Lá em 2009, fizemos um artigo comparando o HD ao SSD. Na época, chegamos à conclusão de que não compensava comprar um SSD, devido ao alto preço e às pequenas vantagens.
Dois anos depois, fizemos uma matéria completa, dando explicações sobre o funcionamento de cada dispositivo e sugerindo que o SSD poderia destronar o HD.
Agora que as duas tecnologias estão mais evoluídas, os preços reduziram consideravelmente e algumas tarefas podem exigir uma mudança no tipo de armazenamento, uma retomada ao debate é necessária. Afinal, será que vale a pena investir em um SSD ou o disco rígido ainda terá vida longa e próspera?
(Fonte da imagem: Divulgação/Sandisk)
Antes de chegarmos a um veredito, vamos conferir as principais vantagens que cada componente oferece, quais são os mais robustos atualmente e realizar uma comparação entre diversos modelos.
Considerações sobre a tabela
Os dados de nossa tabela foram obtidos nos sites oficiais e nas lojas online que usamos para pesquisa. As páginas que usamos para averiguar os preços são as seguintes: Pichau, Balão da Informática, MegaMamute, Kabum!, Newegg e Amazon. Os valores informados foram obtidos no dia 29/11/2013, sendo que usamos os menores preços.
Como você pôde conferir no começo do artigo, os preços dos SSDs ainda são proibitivos no Brasil. Com o valor de um SSD de 128 GB (com velocidade de escrita bem baixa), você pode comprar um HD de 2 TB (de acordo com os testes do Hardware Luxx, o Toshiba citado na tabela é um dos melhores discos com tamanha capacidade de armazenamento).
Se levarmos em conta os valores em dólares, seria possível adquirir um disco rígido de 3 TB da Seagate em vez de pegar um SSD Kingston de apenas 120 GB. São 25 vezes mais espaço pelo mesmo preço. Claro, mesmo sendo um modelo de alta performance (algo comprovado pelo AnandTech), o desempenho do HD tende a ser inferior ao do SSD.
SSD: um item essencial para algumas situações
De fato, não é novidade alguma que os drives de estado sólido oferecem desempenho muito além daquele que é possível alcançar nos discos rígidos, entretanto é preciso considerar que isso nem sempre se faz verdade. Tudo depende muito do modelo com que estamos tratando e da atividade em que o dispositivo será utilizado.
(Fonte da imagem: Reprodução/PC World)
Se você acompanha análises de dispositivos de hardware, talvez já tenha visto diversos sites (incluindo o Tecmundo) apontando o SSD como a melhor opção para jogos. A combinação entre SSD para sistema e jogos e HD para armazenamento geral já foi apontada como uma boa solução para gamers que necessitam de um desempenho extra e que não querem gastar.
A verdade é que o SSD tende a ser mais rápido na maior parte das ocasiões, mas é importante verificar os testes de cada modelo antes de tomar qualquer decisão, visto que os resultados práticos muitas vezes destoam das especificações. Há situações que um ou outro disco rígido acaba empatando ou até superando algum SSD.
Os fóruns são ótimos locais para consulta, inclusive usamos alguns como referência neste artigo. Abaixo, há uma tabela, que está em um tópico do fórum da Adrenaline, a qual contém diversas informações úteis que podem vir a calhar na hora que você for comprar seu SSD. Confira:
Ampliar (Fonte da imagem: Reprodução/Adrenaline)
A questão da sobrescrita
Um dos principais pontos apontados como uma desvantagem do SSD é a quantidade de ciclos de escrita reduzida. Se alguma vez isso foi um problema, tal inconveniente já não existe nos atuais SSDs. De acordo com os testes do Hardware.info, um Samsung 840 250GB TLC pode perdurar por até 24 anos em um PC no qual sejam baixados 32 GB de dados todos os dias.
A Corsair não informa em seu site oficial a quantidade de ciclos de seus dispositivos, mas disponibiliza a quantidade de horas que o SSD deve durar: 2 milhões de horas. Isso quer dizer que um drive da marca pode durar até 228 anos, algo que ninguém conseguirá comprovar se é realmente verdade.
Seja como for, a troca de um dispositivo de armazenamento geralmente é mais frequente (5 ou 6 anos é uma média aceitável, e dificilmente alguém fica 10 anos com o mesmo HD), portanto não é necessário ficar preocupado com esse detalhe, pois os atuais drives de estado sólido devem durar tempo suficiente para você precisar adquirir um de maior capacidade.
HD: espaço de sobra para você guardar tudo
Nessa guerra entre SSD e HD, os argumentos são sempre os mesmos e cada vez ficam mais gritantes. No caso do SSD, tudo é pautado no desempenho, enquanto no HD caímos no velho papo da capacidade de armazenamento.
