Os anos se passam e a evolução nos métodos de criar novas tecnologias e adaptar as anteriores continua influenciando os rumos da sociedade. O lançamento do ChatGPT e a expansão do mercado dos NFTs são provas disso.
As duas tecnologias que tomaram as manchetes de notícias e entraram para os trending topics das redes sociais pelas inovações que apresentaram ao público online e offline.
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Mas podemos afirmar que seus futuros são de longo prazo? Ou o ChatGPT e os NFTs são a promessa de tecnologias a serem esquecidas em questão de décadas? Descubra a seguir!
O sucesso do ChatGPT
O lançamento da versão de teste do ChatGPT em dezembro de 2022 foi a semente poderosa que retomou com força o debate sobre a presença da inteligência artificial em nossas vidas.
A plataforma foi criada pela empresa OpenAI e funciona por meio de perguntas e respostas, gerando conteúdos personalizados, coerentes e originais ao usuário.
O ChatGPT é capaz de falar sobre qualquer assunto. Suas respostas são formadas a partir do seu treinamento anterior e aprendizagem contínua com a interação humana.
A doutora em inteligência artificial Virginie Mathivet faz um comparativo simples para entendermos o volume de dados disponíveis ao bot. "Tudo o que está presente hoje no Wikipedia, em todas as línguas do planeta, representa menos de 1% de todos os dados utilizados por essa tecnologia".
O fato dessa ferramenta ser a primeira a ser aberta e testada por qualquer pessoa com conexão à internet ajudou a aumentar o buzz em torno do ChatGPT.
Além disso, quando se pensa nas infinitas possibilidades de aplicação do GPT, o céu é o limite. A plataforma pode contar piadas, classificar documentos, traduzir textos, analisar dados, gerar insights para diferentes tipos de empreendimentos e por aí vai!
No entanto, a própria plataforma afirma que, por ser uma máquina, não raciocina como um ser humano. O seu banco de dados pode trazer dados imprecisos e replicar padrões insuficientes para determinadas situações.
Resposta do ChatGPT quando questionado se pode substituir o pensamento crítico de um ser humano.Fonte: ChatGPT/Captura de tela
- Conheça o novo ChatGPT: Entenda como o Auto-GPT funciona!
ChatGPT pode seguir o mesmo caminho das NFTs?
Sim, o ChatGPT pode seguir o mesmo caminho das NFTs. Mas em que sentido podemos afirmar isso? Considerando a tendência histórica global de como o ser humano cria novas tecnologias, testa incansavelmente e as insere no seu cotidiano – que muitas vezes foge do seu propósito inicial.
Para compreender melhor esse cenário, vamos relembrar o que é NFT. Esse termo é uma sigla para "non-fungible token", token não fungível em português.
Em outras palavras, NFTs são ativos digitais com registro em um blockchain que comprova a sua autenticidade. Um contrato que atesta a propriedade desse item digital na internet.
O fascínio pelos NFTs começou em 2017. O interesse pelo investimento nesse ativo digital foi crescendo entre os entusiastas do meio e alcançando o grande público, expandindo a bolha.
Celebridades internacionais passaram a se envolver no mundo cripto. Jimmy Fallon, Eminem, Snoop Dogg, Post Malone e Neymar são alguns nomes de artistas e atletas que fomentaram esse boom dos NFTs.
O menino Ney chegou a divulgar no Twitter sobre a sua compra de duas artes da coleção Bored Ape Yacht Club (BAYC) em 2022. Estima-se que o valor pago foi de R$ 6,2 milhões.
Neymar Jr e Justin Bieber divulgaram suas aquisições no mundo dos NFTs.Fonte: Twitter/Instagram
O mercado de tokens não fungíveis teve um rápido aumento de preços, impulsionado por esse interesse especulativo exagerado e com demanda excessiva. Como resultado, a "bolha dos NFTs" estourou.
Em 2022, as negociações de NFT caíram 97% em relação ao começo do ano. As coleções Bored Ape Yacht Club, Crypto Punks e Moonbirds viram seus preços mínimos recuarem em até 61,8% de agosto a outubro do mesmo ano segundo CoinGecko.
As moedas digitais perderam valor de mercado, variando negativamente em US$ 2 trilhões. Esse declínio geral dos criptoativos acompanhou a queda da bolsa de valores e as crises no setor financeiro de diversos países.
A confiança dos investidores foi abalada, que teve seu poder de compra afetado e passaram a agir com mais cautela. Projetos de jogos e metaverso que utilizam token são os que mais sentiram esse recuo.
Para o presidente da Associação Brasileira de Proteção de Dados (ABPDados), Renato Opice Blum, o período de curiosidade e retornos expressivos que atraiu capital já passou. Entramos na era da estabilização do mercado de ativos digitais.
Ao desenharmos um paralelo entre o NFT e o ChatGPT, podemos esperar algo parecido na trajetória do assistente de linguagem baseado em IA.
Podemos começar pelas discussões éticas que giram em torno de ambas tecnologias.
Enquanto questionamos qual é a relevância de um ativo digital dito exclusivo e o seu verdadeiro valor para o mercado, também começam a surgir dúvidas sobre a veracidade das informações entregues pelo ChatGPT.
Há ainda a questão de plágio em ambos os casos. O NFT pode ser copiado e apropriado indevidamente por outros usuários que não pagaram pelo seu registro.
Quanto ao modelo de linguagem da OpenAI, a ferramenta pode prejudicar o aprendizado dos alunos e burlar os mecanismos que ainda não identificam se um texto foi feito por AI.
A pouca experiência que temos com essas duas tecnologias dificulta a previsão de um futuro mais concreto. A única certeza que fica é a de que não são apenas modinha do momento.
Tanto o NFT quanto o ChatGPT ampliaram a visão humana de como solucionar problemas do dia a dia, seja na comercialização de imóveis em NFT ou utilizar o ChatGPT para diminuir a carga de trabalho operacional do profissional que poderia se dedicar a funções mais estratégicas em seus negócios.
Aparentemente, os dois fatores que mais contribuirão para os próximos capítulos do NFT e do ChatGPT são tempo e disposição para nos educarmos sobre os benefícios e perigos que essas tecnologias podem oferecer ao mundo moderno.
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