O Windows Phone vai completar 12 anos de seu "nascimento" e 5 anos de seu "falecimento" em outubro deste ano. É um ótimo momento para relembrar o sistema operacional para celulares da Microsoft, que concorria contra o Android e iOS.
Apesar de já ter morrido, o sistema conquistou uma base fiel de usuários em seu auge. Quais eram suas vantagens? E desvantagens? Por que não deu certo? Confira as respostas neste artigo relembrando a da versão para celular do Windows.
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Outubro de 2010: Nasce uma estrela
Microsoft e Apple sempre foram concorrentes históricas no segmento dos computadores. Assim, quando a Apple lançou o primeiro iPhone em 2007, a pressão caiu em cima da Microsoft para oferecer uma resposta. A empresa, no entanto, ficou atrás da Google, que chegou antes com sua alternativa, o sistema Android, em 2008.
Steve Ballmer, CEO da Microsoft na época, anuncia o Windows PhoneFonte: Tim Carmody (Wired)
O Windows Phone foi oficialmente revelado ao público em 11 de outubro de 2010, na forma do Windows Phone 7, também popularmente conhecido pela abreviação WP7. Chegando depois, a Microsoft quis se diferenciar do Android oferecendo um sistema que não era uma "versão diferente do iOS", mas algo totalmente original, com um estilo próprio.
Meia-vida: dificuldades e a compra da Nokia
O estilo do Windows Phone era baseado em "tijolos" (tiles), permitindo ao usuário organizar seus apps na forma de quadrados de diferentes tamanhos na tela. Era uma usabilidade bem diferente do iOS e do Android, algo que agradou muita gente, mas, ao mesmo tempo, incomodou quem não conseguiu se adaptar ao estilo.
Mas o maior problema que o Windows Phone enfrentava era a falta de aplicativos. Muitos desenvolvedores preferiam fazer seus apps apenas para o iOS e Android, já que eram sistemas parecidos e com uma base de usuários muito maior. Não era interessante desenvolver para um sistema que chegou depois e era bem diferente.
Até mesmo soluções populares na última década, como Instagram e Snapchat, acabaram ficando de fora do sistema da Microsoft por um bom tempo. Por causa da baixa adesão, os poucos apps que suportavam o WP também não faziam proveito de todas as possibilidades da interface de tiles.
Steve Ballmer e Stephen Elop celebram aquisição da Nokia pela MicrosoftFonte: Associated Press (via Insider)
Enquanto isso, os fãs dos celulares da Microsoft gostavam principalmente do design dos aparelhos. Tivemos Windows Phone sendo fabricados por empresas bem grandes (na época), como a HTC, que fez o HTC 7 Surround.
A Samsung também entrou na onda e fez o smartphone Omnia 7 com o sistema Windows Phone. Mas a Microsoft se aproximou especialmente da Nokia, que fez alguns dos melhores aparelhos com o WP, o que resultou na compra da fabricante finlandesa eventualmente.
Outubro de 2017: o fim do Windows Phone
A parceria da Microsoft com a Nokia e sua subsequente aquisição resultou em diversos dos aparelhos mais icônicos da história do Windows Phone, na linha Lumia. O Lumia 1020, por exemplo, tinha um módulo de câmera tão grande que nem parecia um celular quando visto de costas. Lançado em 2013, foi um dos primeiros celulares a investirem tanto no módulo de captura de imagens.
A compra da Nokia, no entanto, alienou ainda mais outras parceiras como Samsung e HTC, que já não estavam muito contentes em criar modelos de celulares que vendiam menos que suas opções Android. Com isso, o Windows Phone acabou ficando ainda mais "isolado" no mercado mobile.
Pesquisa de mercado mobile para o segundo trimestre de 2015Fonte: Gartner
A falta de aplicativos e cada vez menos opções de aparelhos foi resultando em uma morte lenta para o Windows Phone. A maior parte da mídia especializada declarou o fim do sistema ainda em 2015, quando uma pesquisa foi divulgada revelando que apenas 2,5% dos celulares no mercado naquela época usavam o sistema da Microsoft.
Mesmo com sua linha praticamente encerrada, a Microsoft não chegou a fazer uma declaração realmente oficial do fim do Windows Phone. Mas foi mais ou menos em outubro de 2017 que seus representantes começaram a falar abertamente em público como se os aparelhos tivessem sido encerrados mesmo.
Conclusão: saudades do que a gente não viveu
O Windows Phone deixou muitos fãs "órfãos" do sistema. Um dos principais atrativos do sistema sempre foi sua leveza: até os celulares mais fracos e mais acessíveis conseguiam permitir seus usuários a navegarem pela interface sem engasgos e travamentos — algo que levou um bom tempo para o Android oferecer e que o iOS nunca teve, porque não existem alternativas acessíveis para o iPhone.
Além disso, a interface e o design diferenciado dos aparelhos podiam não agradar todo mundo, mas tinha gente que gostava muito justamente pelo estilo diferente do sistema operacional.
Suposto Lumia 960, que nunca chegou a ser lançadoFonte: Hikari Calyx
Também é interessante lembrar que durante os anos que a Microsoft ficou em silêncio, sem declarar efetivamente o fim de seu sistema, surgiram diversos rumores sobre o retorno da marca. Os boatos de um novo Windows Phone, melhor do que nunca, que poderia reviver toda a família, rodaram a indústria por um bom tempo.
Sabemos que isso nunca aconteceu e até a Microsoft já deixou claro que "desistiu", pois está apostando suas fichas em integrações com o Android. Ainda assim, o Windows Phone segue como uma das tentativas mais interessantes e únicas que vimos na indústria mobile desde seu início.
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