impeça a comercialização de lotes bloqueados pelo fabricante. Graças a um scanner de códigos QR embutido no caixa, o consumidor pode utilizar tickets promocionais em seu smartphone para conseguir descontos enquanto estiver fechando a sua compra.
Outra aplicação interessante para etiquetas RFID são os totens de autoatendimento equipados com antenas leitoras, que computam automaticamente todos os itens de um carrinho assim que você o aproxima de uma área determinada. Dessa forma, a conta é gerada em poucos segundos e o próprio cliente efetua o pagamento sem aguardar a mediação de um atendente.
No Brasil e no mundo
Ainda que tais tecnologias estejam sendo adotadas de forma tímida no Brasil, elas já são razoavelmente comuns em supermercados localizados em outros países ao redor do mundo. Um case de sucesso interessante que utilizou os padrões GS1 é o da Kohl's, rede norte-americana de lojas de variedades.
A Avanade desenvolveu totens de autoatendimento, criou soluções de mobilidade para os vendedores, integrou os canais de vendas físicas e online e elaborou um provador eletrônico para permitir maior interação entre o consumidor e atendente. Essa estratégia permitiu que a Kohl’s aprimorasse a experiência de seus clientes, tornando-os mais fieis, além de reduzir alguns custos operacionais.
Um setor que em breve demandará soluções da GS1 no Brasil é o de medicamentos, visto que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que todos os remédios produzidos e comercializados no país devem adotar padrões de codificação e rastreabilidade (de forma a combater a falsificação e contrabando de substâncias médicas). A indústria, tal como drogarias e hospitais, devem se adaptar à decisão até o ano de 2016.
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