O futuro do streaming: por que ter mais opções pode ser ruim para você

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Há alguns anos, era impensável assistir a seriados e programas estrangeiros sem recorrer à pirataria ou TV por assinatura – nos canais brasileiros abertos, o conteúdo chega até hoje cortado, com muito tempo de atraso e em horários nada acessíveis.

Essa situação mudou completamente pela revolução do streaming. Serviços como Netflix, Crackle, Hulu e Amazon Instant Video (os dois últimos só operam nos Estados Unidos) contam com um catálogo bastante vasto de filmes, séries e shows que transformaram a indústria do entretenimento. De repente, ganhamos acesso a locadoras virtuais com lançamentos e clássicos por mensalidades justas em um sistema de transmissão imediato e confortável. Tudo parecia caminhar para uma “derrocada” das TVs a cabo e a vitória da internet.

Porém, essas mudanças são acompanhadas de um preço que só é definido depois de muitos contratos e negociações. Por ser uma área totalmente nova e que se mostrou rentável, é natural que mais empresas lancem transmissões por pura ganância, sem pensar nas consequências que essa explosão de novos serviços pode causar.

É isso mesmo: às vezes, menos é mais. No caso do streaming, um problema do futuro próximo é justamente a vontade de canais e produtoras de oferecer a você uma alternativa.

HBO: o começo da revolução

Com seriados e telefilmes de qualidade que competem sem dificuldade com grandes canais e estúdios de Hollywood, a HBO ganhou segurança para lançar um serviço de streaming exclusivo para seus conteúdos.

O HBO Now pode ser assinado por quem não é cliente de qualquer operadora e é o grande motivo que faz com que você não tenha Game of Thrones na Netflix, por exemplo. Por US$ 15 mensais, já é possível assistir à quinta temporada do seriado ao mesmo tempo em que ela é exibida nos televisores por assinatura.

Como bem disse a Forbes, a HBO “abriu as comportas” para que outros canais adotem a mesma estratégia. A NBC também já anunciou o streaming de suas redes locais, enquanto a ABC, da Disney, tem uma estratégia parecida – sem contar o Disney Movies Anywhere. Já a Apple, que deve buscar uma nova alternativa para transmitir conteúdos online, tem várias parceiras de peso, mas parece perigosamente afastada com a gigante Comcast, que é dona de produtoras como a Universal.

Já imaginou se canais como AMC, BBC, Fox e outros resolvem cancelar a venda de programas para outros serviços de streaming e lançar canais próprios? Claro que nem todos sobreviveriam dessa forma, mas o mais prejudicado, sem dúvidas, seria o consumidor. Não há como saber a probabilidade de isso acontecer, mas essa é uma hipótese que não deve ser totalmente descartada.

Contratos: as pedras no sapato do streaming

“Netflix, por que vocês não colocam o filme X no catálogo? E cadê a dublagem em português do Y? Quando a nova temporada da série Z vai ser adicionada?”. Essas perguntas são frequentes e, na verdade, a culpa não é só dela: a negociação de contratos ocorre diretamente com distribuidoras nacionais e a ferramenta ainda precisa adquirir pacotes de conteúdo, que normalmente incluem vários programas “empurrados” junto com aqueles mais aguardados. Além disso, às vezes os direitos que pertencem a uma empresa nos EUA estão com outra no Brasil, o que complica ainda mais a questão de contratos.

Atualmente, existem três formas de oferecer o streaming de vídeo: direto ao consumidor, como a HBO Now; indiretamente, como a Netflix e seus contratos por pacotes; e via propriedade conjunta, como o Hulu, fruto de uma sociedade entre NBC, Disney e Fox.

O que isso tem a ver com a discussão? A boa notícia é que, felizmente, vários dos contratos não são exclusivos (ou seja, séries que estão na Netflix também podem aparecer no catálogo de rivais). Porém, decisões momentâneas das produtoras e o boom de serviços de streaming podem chacoalhar as negociações.

As previsões otimistas e pessimistas

Não temos bola de cristal, mas é possível prever dois ou três futuros para o streaming de filmes e seriados. Tudo depende da vontade dos canais de oferecem serviços próprios e, principalmente, se isso tem como consequência o cancelamento de contratos indiretos.

Na pior das hipóteses, grande parte dos grandes produtores de conteúdo pode seguir o exemplo da HBO e lançar o próprio streaming com assinatura mensal e biblioteca limitada. Dessa forma, o conteúdo acabará “picotado”, exclusivo de cada ferramenta. Para você ter acesso a tudo, só voltando para a TV a cabo ou pagando várias mensalidades de US$ 15, uma por “canal”.

Na previsão otimista, os serviços isolados até podem existir em menor número, mas ferramentas mais gerais como a Netflix continuarão com bons contratos conjuntos – e assinaturas que, em questão financeira e de conforto, ainda valerão mais a pena do que uma assinatura de operadora.

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As previsões feitas neste artigo podem não se concretizar. O objetivo do texto é esclarecer uma possibilidade e mostrar algumas das portas que recentemente foram abertas na área. Se isso vai gerar uma guerra ou acordos de paz, só o tempo dirá.

É claro que, se você pirateia todos esses conteúdos, não há muito com o que se preocupar – só que você está fazendo algo errado e aí é outra história. Além disso, a TV a cabo vai continuar existindo – e quem tem condições financeiras ou não vê vantagens no streaming pode continuar como assinante.

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