(Fonte da imagem: Divulgação/Seagate)
Se há algum tempo os discos rígidos reinavam soberanos com versões de 1 e 2 TB — época em que SSDs comportavam apenas 256 ou 512 GB—, hoje, esta diferença é mais notável com modelos que chegam a guardar 3 e 4 TB (enquanto o mais moderno SSD oferece 1 TB).
De fato, nesse quesito, não há como discutir. Os HDs continuam sendo a única opção viável para quem necessita guardar uma grande quantidade de arquivos e, segundo a declaração da Seagate à Computer World, parece que os discos rígidos vão continuar inalcançáveis, com componentes que podem guardar até 5 TB já em 2014. O plano é alcançar 20 TB em 2020.
Um problema com consumo
Além da questão do desempenho, os HDs deixam a desejar pelo consumo de energia excessivo. Apesar de os modelos mais recentes estarem bem caprichados nesse sentido, a presença dos componentes mecânicos acaba resultando em um problema para quem usa notebooks, os quais podem se beneficiar de componentes com melhor eficiência energética.
Conforme o site da OCZ, um SSD é otimizado para ser três vezes melhor que o HD nesse sentido, sendo que o disco rígido pode chegar a consumir 6 W quando estiver trabalhando constantemente, enquanto que o drive de estado sólido usa menos de 2 W.
Outros fatores a se considerar
Os HDs ainda sofrem com outros dois inconvenientes: o peso e o calor. Para poder oferecer maior capacidade de armazenamento, as fabricantes inserem mais discos dentro do componente, o que, evidentemente, acarreta o aumento do peso. Certamente, para desktops isso não é um problema, mas, no caso dos notebooks, tal detalhe pode incomodar.
O calor gerado pelo trabalho contínuo é outro porém que não existe no SSD. Devido à operação mecânica constante, o disco rígido acaba esquentando muito mais do que um drive de estado sólido. Na maioria dos casos, uma solução simples (às vezes, não é preciso nem usar uma ventoinha) de refrigeração resolve o problema. De qualquer forma, é algo que deve ser colocado na balança na hora de adquirir um novo drive de armazenamento.
SSHD: um novo competidor entra em cena
Não é de hoje que as fabricantes de drives vêm bolando ideias para contornar os problemas dos SSDs (o preço e o espaço para armazenamento) e dos HDs (a velocidade e o consumo de energia). Uma das melhores soluções encontradas foi o SSHD (drive de estado sólido híbrido). Como o nome sugere, este componente é um meio termo entre o SSD e o HD.
O SSHD conta com discos comuns para o armazenamento geral de arquivos, o que garante boa capacidade para armazenamento. Todavia, há uma parte do componente que traz módulos de memória flash que servem para acelerar o desempenho das principais atividades.
(Fonte da imagem: Divulgação/Seagate)
O principal diferencial deste produto está na forma inteligente de trabalho. Graças ao hardware e software especializado, o SSHD identifica quais dados são mais utilizados e copia tais informações do disco (que pode ser de 2 TB) para a memória flash (de apenas 8 GB).
Com essa pequena ação, o SSHD consegue economizar alguns segundos em diversas situações, seja no carregamento do sistema ou na hora de rodar algum game. O Tested até já verificou como o SSHD funciona no PS4 e comprovou que ele pode oferecer vantagens e até se igualar ao SSD em alguns casos.
Além de oferecer alta velocidade e espaço de sobra, este tipo de componente se destaca pelos preços reduzidos, que geralmente são similares aos dos discos rígidos. Infelizmente, os SSHDs ainda são raros no Brasil, mas vale ficar de olho nesta tendência, pois ela pode fazer parte da sua máquina em um futuro não muito distante.
Moral da história
Certamente, os SSDs são incomparáveis no quesito desempenho. Também, não podemos deixar de notar que eles oferecem uma série de outras vantagens que podem vir a calhar em diversas situações. Contudo, todo esse poderio vem acompanhado de um preço bem salgado, assim, como já suspeitávamos, os SSDs ainda não são acessíveis no Brasil.
A parte interessante de revisitar este tópico é perceber que, com a chegada de componentes de maior capacidade e desempenho, alguns modelos mais básicos estão tendo seus valores reduzidos. Atualmente, podemos dizer que faz muito sentido e vale a pena investir na combinação SSD de pequena capacidade somado a um HD com muito espaço.
(Fonte da imagem: Divulgação/Corsair)
Claro, antes de sair pesquisando e comprando, você deve avaliar as suas necessidades. Às vezes, os programas e jogos que você executa em sua máquina não requisitam tamanho desempenho. Agora, se você está sentindo alguma engasgada ao rodar games como Battlefield 4 e já se certificou que o problema não é a placa de vídeo, então a solução é apostar no SSD.
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